O Assassino: Derek Overwise

Sombras do Passado - Derek.

Greengarden, 14 de Janeiro de 1979.

Após se arrumar, ele sai de seu porão vestindo um terno marrom, sapatos bem polidos e se dirige até o Grande Jardim de Greengarden e se senta no unico banquinho que tem. Ele olha o letreiro de uma loja de TV onde a propaganda anuncia um novo aparelho de TV que diz: "Para toda a família."
Família. Ah, Derek. Isso já é algo desconhecido pra você não é mesmo ? Que tal um flashback, para refrescar a memória ?

"De minha família não quero nem ouvir falar. Dane-se os valores familiares. A minha nunca teve isso"

Desvalores Familiares

Derek acabara de completar dezessete anos. O ano é 1954 e a data é 14 de Janeiro. Esta era pra ser uma data memorável, como deveria ser em todos os outros aniversários passados, porém ninguém lembrou, como fora em todos os outros aniversários desde os seu décimo segundo.
Seus pais haviam se divorciado há quatro anos e sua mãe já estava a beira da loucura. Virou uma mulher promíscua e transava com um homem diferente a cada final de semana enquanto Derek brincava com o seu irmão Scott de apenas três anos. Ele já não aguentava isso. Ele estava sozinho. Não tinha ninguém para conversar, ninguém para se distrair, a não ser o seu irmão. Ele precisava de amizades. Na escola era um problema, pois era desprezado devido às suas condições de vida, embora a família Overwise fosse, ou pelo menos já fora uma vez, bem sucedida.

Na manhã de seu aniversário, Derek está na mesa tomando o seu café que ele mesmo preparou e espera sua mãe descer do quarto. Após um tempo, o barulho lá em cima começa. Os passos se arrastam até a porta e descem pela escada. Logo, a mãe de Derek aparece com um homem logo atrás dela.

- Derek, este é Douglas.
- Ele sabe ?
- Do que ?
- Que você fode com caras diferentes todo final de semana ?
- Olha lá como fala com a sua mãe, moleque.
- Vai se foder. Você é um chifrudo e ela é uma vagabunda. Eu odeio essa casa, eu odeio essa família.
- Seu moleque indisciplinado. A vida é minha, eu faço o que eu bem entender, está ouvindo ? Você não tem o direito de falar nada. Apenas fiquei quieto e aceite. Este é o seu novo pai e não há nada que você possa fazer.

Nada podia frustrar mais o garoto do que sua mãe acabando com o dia que deveria ser o mais feliz de todos.
E aquilo era só o início.

Após a discussão Derek sai de casa com a sua bicicleta para dar uma volta pelo bairro. As casas do Conjunto Greengarden - Onde Anthony moraria mais tarde - ainda está em construção. Ele vai até casa de Lauren McCain - a garota com quem saiu há um ano, pegando o carro escondido do seu pai - e bateu a porta. Ele ouve passos se aproximarem da porta e a maçaneta mexer. A porta então abre e a Sra. Ellyna McCain é quem aparece.

- Ah, é você. Lauren não se encontra. Vá embora.
- Lauren! - Gritou Derek.
- Garoto, vá embora. Não queremos você aqui. Você é má influência para minha filha, vá antes que Wilbur chegue e lhe dê uns tapas. Não quero a doida da sua mãe fazendo escândalos na porta de minha casa.
- Mamãe ? Quem está aí ? Ouvi chamar meu nome...
- Lauren. Sou eu, Derek.
- Oi, eh...
- Diga a ele, Lauren.
- Derek, não podemos mais nos ver. Sinto muito, meu pai e minha mãe acham você uma má influência para a minha vida.
- Lauren, não. Eu sou um bom garoto. Posso provar isso.
- Vá embora, rapaz. - Uma voz grossa e uma sombra o encobriu. - Não escutou a moça ? Você não presta.

O homem então passa por Derek, envolve a garota em seus braços e fecha a porta. Derek pode ver as lágrimas descendo no rosto de Lauren por entre a brecha da porta antes de ser fechada.

- Maldição! Droga! Maldita vida!

Derek xingou o caminho todo até sua casa. Ele não tinha amigos. Seu único amigo deixou em Whitesnake - cidade onde morava antes de chegar em Greengarden - há um ano. E Lauren foi a única menina que ele conheceu. Mas como ? Vocês devem estar se perguntando. Bom, é uma boa pergunta para um outro momento.

Após chegar em casa, sua mãe estava na cozinha e o homem no sofá lendo jornal.

- O garoto voltou. - Disse o homem. Derek não responde. Ele fecha a cara e sobre para o quarto.

No quarto ele tinha alguns HQ's de Tales of Suspense, do Home de Ferro, umas do Batman e sua favorita: Tales from the Crypt. Ele - e até mesmo eu - perdeu a conta de quantas vezes ele leu a mesma Hq. Era o seu passatempo favorito. Após ler, ele as guardou em baixo do seu colchão e foi dormir. Na madrugada ele ouvia sua mãe no outro quarto com o homem que dizia ser o seu novo pai e aquilo o perturbava, já fazia um ano. E pior:

O seu aniversário, infelizmente passou em branco. Outra vez...

Um belo e pequeno presente

De volta a 1979

Derek ainda está sentado no banquinho, tendo suas lembranças, quando um barulho o tira do transe. Uma lata de lixo caira e isso tirou sua atenção. Ele vai verificar o que é e se depara com um cachorrinho a procura de comida. Um pequeno Beagle. O coitado parecia estar com frio e estava molhado. Derek o pegou, olhou-o e disse:

- Está sendo o melhor aniversário do mundo e este é o melhor presente. - Disse olhando para o cachorro - Que tal um nome, hein ? - O cachorro parece gostar de Derek - Finn, que tal ? - O cachorro late duas vezes antes de Derek falar mais alguma coisa - Sabia que ia gostar. Agora vamos, vou te levar pra casa. Gosta de dedos ? Eu tenho uma mão inteirinha só pra você.

A26

Na noite depois da noite de seu aniversário, Derek passeou com Finn pela cidade. Passando pelo Bar do Joe, a Lojinha de conveniência de Bob e então pelo Conjunto Greengarden. Ao chegar neste conjunto ele foi diretamente na casa A26 e encarou a janela da cozinha, a direita, onde estava reunida uma família. Um homem, uma mulher e um garoto. Ele ficou lá por um pouco mais de meia hora e depois disso se virou e foi embora. Tinha algo naquela casa que ele admirava tanto, pois toda vez que caminhava fazia o mesmo percurso e fazia a mesma coisa.

Mais uma noite e mais uma vez o nosso Derek fez o mesmo percurso. Ele encara a janela da cozinha e tudo mais.
A mulher, que Derek observava, estava sozinha na mesa de óculos escrevendo ou lendo alguma coisa. E então um homem chegou e a abraçou por trás seguido pelo seu filho que acabara de chegar mostrando uma revista sobre o novo Star Wars.
Pareciam uma família feliz, mas isso não deixava Derek nem um pouco feliz. Ele podia arrombar a porta e fazer um massacre, mas não. Esse não era o estilo dele. Ele era paciente. Podia esperar. Ao virar para ir embora ele olha a caixa de correio e faz um círculo com o dedo no nome que lá está escrito, sem manchar. Agora o nome estava marcado e a hora dele ia chegar. Em algum momento...

- Eu tenho em casa duas crianças mesmo ? Daniel! Anthony! O jantar está servido. Venham logo antes que esfrie.