Não sou mãe de ninguém!

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- Lucas! O almoço já está pronto!- chamei pela milésima vez aquele anormal mas ele continuava com aquela cara de babuíno pensativo a olhar para outra dimensão onde unicórnios cagam duendes e vomitam arco-íris livremente.

Semi serrei os olhos e cheguei perto dele puxando a sua bochecha direita com força.

- Ai, aí ,aí ,aí...- Lucas choramingou resmungando e encarou-me confuso, parceria que finalmente deixou a sua dimensão alternativa.

- Já a milésima vez que te chamo, Lucas! Não sei o que se passa nessa tua cabeça mas não precisas de te preocupar com coisas desnecessárias, passado é passado, não importa pensares em merdas que aconteceram e acabaram mal porque isso não vai mudar nada!- digo séria colocando as minhas mãos na cintura numa pose de sábia e Lucas encarava-me atentamente e de seguida esboçou um grande sorriso.

- Tens razão, Alexia. Tu és um gênio!- ele falou ainda com um sorriso no rosto abraçando-me fortemente num gesto de carinho e proteção.

Fui apanhada de surpresa pelo abraço. Normalmente eu teria abraçado de volta e soltado uma pequena gargalhada envergonhada , porém desta vez foi diferente, senti um forte arrepio na espinha e rapidamente empurrei Lucas para longe.

Ele olhou-me surpreso, e para ser sincera eu estava tão ou mais surpresa que ele, fui automático, como se eu tivesse com... Medo?

- Alexia? Estás bem?- ele perguntou estranhando a minha atitude, tanto ele quanto eu sabíamos que não era normal eu ter esta reação.

- Sim, sim, eu estou bem, vamos mas é almoçar antes que a comida arrefeça!- falo esboçando um pequeno sorriso nos lábios para aliviar a tensão que surgiu no ar e para o Lucas não ficar preocupado.

Ele parecia estar desconfiado mas mesmo assim acreditou.

Fomos almoçar tranquilamente, pois o pequeno Mateus ainda estava a dormir, mas assim que acabamos de comer o mesmos começou a chorar.

- Eu vou lá busca-lo.- aviso Lucas enquanto o mesmo continuava a levantar a loiça da mesa.

Fui ao quarto do Lucas, e apesar do mesmo ser bem pequeno estava bem arrumado cheirava muito bem.

O bebê berrava tão alto que achava que ia sair dali surda.

- Prontos, prontos já passou!- digo pegando no bebê em meus braços balançando o mesmo de um lado para o outro delicadamente enquanto dava leves pancadinhas na frauda, porém o mesmos continuou com a guela aberta a berrar os meus ouvidos e ainda por cima, só para melhorar a situação, com as suas pequenas mãozinhas destruidoras agarrou me no cabelo puxando sem dó nem piedade.

- Aí seu filho de um capeta! Larga-me!- grito querendo estrangular aquela criatura, para onde foi parar o bebê fofo e sorridente de algumas horas a trás?

- O que se passa aqui?- perguntou Lucas entrando pela porta do quarto secando as mãos nas calças e teve uma bela visão de eu quase a mandar o seu priminho pela janela para ver se sabia voar.

- Foi ele que começou!- digo afastando o bebê o máximo possível de mim.

Lucas gargalhou pois eu parecia uma criança de 6 anos a culpar o irmão mais novo quando são apanhados a fazer merda pela sua mãe.

- Por que ele está a chorar?- ele perguntou pegando no bebê ao colo e ele continuava a chorar e a espreniar.

- Sei lá! Deve ter fome!- digo encolhendo os ombros, afinal eu não percebo o choro de bebés, bem que podiam inventar um tradutor ou dicionário para isso, facilitava muito a vida de muitas pessoas.

- Fome outra vez?- Lucas pergunta arqueando a sobrancelha.

- Claro! Os bebés da idade dele devem comer no mínimo de três em três horas!- afirmo procurando pela comida dele.- Receio ter de dar as más notícias, mas a comida dele acabou temos de ir comprar mais. Vai lá comprar que eu fico aqui com o bebê.

- Mas eu sei lá que comida eles comem!- Afirmou Lucas, ele realmente não sabe nada sobre bebés.

- Então temos que ir todos porque senão a casa ainda pega fogo com vocês os dois sozinhos.- digo suspirando e ato o meu cabelo num rabo de cavalo alto.

- Ei! Fala a senhora que ia mandar um bebê pela janela!- ele falou irónico com um sorriso no canto.

-Nunca ouvis-te uma música chamada " I believe I can fly" ? O Mateus acredita que consegue voar eu só lhe ia ensinar como.- digo defendendo e Lucas solta uma gargalhada alta.

-Mais nos vamos levar o bebê a berrar pela rua fora? Ainda pensam que estamos a raptar a criança.- Perguntou Lucas ainda a tentar acalmar o pequeno Mateus.

-Espera aí, tive uma ideia.- digo tirando a mala que a tia do Lucas trouxe cheia de frauda, toalhitas, chuchas e mariquises para bebés.- Quando eu era pequena o meu avô, tomava conta de mim como se fosse meu pai, e quando eu chorava ele colocava a ponta da minha chupeta no mel e dava-me e eu calava-me logo! Podemos tentar não é? Pode ser que funcione.- preponho e Lucas concorda comigo.

Fui à cozinha buscar o mel que estava guardado no armário e fui ter com o Lucas, coloquei a chucha no mel e dei ao bebê e aos poucos o mesmo acabou por se acalmar.

- Funcionou mesmo...- falou Lucas admirado olhando para o bebê que chucha a na chupeta calmamente.

- Olha só! O capeta Júnior gosta de mel!- digo com um sorriso vitorioso nos lábios.

- Vamos aproveitar que ele está calmo para ir comprar a comida para ele.- Lucas sugeriu e eu concordei com a canela levando o pote de mel comigo não fosse o mini capeta começar aos berros de novo no meio da rua.

Fomos ao super mercado que ficava a dois quilómetros da casa do Lucas comprar aquilo que era necessário, e eu expliquei tudo direitinho do que ele precisava de saber sobre bebés e ele escutou me atentamente.

Chegamos à caixa registadora para pagar tudo é uma mulher por volta dos 30 anos olhou para mim e para o Lucas e depois esboçou um sorriso, ela era uma empregada.

- Que bebê tão bonito! Tens os olhos do pai e o narizinho da mãe.- a senhora falou sorrindo, nessa altura eu propôs a hipótese de a senhora conhecer a tia e o tio do Lucas.- Como se chama o vosso bebezinho?- a senhora perguntou dando o troco a Lucas que se engasgou com o ar e corou violentamente ao ouvir tal pergunta.

A sério senhora da caixa registadora que não sei o nome? A sério mesmo? Eu nem vou comentar...

Continua

O meu melhor amigo e euOnde histórias criam vida. Descubra agora