Você Mudou a Minha Vida ✔ [Repostado]

Capítulo 10

Elisa Holz
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Ao acordar tento me acostumar com a luz branca do quarto. A dor que  eu sinto ao lado do meu corpo e na minha coluna faz com que eu me lembre do meu acidente. Eu sinto dor da cintura para cima, mas não sinto nada da cintura para baixo. 

Eu tento mexer as minhas pernas em uma tentativa em vã, eu não posso mexer as pernas e isso é desesperador.

Eu não tenho mais nada e nem ninguém, não tenho casa nem dinheiro e agora eu sou uma invalida.

Não percebi que havia começado a chorar, só notei quando escutei os meus soluços ecoarem pelo quarto silencioso. Mal notei um homem se aproximar de mim, apenas ouvi a sua voz.

- Por favor fique calma que eu vou chamar o Doutor Black.

Calma era tudo o que eu não conseguia ter, não nessa situação. A única coisa que eu tinha era dor, medo e desespero e essas três coisas tomaram conta do meu ser.

Eu não conseguia aceitar aquilo, não conseguia aceitar aquela situação. E por mais força que eu fizesse eu não conseguia mexer as minhas pernas e isso era horrível.

- Senhorita Holz? - ouço uma voz me chamar - Por favor tente se acalmar, mas tente não respirar fundo. Eu sei que é difícil nessa situação, mas a senhorita fraturou as costelas e seu lado ainda está inchado por tanto tente se acalmar, nós não queremos que a senhorita desmaie de novo.

Eu tento me acalmar, eu realmente tento mas é muito difícil.

Ouço vozes pelo quarto, mas não entendo o que elas dizem. Então sinto uma mão acariciar meus cabelos e uma voz gentil falar comigo.

- Oh querida você precisa se acalmar. - reconheço a voz, era a mesma voz que me acalmou antes - Tente se acalmar só um pouquinho. Vai ficar tudo bem.

Ela repete aquelas palavras e aos poucos eu vou me acalmando. Os soluços e as lagrimas diminuem e então abro os meus olhos, mas vejo tudo embaçado. Aos poucos minha visão volta ao normal e vejo a mesma senhora e mesmo médico de antes me olharem atentamente.

- Muito bem Elisa. Eu posso te chamar de Elisa não posso? - o médico pergunta e eu assinto - Bom Elisa eu particularmente fico feliz e surpreso por você está bem. Sabe Elisa você chegou aqui com uma grave hemorragia interna, suas costelas estavam prensando o seu pulmão e por um milagre ele não foi perfurado. Na verdade é um milagre você está viva e acordada agora.

- Um verdadeiro milagre Srta. Holz, mas a rapidez dos para-médicos e dos médicos também contribuíram para isso.

Quem fala é uma mulher alta. Ela vestia um terno marrom e logo atrás dela estava o homem que reconheci sendo o homem que chamou o doutor. Ele parecia triste e nervoso, os seus olhos não deixaram os meus.

- A proposito eu sou Vivian Johnson promotora de justiça de Nova York e estarei cuidando do seu caso.

- Do meu caso? - pergunto confusa.

- Sim o estado estará processando o Senhor Thomas Miller por danos físicos e tentativa de homicídio, já que ele assumiu o risco de matar.

- Vivian por favor, esse não é o momento. - pede o médico em um tom sério.

Thomas Miller era um nome familiar, mas eu não conseguia associá-lo a ninguém. Olho para a Promotora que parece está em um briga interna com o Doutor Black e então decido questioná-la.

- Quem é Thomas Miller? - pergunto com toda a curiosidade possível. Eu queria, queria não, eu desejava saber quem era a pessoa que havia me posto nessa condição.

A minha pergunta faz com que todos no quarto ficassem tensos. A Promotora me olha por alguns segundos como se ponderasse em me contar quem era pessoa. Seu olhar me mostrava simpatia e compreensão como se ela entendesse o que estava passando nesse momento. E com toda essa simpatia momentânea ela aponta para o homem atrás de si. 

- Esse é Thomas Miller.

- Vivian! - o médico a repreende.

Meus olhos se fixaram sobre o homem de cabeça abaixada.

- Você, você é o homem que fez isso comigo. - digo tentando me levantar, mas não obtenho sucesso - Você fez isso comigo! - aponto para as minhas pernas - Por que você fez isso comigo? - pergunto já chorando - Por quê? - ele nada responde, apenas fica ali de cabeça abaixa - POR QUÊ? - eu grito e sinto uma dor forte, porém a ignoro - Me diz.

- Porque ele falava ao telefone enquanto dirigia. - a Promotora respondeu como se tivesse cansado se todo aquele silêncio.

- Já chega Vivian. Saia agora - ordenou o médico.

- Me perdoe, eu não queria. Foi um acidente e eu sinto muito. - o homem tenta se explicar.

- Saia.  - sussurro - Saia daqui.

- Eu...

- SAI DAQUI!  - grito de novo e dor se intensifica. Sinto que respirar doí e parece que as minhas costelas estão sendo esmagadas. 

Um bipe agudo é ouvido por mim seguida pela voz do médico gritar pela enfermeira e a última coisa que eu vejo antes da escuridão me consumir de novo é o olhar de medo do homem direcionado a mim.