Assim que chegamos em casa Sasha ficou sentada no sofá da sala paralizada, não ligou a TV ou pegou o celular. Sentei-me com ela para saber o que acontecia.
- Filha!
- Ele e o meu pai.
Quando seu olhar pousou em mim ao terminar de dizer essas simples palavras eu me assustei. Tentei olhar para todas as direções procurando forças e sabedoria.
Queria que esse dia nunca chegasse!
- É mais complacado que parece.
- Me explique.
Sasha só tem dez anos, mais para uma menina da sua idade ela e esperta.
- Sim, era o seu pai!
- CARAMBA!
Ela salta do sófa cheia de emoção, anda de um lado para o outro sorrindo ainda digerindo tal revelação.
- Ele não sabe sobre você querida.
- Por quê? - ela para me encarando, seu olhar queria respostas e as queria agora.
Fiz sinal para ela voltar a se sentar, levantei e fui ao seu quarto buscar o álbum de fotos. Retornei para sala e abri em meu colo, Sasha se aninhou ao meu lado.
Era agora ou nunca, sem mais mentiras e segredos.
- Quando descobri que estava gravida seu pai, Steven Wood entrou para o exército.
- Por quê?
- Nunca soube e achei melhor não saber. Por muitas vezes queria ter mandado uma carta, mas nunca consegui.
- Ele te mandava cartas?
- Nunca mandou nenhuma.
- Ele está muito diferente agora!
Sasha acaricia a foto dele que tirei num momento onde nada mais importava, se não aquele onde os dois estavam juntos e apaixonados.
- Verdade, ele mudou muito daquela época pra cá.
- O quê ele fazia no seu trabalho?
- Ele e o mestre da obra na nossa casa.
- Só me toquei quem era ele quando foi embora, o sorriso lhe entregou.
Observo a foto que estamos juntos, deitadoa na grama verdinha um olhando para o outro. Uma lágrima escorre pelo meu rosto, sinto a mão de Sasha limpa-lá.
- Algumas coisas nunca mudam.
- Mãe, posso fazer uma pergunta?
- Claro amor!
- Você ainda o ama?
Encaro a foto e depois o rosto de minha filha, essa era uma pergunta que me faço a anos.
- Sempre amei.
- Obrigada por contar a verdade!
- Saiba que fiz o que achei certo para você e para mim, você tinha uma imagem de um pai, sem nome e sobrenome. Mas tinha!
- Não estou triste ou com raiva, na verdade me sinto feliz em saber seu nome por fim, feliz por ao menos saber quem e o meu pai mesmo que ele não saiba de mim.
Abracei forte minha pequena e ficamos assim até ela pegar no sono.
(....)
Algumas semanas mais tarde
Tudo embalado e malas prontas, dirigimos por alguns minutos até a casa nova. Semana passada tinham instalados todos os móveis, Justin e Clara me ajudaram na organização.
Felizmente só faltou algumas coisas não tão pesadas e que apenas eu e minha filha daremos conta.
Estacionei na garagem do lado de fora, descemos e Sasha ficou deslumbrada com a casa de imediato correndo para lá e pra cá empolgada.
- Posso te ajudar?
Estava ainda na porta carregando uma caixa um pouco pesada quando a voz de Steven soou atrás de mim.
Virei-me para ele que tinha um sorriso mediano nos lábios e seus olhos me encaravam.
- Obrigada!
Agradecida pedi para colocar a caixa na sala de estar, aproveitei sua ajuda e fomos levando as coisas para cada canto da casa.
Sasha volta do segundo andar toda sorridente, ao notar Steven ela trava.
- Oi, Sasha!
- Vá pegar suas coisas no carro mocinha.
Intervenho e ela logo some, peço desculpas e vamos para o quintal.
- Fez uma boa escolha! - ele comenta admirando o quintal.
- Uma boa escolha de poucas que fiz até hoje.
- Como assim?
- Aceita uma limonada, refrigerante, água ou cerveja?
- Não, obrigada. Na verdade, não vim tomar seu tempo. Preciso estar em outro lugar, mas obrigada e foi um prazer fazer negócios com você.
Ao apertamos as mãos, aquela energia ainda está presente e isso me deixa sem palavras ou ação.
Steven fecha o espaço entre nós ainda segurando minha mão firme, respiro sentindo seu perfume, fecho os olhos com aquele aroma envolvente quando sinto sua boca na minha logo em seguida.
Era molhado e bom. Retribui na mesma intensidade, mas não demorou muito. Steven logo interrompe o beijo, estamos ofegando quando ele se afasta de mim deixando-me confusa.
- Não devia ter feito isso, me desculpe.
Ele sai as pressas pela lateral da casa, continuo imóvel quando Sasha aparece.
- Mãe?
- Vá tomar um banho pro jantar amor.
(.....)
Depois de pedirmos uma pizza, coloquei Sasha na cama dando um beijo de boa noite como de costume.
- Está tudo bem mãe?
- Por quê pergunta querida?
- Você ficou meio desligada depois da visita do Steven.
- Estou sim amor, agora trate de dormir mocinha!
Beijo sua testa e ela sorri.
- Eu te amo mãe.
- Eu te amo mil vezes mais filha.
Deixo um frecho da porta aberto, vou para meu quarto onde visto minha camisola de seda, solto o cabelo e sento na cama observando cada canto do quarto.
O beijo ainda era tão presente, passei os dedos nos lábios fechando os olhos e chorei.
Abracei o travesseiro deitando, as lágrimas escorrendo e as lembranças voltando atona. Tudo que lutei para permanecer adormecido estava despertando com força e não conseguia suportar.
Peguei o celular sobre o criado-mudo e liguei de imediato para Henri, ele sempre foi como um segundo pai para mim desde que sai de casa para ter minha filha e terminar os estudos.
- Alô!
- Henri, eu sinto muito de verdade por tudo. Não consigo suportar essa dor que está me consumindo, olhar nos olhos dele me faz lembrar de uma época tão linda e triste.
- Não e o melhor momento querida.
- Pai, quem é?
- Steven?
Escuto o fim da ligação, era ele que estava no fundo junto de uma risada de mulher. Jogo o celular numa direção qualquer do quarto, abraço forte o travesseiro e continuo a chorar.
Quando terei paz em meu coração?
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Segunda Chance - SÉRIE GIRL'S 11 (CONCLUÍDO)
ChickLitDécimo Primeiro livro da série GIRL'S para te fazer chorar. Com o casal Aluanna e Steven. Não plagie e crime.