Doze Horas

Capitulo 18

Continuava  preocupada, liguei meu celular e para variar havia umas quarentas ligações perdidas do Marco, tinha alguns recados de voz, mas eu deletei um por um, não me dei o trabalho de ouvir, tinha também uma mensagem da Raquel, dizendo para eu tomar um banho e espera-la para irmos juntas para o escritório, ela passaria aqui para me pegar as nove horas.

Olhei no relógio do celular e era quase oito horas, não daria tempo de eu ir para a academia, levantei e fui tomar meu banho, coloquei água para fazer café e entrei no chuveiro. Quando eu saí do banheiro, o café estava passado e a mesa posta. A pasta da Raquel estava sobre o sofá, fui até a varanda e ela estava sentada em uma das cadeiras, sentei em seu colo e nos beijamos sem dizer nada.

- O que você está fazendo na minha varanda?

- Majú eu não consegui pregar o olho a noite inteira pensando em você, minha ansiedade e preocupação me fizeram cair da cama logo cedo e vir te ver. Como adoro o ritual do café da manhã, vim tê-lo com você, me desculpa se passei do limite.

- Raquel eu adorei a surpresa, a casa esta cheirando café e eu adoro issos . Vou me trocar e já volto, me dá um minuto, já volto.

- Não tenha pressa, se arruma com calma, não irei a lugar algum sem você.

Eu a beijei novamente e fui para o meu quarto, encostei a porta e torci para que ela não viesse atrás de mim, ela não poderia ver as marcas roxas que ficaram em meu corpo, como também não queria que ela visse as minhas coisas ou teria que mudar meus planos e apressar tudo.

Coloquei a primeira roupa que vi no guarda roupa, penteei o cabelo, coloquei os sapatos e saí do quarto, fui até a varanda e a conduzi até a cozinha. Ela havia trazido um verdadeiro banqueta para o café da manhã, vários tipos de pães e sonho, eu adoro sonho e não sei como ela descobriu este meu gosto. Sentamo-nos a mesa e ela me serviu sem me fazer uma única pergunta. Ela me olhava com aqueles olhos que me deixam nua, pareciam ler a minha alma. Baixei os olhos toda sem jeito. Ela pouco comeu e eu devorei quase tudo.

Logo a Branca juntou-se a nós e tomou café também, ela olhava para a Raquel e ria, eu logo percebi quem havia aberto a aporta para a Raquel entrar, a cumplicidade das duas me fazia feliz.
Conversamos sobre como seria o nosso dia, cada uma falou sobre seus compromissos e descemos as três juntas. O carro da Raquel estava parado na frente do prédio e ela ofereceu carona para a Branca, mas ela não aceitou, preferiu ir de taxi. Nós duas entramos em seu carro e eu não perdi tempo, fui logo perguntando o que estava acontecendo? E o que ela queria me dizer ontem?

- Majú essa vida é incrivelmente surpreende, está é umas das grandes certeza que carrego em mim. Bom, assim que voltamos da praia na terça- feira após o feriado, tive a certeza que eu não queria voltar para aquela vida que até então era o melhor que eu poderia ter. Quando liguei o carro, fui tomada por uma certeza que me moveu a fazer o que eu deveria ter feito, na noite em que sonhei com você. Eu sentei e tive uma conversa franca e honesta com a Bia, disse que queria me separar, pois não estava mais feliz ao lado dela.

E como ela reagiu?

- Foi horrível, ela disse que eu estava mexida com a minha promoção e que não era nada disso que eu queria. Pediu desculpas pelo comportamento dela na praia diante de todos vocês, que ela era capaz de conviver com os meus amigos se isso me fizesse feliz, colocou que ela havia percebido há semanas a minha infelicidade e distanciamento da nossa relação, que as coisas estavam esfriando, mas que nos amávamos e que isso era uma fase, que não demoraria a passar como tantas outras que vivemos.

- Não acredito que ela disse isso!

- Disse que ainda me amava e que não precisava ser assim. Eu me coloquei dizendo que as coisas não andavam bem faziam muito tempo, que como ela vivia viajando, ela nem percebia que eu estava sozinha e distante, que nós vivíamos as nossas vidas separadamente, e que eu sentia falta de cumplicidade, de presença e parceria. Ela entrou em uma neurose maluca, negando todos os meus argumentos e disse que eu era uma mulher insatisfeita, que nunca nada era o suficiente, que eu nunca estava feliz com nada.