Memórias não partilhadas

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[ Narrado por Lucas ]

Alexia estava ali deitada, estendida na estrada de alcatrão.

Aproximei-me dela ainda em estado de choque, sentia as minhas pernas tremerem e um suor frio percorreu a minha espinha.

- A-Alexia?- chamei de novo porém não ouve resposta vindo dela.

Cheguei perto dela com lágrimas no canto dos olhos, uma enorme onda de culpa atingiu me e fez me sentir a pior pessoa do mundo.

A mulher que conduzia saiu do carro rapidamente levando as suas mãos à boca com uma cara de chocada, retirou o telemóvel do bolso e começou a telefonar para uma ambulância, pelo menos eu acho, visivelmente em pânico.

Uns minutos depois a ambulância chegou e levou-a para o hospital, e foi aí que eu me separei dela, pois telefonaram para a minha mãe que me levou para casa super preocupada e com o coração nas mãos.

- Lucas, filho, tu estás bem?- a minha mãe perguntou em prantos após levar me para casa, e eu não consegui responder lhe pois ainda estava em choque com aquilo que estava acontecer.

- P-por favor, mãe... Eu preciso de vê-la... Ela é minha amiga e por minha culpa ela se magoou... por favor... eu quero vê-la...- imploro de lágrimas nos olhos tremendo dos pés à cabeça.

A minha mãe e a minha avó olharam para mim com dó, mas tanto elas quanto eu tínhamos a noção que não valia a pena estar a ir para o hospital, já que não nos deixariam ver a Alexia logo no dia.

Foi dormir sem jantar, sentia me frustrado e culpado por tudo o que estava a acontecer.

No dia seguinte acordei cedo, é mais uma vez pedi à minha mãe para levar me para ir ir vê-la, e assim foi.

- Não corras nos corredores, rapaz!- gritou uma enfermeira rabugenta quanto sai a correr pelos corredores à frente da minha mãe à procura do quarto em que Alexia estava.

Parei à frente da porta branca do hospital e respirei fundo, abrindo a porta sentindo o meu coração disparar de nervosismo.

Entrei no quarto branco e o mesmo tinha duas camas que eram divididas por um lençol branco que estava pendurado no teto.

Numa parte estava uma cama com uma criança que parecia ter a minha idade, a mesma estava ligada às máquinas e com uma máscara de oxigénio, admito que me fez arrepiar aquela visão.

Na outra parte estava Alexia sentada na cama a olhar para a janela, não pude evitar deixar um sorriso escapar entre o lábios juntamente com um pequeno suspiro de alegria, afinal, ela estava bem.

Quando ela notou a minha presença virou se para mim com uma expressão um tanto admirada que depois foi substituída por um sorriso tímido que me fez corar um pouco e aumentar ainda mais o meu sorriso.

- Quem és tu?- ela perguntou olhando do me com curiosidade, e foi nesse momento que o meu sorriso desapareceu em milésimos de segundos.

- O quê? Alexia sou eu o...- não consegui terminar a frase pois fui pego por um braço e levado para fora do quarto por uma mulher de cabelos vermelhos e expressão zangada.

- Foste tu o responsável pelo que aconteceu com a minha filha?- a mulher perguntou encarando-me furiosamente, aquela provavelmente era a mãe da Alexia.

- Foi um acidente...- tentei explicar, mas a mulher parecia bem queres saber os que eu estava a dizer muito menos se eu era uma criança ao não pois a mesma zangava-se comigo com eu se fosse um adulto.

A minha mãe chegou até mim, e ao ver a confusão desculpou se à mãe da Alexia e prometeu-lhe que eu nunca mais me aproximaria da filha dela, é essas palavras me partiram o coração, mas eu não podia reclamar muito menos negociar, principalmente porque a culpa tinha sido minha.

Voltei para casa pensativo é deprimido r a minha mãe beijou-me a testa antes de eu adormecer como consolo.

No dia seguinte voltei a acordar bem cedo e disse à minha mãe que iria brincar para o parque, e como sempre, a minha mãe me avisa para eu ter cuidado.

Na verdade eu não fui para o parque brincar mas sim para o hospital, eu queria vê-la, nem que fosse uma última vez.

Entrei no quarto de ontem de hospital, é claro que tive dificuldade em passar pelas pessoas de despercebido pois eu não tinha autorização de ninguém para estar ali.

Escondi me na parte de traz do lençol que dividia o quarto em dois e observei a Alexia a ler o seu livro de medicina descontraído.

- Quem és tu?- ouvi uma voz meu rouca quase muda perguntar, assustado olha para trás de olhas arregalados, era a criança de ontem e ainda estava ligado à máquina que dizia um pip infernizante.

Pôs o meu dedo indicador à frente dos meus lábios pedido lhe que não fizesse barulho.

- Eu sou o Filipe e qual é o teu nome?- ele apresentou sentando se na cama com um pouco de dificuldade e olhou me curioso de cima a baixo.

- O meu nome é Lucas, por favor não me denúncies a ninguém eu estou proibido de estar aqui, mas por minha culpa uma amiga minha ficou mal e eu só quero verificar que ela fica realmente bem até sair do hospital.- expliquei em pânico e o rapazinho escutou atentamente cada palavra que pronunciei.

- Então...- ele estendeu a mão para mim- ... vamos ser amigo...

- O que?- perguntei baralhado, afinal o que isso te a ver?

- Vamos ser amigos, assim, já tens uma desculpa para vir cá e podes ver a tua amiga às escondidas.- ele explica, ele realmente é uma pessoa estranha.

-Tudo bem, vamos ser amigo!- concordo apertando-lhe a mão e ele esboçou um brilhante e genuíno sorriso sincero que me fez sorrir também.

Mal eu sabia que eu era o seu primeiro é único amigo...

Continua...

O meu melhor amigo e euOnde histórias criam vida. Descubra agora