Capítulo 9

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Leonna estava ainda desmaiada na cama e dormia feito uma pedra, quando escutou umas batidas na porta da sacada do seu quarto.

— Acorda, dorminhoca. – Miguel a chamava para que fossem ver o que os outros queriam.

— Já vou.

Leonna levantou e foi se arrumar. Lavou o rosto, colocou os óculos de sol para disfarçar um pouco a noite mal dormida, abriu a porta da sacada e viu todos ali na praça, esperando por ela.

— Bom dia. – Disse Leonna a Miguel.

— Boa tarde, você passou do meio dia, já são uma da tarde.

Leonna e Miguel se cumprimentaram com um beijo, se olhavam com ternura e, os outros, que observavam a tudo, acreditaram que talvez aquele fosse o gesto pelo qual esperavam, talvez ali estivesse a indicação de que Elenia estaria ao lado de Galaz novamente, e seria o início da nova fase na vida deles, onde Leonna e Miguel apagariam o que um dia foi o erro de Elenia e Galaz, e poderiam, juntos, assumir o posto que deveria ter sido dela antes da traição sofrida. Percebendo que todos a olhavam, Leonna ficou um pouco constrangida e Miguel sorriu a deixando mais tranquila.

— Você fica ainda mais linda quando está tímida. – Disse, acariciando o rosto de Leonna.

Miguel estendeu a mão à Leonna, mas ela preferiu tentar sozinha, ele desceu pela sacada e ela conseguiu acompanhá-lo, queria muito aprender e fez sem a ajuda dele.

— Agora sim. – Disse Argos.

— Para que escada, né? – Brincou Leonna.

— Leonna, você dirige? – Perguntou Bia.

— Mais ou menos, tenho habilitação, mas não sei o que é carro há muito tempo.

— Quem aqui se habilita na reciclagem?

— Eu faço isso. – Disse Miguel.

— Próxima manchete, Nefilim doida no volante mata Miguel. – Brincou Leonna.

— Você brinca, mas as notícias correm na nossa sociedade também.

— Vamos então, pessoal?

— Vamos aonde, Bia?

— Escolher um carro para você.

— Não entendo. Como podemos viver assim, em meio ao conforto, enquanto os humanos, em sua grande maioria, vivem sem o básico.

— Nossos destinos e os dos humanos são diferentes, eles foram impedidos de evoluir naturalmente, acabaram copiando alguns erros nossos, trilhando por caminhos tortos e tendo que reconstruir. Em cada passo errado que deram, mesmo sem saber, tentávamos ajudá-los e mantê-los sem interferência, travamos batalhas sangrentas em defesa deles, buscamos viver em um pedaço da sociedade que já foi nossa um dia.

— Certo! Vou seguir as regras de vocês, mas eles sofrem interferência assim mesmo, a de Marduk.

— Sim, por isso você voltou. O tempo de Marduk está no fim.

— Essa responsabilidade que eu tenho me assusta.

— Vamos. Melhor os dois irem conosco, Bia, afinal, Miguel vai ter que trazer o carro dela. – Brincou Pedro, tentando desviar o assunto.

— Sem graça. – Brincou Leonna.

— Vamos passar primeiro em Eridu? – Perguntou Miguel à Bia.

Nefilins DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora