Ele Merece

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- E foi isso. - Conto tudo para Juvia o que aconteceu na casa da Erza. Ela me olha com um misto de preocupação e surpresa.

- E como você está em relação a isso? - pergunta visivelmente após segurar uma de minhas mãos.

- A sabe, não vou dizer que estou normal porque não estou, mas foi bom eu não precisei socializar com aquele monstro. - digo a fazendo rir. - Espero não encontrar com ele nem tão cedo. Prefiro continuar com minha vida monótona mesmo.

- E quem não prefere nessa situação? - ela ri. - Até Juvia acharia melhor ficar só do que com esta pessoa.

- MENINAS O ALMOÇO ESTÁ NA MESA! - escutamos minha tia gritar e rapidamente ficamos em pé.

Ontem ela passou a noite aqui.

Para ser exata, ontem foi o décimo segundo aniversário de morte de meu pai. Que perdi quando tinha apenas cinco anos.

Ele voltava do trabalho em mais um dia comum.Porém, naquele dia. Ele iria me buscar para passearmos, mesmo que estivesse cansado, ele sempre cumpriacom suas promessas. Mas antes que eu ao menos pudesse vê-lo naquele dia, ele já havia morrido.

Certo que fiquei com raiva por que, pela primeira vez ele havia esquecido de mim. Eu fiz uma cartinha dizendo a ele o quanto eu estava triste por ter me esquecido.

No dia seguinte, minha mãe disse que iríamos visitá-lo e eu vi a oportunidade de entregar a carta.

Mas estranhamente fomos para um hospital, e mais uma vez não vi meu pai.

Quando soube que ele havia morrido, eu já tinha oito anos. Durante esse tempo, minha mãe apenas dizia que ele estava viajando e que talvez nunca voltasse. Nunca a culpei por amenizar as coisas e evitar que possivelmente eu sofresse com algum trauma, a única coisa que me arrependo, é de um dia ter sentido raiva de uma das pessoas que mais amei nessa vida. E desde então, convivo com a saudade a esmagar meu peito e com a tristeza do vazio que sinto.

- JÁ VAMOS! - Juvia grita, para respondê-la e só então saio dos meus devaneios e volto a dar atenção à realidade.

Vamos para a cozinha em silêncio sem falar nada sobre o que conversamos no quarto.

Almoçamos em silêncio.

Em determinado momento, apenas fui de volta para meu quarto. Minha tia já havia ido embora e eu estava cansada demais. Antes de adormecer, coisa que não faria agora, já que minha cabeça está cheia de pensamentos caóticos, alguém bateu em minha porta.

- Entra! - digo após me sentar na cama

- Lu?

- Oi, Erza - me levanto - O que faz aqui?

- Apenas uma visita noturna. - ela diz e se aproxima - Como você está? - pergunta

- Melhor, mas não tô cem por cento ainda. Espero um dia superar isso. - digo apertando o tecido de minha roupa que fica próxima ao meu coração.

- Entendi. Mas um dia passa, e se não passar, ao menos a dor vai ficar mais leve e fácil de suportar.

- Sim, você está certa.

- Agora mudando de assunto... O Natsu...

- Não quero saber daquele idiota, sério. - falo a interrompendo

- Eu sei, mas ele tá lá embaixo, veio lá de casa andando, pra te pedir desculpas. Eu dei o endereço e vim só depois, de carro.

- Por mim, se ele viesse voando e pintado de ouro eu ainda não o desculparia. Se ele quer tanto assim que eu o desculpe, que ele faça por merecer. - digo sincera - Se ele acha que é o dono da sabedoria eu irei o colocar em seu lugar.

- Farei. Só não me trate com um cachorro. - diz Natsu pondo a cabeça dentro do meu quarto e saindo logo em seguida.

- Ele estava aí desde quando? - pergunto incrédula, pois não o notei ali e nenhum momento

- Desde que eu entrei, ou vai dizer que não notou que deixei a porta meio aberta? Você sabe que sou perfeccionista quanto a portas, e eu sempre gosto de deixá-las bem fechadinhas. -diz me fazendo rir

- Sua chata! Você sabe que eu não vou desculpar ele, né? - digo. Eu realmente não gostei do que ele me disse

- Sei. Mas ele merece, ele não tinha o direito de te ofender daquela maneira.

- Sim... AH! PORQUE A VIDA É TÃO COMPLICADA? - pergunto me jogando na cama

Continuamos conversando até Juvia nos chamar para ficarmos reunidos na sala. Já que haviam pedido pizza para o "jantar".

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