BÔNUS

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DONNIZETE

Acordo disposto a voltar a minha rotina, tomo um banho e depois coloco uma roupa pra correr e sigo pra cozinha e encontro um Domênico com uma cara horrível.

- Pelo o jeito a conversa com a Ágata não foi das melhores. - Ele continua olhando para a xícara como se ela fosse super interessante.

- Ela me trocou. Já está com outro. - O encaro meio perdido, sei que minha amiga o ama muito.

- Como assim? Ágata é louca por você Dom. - Ele ri sem humor e se vira pra mim, mostrando um homem emocionalmente quebrado.

- Ela não me ama. Ela não consegue amar, eu fui um idiota que acreditou que ela fosse me amar. - Ele fala e sai andando em direção ao quarto.

Depois de lidar com o "sofrimento" alheio, tomei um café da manhã reforçado e estava saindo pra correr quando avistei um carro vindo em alta velocidade em direção ao parque. Apesar de ser cedo tinha algumas pessoas fazendo caminhadas ou somente olhando o lago. Mas foi nesse momento que vivenciei o carro subir na calçada e o um corpo pequeno ser arremessado a certa distância. O carro saio em disparada deixando a criança caída na calçada e quando notei estava correndo em direção à ela.

Assim que cheguei perto notei que era um menino lindo de mais ou menos 8 anos. Ele estava desacordado e sangrava muito, senti como se alguém tivesse perfurado o meu coração em vê-lo naqueles estado. As pessoas gritavam dizendo que tinham chamado a ambulância mas eu não queria esperar. O peguei em meus braços e por sorte estava passando um táxi do qual praticamente me joguei na frente implorando que nos levasse ao hospital.

- Para o hospital mais próximo. - Grito para o motorista que vai o mais rápido que pode.

- Quem fez isso com o menino rapaz?

- Eu não sei. Ele foi atropelado na minha frente eu só quero que ele saia dessa. - Observo o menino em meu colo o sentimento que invade quando olho para ele é intenso mas não tenho muito tempo pra pensar nisso pois logo o motorista estaciona em frente ao hospital e saio correndo.

- Eu preciso de ajuda! Alguém? - Grito e vejo enfermeiras aparecerem com uma maca. Deito o menino ali e antes que elas o levem susurro em seu ouvido. " Fique bem campeão, Eu quero te conhecer e ver se você tem um sorriso tão lindo quanto eu imagino"

Depois que o levaram fiquei sentado na recepção vendo tantas famílias preocupadas com seus familiares e só agora me dou conta de que não conheço aquele garoto e nem reparei se tinha alguém com ele.

Assim que percebo que não sei nada sobre o garoto escuto gritos vindo da entrada do hospital e não estava preparado para o que estava vendo.

A pessoa que gritava desesperada era a Bianca.

- Eu quero ver o meu filho! Aonde ele está? - filho? Ela teve um filho.

Noto que uma enfermeira aparece e conversa com ela e seu choro aumenta. A enfermeira vira e aponta pra mim então seus olhos me encaram e todas as sensações que Eu tinha por ela  parece voltar com força total.

Ela me encara alguns segundo antes de se aproximar depressa me surpreendendo com um abraço que eu retribui meio sem jeito.

- Obrigada! Você o salvou! Obrigada! - Ela repetia essas palavras e agora sei que o garoto que salvei era filho dela.

- Ah... não precisa me agradecer eu só fiz o que tinha que ser feito. - Ela me solta e seus olhos vão direto pra minha camisa e ela leva as mãos boca chorando.

- Esse... sangue... é do meu bebê... - Eu a puxei para os meus braços e a envolvi em um abraço enquanto ela chorava.

- Ele vai ficar bem.

Depois de 4 horas sentados aqui a  espera de uma informação, vejo o médico se aproximar com uma expressão cansada no rosto.

- Responsáveis por... - Ele olha a ficha que a Bianca preencheu depois que conseguiu se acalmar. - Rafael Marques Andreazi ?

- Eu sou a mãe.

- Certo senhora, o seu filho teve hemorragia interna mas conseguimos conter, mas ele precisará de uma transfusão de sangue o que nesse momento é fundamental. Porém estamos com falta de Sangue do tipo O negativo. Gostaria de saber se tem alguém da família que possa ser doador. - O médico diz sério e ela suspira fundo antes de me encarar e as lágrimas cairem por seu rosto.

- Donnizete? Salva ele, salve o nosso filho. - O mundo parou e nesse momento eu não sei como reagir as lágrimas escorrem do meu rosto e ainda não sei se de alívio por saber que meu filho está vivo ou se estou chorando por descobrir que a mulher que eu tanto amo foi capaz de esconder algo assim de mim.

- Senhor? - O médico me chama e respondo de maneira automática. - O senhor quer ser o doador?

- Não posso doar.

'-'
Eita

MINHAOnde histórias criam vida. Descubra agora