Você Não Tinha O Direito

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Lucy narrando

Me acordo por volta das nove horas, vejo que a Erza não está mais no quarto e vejo minha bolsa, já seca com minhas roupas ao lado dela.

Pego a roupa que trouxe pra mim vestir hoje e vou para banheiro.

- Hoje é o dia. - digo pra mim mesma deixando uma lágrima cair. Porque, mesmo com tantos anos passados, essa dor não diminui?

Quando saio do banheiro, já de banho tomado, vou calçar meu tênis. Daqui vou direto para algum canto, preciso me distrair.

O primo da Erza, Natsu, entra no quarto como um furacão.

- Tá doido garoto? Se eu tivesse me trocando? - digo

- Mas não tá! - diz com raiva. O que esse garoto tem?

- Mais que humor esse seu! - zombo e deixo escapar uma risada sem humor. Cara o que ele quer? Eu nem consigo pensar direito por conta das memórias vagas que estou tendo com meu pai desde que acordei.

- Humor? - da uma risada irônica - Mais irônico que esse meu riso é só você! - diz apontando pra mim - A Erza estava falando de você pra mim, e o que eu notei, é que você não passa de uma idiota, egoísta, filhinha do papai, marrenta, que só pensa em si mesma e não liga para os sentimentos dos outros! - Diz jogando todas aquelas palavras na minha cara como tijolos.

O que? Ele está com raiva e veio descontar em mim? Quem ele pensa que é?

- QUE MERDA VOCÊ ACHA QUE SABE DE MIM? Já acabou? Se sim, tchau, idiota. - digo pegando minha mochila com lágrimas nos olhos, porque diabos pensei que ele fosse legal? Eu deveria lembrar quando nos encontramos na sorveteria, porque achei que alguém mudaria com um simples passar de horas? - antes que eu pudesse sair, ele agarra meu braço e me vira para ele.

- Não, não acabei. Você vem aqui pra casa da Erza pra se hospedar, porque fica fazendo birra pro papai, e quer sair sem mais nem menos? Se eu fosse seu pai eu...

-NÃO FALE DO MEU PAI! VOCÊ NEM AO MENOS O CONHECE, ENTÃO NÃO FALE NADA SOBRE ELE! - grito e saio correndo já chorando.

- Que gritaria é essa? - pergunta Erza ao me ver - O que aconteceu Lu? - pergunta ao me ver chorar e se aproximar rapidamente de mim.

-Seu primo estupidamente idiota... - digo fungando.

- O que ele te disse? - ela pergunta afagando meu cabelo

- Ele falou sobre o papai. - digo chorando mais ainda. - Ainda dói tanto quando alguém fala dele...

- Não acredito que ele fez isso! - diz se separando de mim. - Agora eu já tenho motivos o suficiente pra matar ele, e logo hoje ele fala uma coisa dessas. - ela diz furiosa. - Me espera aqui!

- Eu já vou, não consigo ficar no mesmo ambiente que ele. - digo me levantando e impedindo que ela desse mais algum passo

- Você fica, quem vai sair vai ser ele. - ela diz e some em meio às escadas.

Escuto gritarias da Erza lá de cima.

Eu sou estúpida, uma garota estupidamente frágil. Queria estar em casa, com o conforto da Juvia e do Gray. Porque resolvi vir pra cá e deixa-los a sós quando eu sabia que hoje seria um dia difícil para mim suportar sem eles?

Os vejo descer as escadas, a Erza mais brava que nunca.

- Desculpa eu na...

- SAI AGORA NATSU! - grita Erza para o primo. - A porta bate e Erza volta a se sentar comigo no sofá.

Após um tempo me fazendo ficar mais tranquila.

- Pode me levar para casa?

- Claro que posso. Irei pegar a chave do carro, assim nós conversamos no caminho. - afirmei

Poderíamos, de fato, ter conversado no caminho, minha mente estava dividida entre conversar e me distrair e se focar apenas no meu luto, infelizmente, a segunda opção venceu. E eu apenas dizia sim ou não para suas perguntas. Com isso, chegamos em minha casa e eu me despedi dela rapidamente. Entrei e encontrei, além dos outros dois que já moram na casa, encontrei mais alguém que não via há meses.

- Lu?

- Tia? - vou até minha tia, que estava na porta da cozinha chorando com um lencinho na mão, e a abraço.

Sinto alguém me abraçando, por trás, provavelmente o Gray, Mas o ignoro e continuo ali, parada, deixando as lágrimas rolarem.

Ana Yui, era irmã do papai, minha tia. Sempre cuidou de nós dois, de mim e Gray, quando mamãe e papai, tinham que passar a noite no trabalho. Minha segunda mãe.

NaLu - Nem Sempre Cometo Erros Onde histórias criam vida. Descubra agora