Você Mudou a Minha Vida ✔ [Repostado]

Epílogo

Elisa Miller

A voz de Dolly Parton soava pelo carro sendo cantada por Thomas, Ava e Alison, cantada não desafinada. 

Os três podiam ser lindos, mas eram péssimos cantores. E a prova daquilo era aquele momento em que eles tentava alcançar uma nota alta com a cantora.

Fiz uma careta ao ouvi-los desafinar e não fui a única, Adam que estava no banco de trás também fez e gemeu como se seus os ouvidos estivessem doendo. E com certeza estavam.

- Ai meu Deus, vocês são horríveis. - ele resmungou fazendo Thomas abafar uma risada.

- Não ria, ele está certo. Vocês são péssimos cantores. - falo concordando com o meu filho e as meninas protestam de forma indignada.

- Somos ótimos cantores. - Ava respondeu.

- É! - Alison concordou.

- São nada. Parecem gatos no cio. - rebateu Adam voltando a jogar seu video game portátil.

- Não é para tanto Adam, não precisa ofender os irmãos felinos do Gatinho. - comento fazendo-o rir.

- Hey isso magoou. - meu marido falou colocando uma mão no peito fazendo o seu drama.

- As duas mãos no volante Thomas. - repreendo-o fazendo-o por rapidamente a mão no volante e murmurar um desculpe.

- Hey pai, posso acampar com os meninos? - Adam perguntou fazendo-me virar a cabeça para ele que olhava o video game.

- Acampar? - questiono franzindo a testa - Desde quando vocês acampam?

- Decidimos isso semana passada, mas só lembrei agora. - falou olhando-me rapidamente.

- Isso não meio arriscado? - meu marido perguntou como se ideia fosse incomoda e não evitei a risada que dei. O tempo passava, mas Thomas não mudava.

- Temos dez anos e queremos explorar a natureza. Não vai ser perigoso. - meu filho respondeu olhando-me de forma esperançosa. Ele sabia que eu era o melhor caminho para convencer seu pai em concordar.

- O acampamento vai ser no quintal de quem? - pergunto voltando a me ajeitar no banco do carona.

- No quintal do tio Chris. Ele e o vovô Paul vão acampar com a gente. - falou animado como sempre falava quando nos contava algo que faria com os seus amigos - O Doug e o Jack já confirmaram. É obvio que o Dustin também confirmou já que o quintal é dele. E o Noah também topou. Vai ser no sábado.

- Nesse sábado? - meu marido perguntou.

- Sim. Só estávamos esperando o Noah voltar de Boston. Deixa? - perguntou esperançoso. Olhei para Thomas com um olhar de dizia deixa e ele por fim concordou.

- Tá bom. Precisa de uma barraca? - meu marido perguntou fazendo Adam sorrir de forma vitoriosa.

- Não, eu já tenho uma. Tio James me deu uma no meu último aniversário.

- Ah é mesmo.

- Já que o Adam vai acampar, posso ir na festa do pijama da Tandy e da Paloma? A Mad vai. - Ava falou animada.

- Pode sim. - Thomas respondeu - Andrea já havia me ligado e perguntado se você ia, só estava esperando você pedir.

- Esqueci.

- Vocês dois são tão esquecidos. - comento olhando para fora da janela.

- E eu? - Ally perguntou fazendo-me olhá-la. Os cabelos loiros estavam presos em uma trança embutida e os olhos castanhos olhavam-me com atenção.

- O que tem você? - pergunto voltando a olhar para janela.

- O que vou fazer? O Adam vai acampar e a Ava vai pra uma festa do pijama. O que eu vou fazer?

- Vai ficar comigo e com a mamãe. - Thomas respondeu todo babão. Ele era assim com as meninas.

- Ahh. - ela reclamou.

- Nossa obrigado pela animação. - meu marido falou de forma sarcástica um tanto quanto magoado.

- Não é que eu não te ame papai, eu te amo e te amo muito. Mas eu também queria fazer alguma coisa.

- Você vai fazer. - respondo pegando o celular - A Camille vai ficar conosco no sábado.

- Por quê? - os gêmeos perguntaram curiosos

- Porque a sua tia Danny acabou de ter um bebê e ela pediu para que a Camille ficasse com a gente.

- Ela não. O Harry. - Thomas corrigiu - Camille está esperando o David e Jerry voltarem da Inglaterra para poderem ver o irmão juntos.

- Eles só voltam na segunda. - Ava comentou - Não dá para acreditar que ela quer só ver Jimmy quando eles chegarem. Eu não iria conseguir.

- Isso é bem óbvio. - Adam alfinetou.

- Eu também quero um irmão bebê. - Alison pediu e de relance olhei para o meu marido que sorriu de forma sugestiva.

- Eu também quero. - Ava falou e o sorriso dele aumentou. Revirei os olhos antes de volta minha atenção para as duas.

- Talvez daqui a uns dez anos.

- Porque tanto tempo? - Ava perguntou chateada.

- Porque vocês quatro já me dão muito trabalho. Então é melhor esperar vocês crescerem.

- Eu adoro quando você me compara a uma criança. - meu marido falou de forma sarcástica - Mas não se preocupem meninas depois eu convenço a mamãe a ter outro bebê. E quem sabe vem um menino agora. O que acha Adam?

- Acho que gosto de ser o único menino e adoraria que continuasse assim. - ele respondeu do seu jeito desinteressado, porém atento ao assunto.

Thomas bufou e falou que aquilo era um absurdo e que agora queria um menino.

Dei um sorriso de canto e olhei para fora. Naquele momento passamos pela mesmo lugar que eu havia sido atropelada a seis anos.

Toda vez que passávamos por ali eu me lembrava do acidente. Não era algo que eu conseguisse evitar, mas era algo momentâneo.

Mas agora eu me lembrei de tudo, do medo e do desespero que senti ao não sentir as minhas pernas. Da dor constante que aquele medo me causou. De Thomas que ficou ao meu lado me ajudando e cuidando de mim. De todo o carinho que recebi dele e de sua família. Dos gêmeos me recebendo em suas vidas de braços abertos. E de como e aos poucos fui me encaixando naquela pequena família.

E olhando para trás e relembrando de tudo pelo que eu passei, percebo que não mudaria absolutamente nada.

- Está tudo bem Olívia? - meu marido perguntou assim que notou que eu estava longe.

Olho para ele que me olha brevemente com um olhar preocupado e culpado. Acho que ele havia percebido que aquele era o local do acidente e como sempre estava se culpando.

- Está sim. - garanto pegando sua mão.

Está tudo ótimo, tudo estava perfeito como deveria estar. Eu estava onde queria estar e com quem eu queria estar. Tinha tudo o que queria e ganhei tudo aquilo que não esperava ter e tudo isso graças a esse homem que por causa de uma imprudência mudou a minha vida.