Capítulo Vinte e três

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Assim que chegamos em casa Sasha ficou sentada no sofá da sala paralizada, não ligou a TV ou pegou o celular. Sentei-me com ela para saber o que acontecia.

- Filha!

- Ele e o meu pai.

Quando seu olhar pousou em mim ao terminar de dizer essas simples palavras eu me assustei. Tentei olhar para todas as direções procurando forças e sabedoria.

Queria que esse dia nunca chegasse!

- É mais complacado que parece.

- Me explique.

Sasha só tem dez anos, mais para uma menina da sua idade ela e esperta.

- Sim, era o seu pai!

- CARAMBA!

Ela salta do sófa cheia de emoção, anda de um lado para o outro sorrindo ainda digerindo tal revelação.

- Ele não sabe sobre você querida.

- Por quê? - ela para me encarando, seu olhar queria respostas e as queria agora.

Fiz sinal para ela voltar a se sentar, levantei e fui ao seu quarto buscar o álbum de fotos. Retornei para sala e abri em meu colo, Sasha se aninhou ao meu lado.

Era agora ou nunca, sem mais mentiras e segredos.

- Quando descobri que estava gravida seu pai, Steven Wood entrou para o exército.

- Por quê?

- Nunca soube e achei melhor não saber. Por muitas vezes queria ter mandado uma carta, mas nunca consegui.

- Ele te mandava cartas?

- Nunca mandou nenhuma.

- Ele está muito diferente agora!

Sasha acaricia a foto dele que tirei num momento onde nada mais importava, se não aquele onde os dois estavam juntos e apaixonados.

- Verdade, ele mudou muito daquela época pra cá.

- O quê ele fazia no seu trabalho?

- Ele e o mestre da obra na nossa casa.

- Só me toquei quem era ele quando foi embora, o sorriso lhe entregou.

Observo a foto que estamos juntos, deitadoa na grama verdinha um olhando para o outro. Uma lágrima escorre pelo meu rosto, sinto a mão de Sasha limpa-lá.

- Algumas coisas nunca mudam.

- Mãe, posso fazer uma pergunta?

- Claro amor!

- Você ainda o ama?

Encaro a foto e depois o rosto de minha filha, essa era uma pergunta que me faço a anos.

- Sempre amei.

- Obrigada por contar a verdade!

- Saiba que fiz o que achei certo para você e para mim, você tinha uma imagem de um pai, sem nome e sobrenome. Mas tinha!

- Não estou triste ou com raiva, na verdade me sinto feliz em saber seu nome por fim, feliz por ao menos saber quem e o meu pai mesmo que ele não saiba de mim.

Abracei forte minha pequena e ficamos assim até ela pegar no sono.

(....)

Algumas semanas mais tarde

Tudo embalado e malas prontas, dirigimos por alguns minutos até a casa nova. Semana passada tinham instalados todos os móveis, Justin e Clara me ajudaram na organização.

Felizmente só faltou algumas coisas não tão pesadas e que apenas eu e minha filha daremos conta.

Estacionei na garagem do lado de fora, descemos e Sasha ficou deslumbrada com a casa de imediato correndo para lá e pra cá empolgada.

- Posso te ajudar?

Estava ainda na porta carregando uma caixa um pouco pesada quando a voz de Steven soou atrás de mim.

Virei-me para ele que tinha um sorriso mediano nos lábios e seus olhos me encaravam.

- Obrigada!

Agradecida pedi para colocar a caixa na sala de estar, aproveitei sua ajuda e fomos levando as coisas para cada canto da casa.

Sasha volta do segundo andar toda sorridente, ao notar Steven ela trava.

- Oi, Sasha!

- Vá pegar suas coisas no carro mocinha.

Intervenho e ela logo some, peço desculpas e vamos para o quintal.

- Fez uma boa escolha! - ele comenta admirando o quintal.

- Uma boa escolha de poucas que fiz até hoje.

- Como assim?

- Aceita uma limonada, refrigerante, água ou cerveja?

- Não, obrigada. Na verdade, não vim tomar seu tempo. Preciso estar em outro lugar, mas obrigada e foi um prazer fazer negócios com você.

Ao apertamos as mãos, aquela energia ainda está presente e isso me deixa sem palavras ou ação.

Steven fecha o espaço entre nós ainda segurando minha mão firme, respiro sentindo seu perfume, fecho os olhos com aquele aroma envolvente quando sinto sua boca na minha logo em seguida.

Era molhado e bom. Retribui na mesma intensidade, mas não demorou muito. Steven logo interrompe o beijo, estamos ofegando quando ele se afasta de mim deixando-me confusa.

- Não devia ter feito isso, me desculpe.

Ele sai as pressas pela lateral da casa, continuo imóvel quando Sasha aparece.

- Mãe?

- Vá tomar um banho pro jantar amor.

(.....)

Depois de pedirmos uma pizza, coloquei Sasha na cama dando um beijo de boa noite como de costume.

- Está tudo bem mãe?

- Por quê pergunta querida?

- Você ficou meio desligada depois da visita do Steven.

- Estou sim amor, agora trate de dormir mocinha!

Beijo sua testa e ela sorri.

- Eu te amo mãe.

- Eu te amo mil vezes mais filha.

Deixo um frecho da porta aberto, vou para meu quarto onde visto minha camisola de seda, solto o cabelo e sento na cama observando cada canto do quarto.

O beijo ainda era tão presente, passei os dedos nos lábios fechando os olhos e chorei.

Abracei o travesseiro deitando, as lágrimas escorrendo e as lembranças voltando atona. Tudo que lutei para permanecer adormecido estava despertando com força e não conseguia suportar.

Peguei o celular sobre o criado-mudo e liguei de imediato para Henri, ele sempre foi como um segundo pai para mim desde que sai de casa para ter minha filha e terminar os estudos.

- Alô!

- Henri, eu sinto muito de verdade por tudo. Não consigo suportar essa dor que está me consumindo, olhar nos olhos dele me faz lembrar de uma época tão linda e triste.

- Não e o melhor momento querida.

- Pai, quem é?

- Steven?

Escuto o fim da ligação, era ele que estava no fundo junto de uma risada de mulher. Jogo o celular numa direção qualquer do quarto, abraço forte o travesseiro e continuo a chorar.

Quando terei paz em meu coração?

Segunda Chance - SÉRIE GIRL'S 11 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora