POR FAVOR ACORDA

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ÁGATA

Eu não consigo acreditar no que meu pai diz, isso só pode ser uma brincadeira de mal gosto.

- Papai, não brinque assim. - O pensamento de perder o Domênico é doloroso demais, eu não sei o que seria de mim sem ele.

- Eu adoraria que fosse uma brincadeira mas não é, viemos te visitar quando o telefone tocou, eu atendi e me perguntaram pela a esposa de Domênico Campiozanati, ela me informou o ocorrido, por isso liguei para o Donni te trazer pra cá. Já comprei às passagens, sua mãe fez a mala. - Ele fala e fala e não consigo prestar atenção em nada. Eu so quero ver o meu marido. Vejo a mala na sala e corro para o aeroporto. Meus pais vão comigo e o Donni.

Durante toda viagem eu só consigo orar pedindo a Deus que o Dom fique bem logo. Assim que pousamos no aeroporto pedi para que fossemos direto para o hospital. Quanto mais perto ficava do hospital mais o meu coração se apertava, o silêncio no carro estava deixando o clima ainda mais pesado.

Chegamos ao hospital e senti minhas pernas falharem por um momento, pedi mais uma vez que ele estivesse bem e fui até a recepção.

- Oi, gostaria de informações sobre o meu marido Domênico Alecsander Campiozanati. - A moça assente e digita algo no computador. Ela me olha por um breve momento antes de me dizer aonde ele está e é como se ela estivesse tentando me consolar com olhar.

- Ele está em cirurgia. Mas vocês que são da família podem ficar na sala de espera no quinto andar. - Saio de lá sem me despedir e vou direto para o elevador. A cada andar sinto como se tudo fosse ruir a qualquer momento. Passo a mão por minha barriga e choro baixinho pedindo a Deus que nossos filhos tenham o pai com eles.

O elevador para no quinto andar e me esforço pra sair de dentro dele. A sala silenciosa me deixa ainda mais desconfortável. Tem duas moças sentadas distante, provavelmente esperando notícias de algum parente. Ando até a outra recepcionista que me diz que ele ainda está em cirurgia e que assim que possível o médico vem falar comigo.

Duas horas esperando e nem uma informação sobre o estado do Dom, e já estou mais do que preocupada, já importunei a vida da recepcionista que insiste em me dizer que não tem nenhuma noticia sobre o estado do Dom. Fico em silêncio e começo a recordar sobre tudo que passamos até aqui, e sinto a dor se intensificar quando lembro de tudo. Sinto alguém alisar meu braço e vejo Donni com uma expressão cansada como a minha, ele me indica com a cabeça um médico que está falando com a recepcionista que aponta em nossa direção e sinto que meu coração pode falhar a qualquer momento. Que ele esteja bem, por favor esteja vivo. 

- Familiares de Domênico Alecsander? - Levantamos os quatro e nesse mesmo instante os pais de Dom chega junto com a minha cunhada. A dor nos olhos deles está tão visível quanto a minha. 

- Somos nós. - Falo ao médico.

- Ele sofreu um atropelamento como vocês já devem saber, o impacto foi de uma força grande. Ele está bem e estável nesse momento. - O suspiro de alivio é instantâneo de todos nós. - Mas ele teve múltiplas fraturas, pernas, braços e na costela. Ele está em coma induzido nesse momento por causa de um grande inchaço que se formou no cérebro devido a pancada. - Sinto minhas pernas falharem e Donni me segura firmemente. 

- Mas ele vai ficar bem não vai Doutor? - A voz da irmã de Dom é chorosa.

- Não vou garantir. O estado dele ainda é grave, e só vai depender dele agora, mas ele é forte. Não vamos pensar o pior nesse momento. - Ele se despede e sai dizendo que depois uma enfermeira vem nos informar quando poderemos visitá-lo. 

O silêncio é mortal entre todos, nenhuma palavra, cada um com a sua dor. Agradeço por ele está vivo e continuo a orar em silêncio para que ele fique bem e volte logo para nós. Depois de um certo tempo uma enfermeira veio avisar que estava liberado ir vê-lo. Deixei que todos fossem primeiro, minha sogra saiu de lá desolada assim como todos que entraram. Enfim chegou a minha vez e cada passo que dava até a UTI sentia como se meu mundo acabasse, e foi quase quando a enfermeira me disse que poderia entrar. Lá estava o homem da minha vida deitado em uma cama de hospital cheio de tudos e fios, seu lindo rosto estava com hematomas como o restante que ficava visível aos olhos já que o lençol cobria boa parte do seu corpo. Ver ele ali daquele jeito fez com que o choro que tanto queria segurar saísse. Beijei seu rosto e sentei em uma cadeira ao seu lado, sabia que não poderia ficar muito tempo então segurei firme em sua mão e sussurrei baixinho. "Por favor acorda, nós te amamos e precisamos de você meu amor"

Oi!

Estamos chegando ao fim.... 

Beijos!!

MINHAOnde histórias criam vida. Descubra agora