PLEASURE |H.S| [Hiatus]

17

Estava sentada na varanda do quarto de Harry observando o céu se transformar em um mar cinza escuro, as nuvens carregadas deixavam o cenário um tanto sombrio enquanto eu abraçava meu corpo coberto por uma blusa vermelha xadrez de Harry e um short de baby doll rosa.

Harry esteve ocupado por algum tempo no escritório resolvendo algo que o estressou em um telefonema no meio do segundo filme que estavamos vendo.

Ele saiu sem me falar o que havia acontecido de tão importante para tirar toda sua calma, eu o perguntei três vezes e ele continuou calado olhando para o telefone, na terceira vez ele se levantou bruscamente e correu ate o escritório fechando a porta fortemente fazendo o barulhos soar por toda casa.

Pouco a pouco o silêncio foi se tornando insuportável, o vazio que sua ausência causava em mim me deixava tonta.

Estava acostumada com sua voz constantemente a sussurrar em meus ouvidos, seu sotaque carregado que fica tão bem quando ele desliza as palavras lentamente por sua boca.

Eu não gostava do silêncio, eu costumava pensar que se há silêncio ou algo muito bom irá acontecer, ou algo muito ruim. E na maioria das vezes eram as ruins que aconteciam.

E eu percebo agora que eu pareço sempre tão dependente dele, de seus atos, de suas caricias e qualquer outra coisa que desperte o melhor lado do meu ser.

Que me faça ser eu mesma, sem inibições, sem contextos, regras, sem pudor. Eu poderia ser quem eu quisesse quando estou com ele, e isso é tão bom.

Desejei que ele estivesse comigo novamente, ao invés de estar naquele escritório resolvendo qualquer coisa. E alguns minutos depois meu desejo se tornou realidade quando ele abriu a porta e adentrou o quarto.

Seus cabelos recentemente cortados estavam uma bagunça em sua cabeça, seus olhos um tanto desnorteados enquanto ele tragava um cigarro em seus lábios. Eu o encarava descaradamente enquanto ele procurava algo em seu criado mudo, quando seus olhos verdes vierem em minha direção eu desviei bruscamente.

- Pensei que não sairia mais do escritório.
Falei olhando o orizonte de tom grafite e as imagens borradas dos carros atravessando as ruas.

Ele pigarreou fortemente atrás de mim, e pelo canto do olho o observei colocar seu cigarro apoiado no cinzeiro de vidro.

- Tive que resolver alguns negócios.
Respondeu a minha constatação de modo rápido, seu tom de voz era carregado de cansaço.

Sem dizer nenhuma palavra me levantei, andei levemente sobre meus calcanhares até chegar em seu corpo, seus olhos me encaravam em questionamento, peguei o cigarro na ponta dos meus dedos e levei até a boca tragando uma vez sentido a fumaça se instalar em meu interior e em seguida expulsa-la pelo meu nariz.

- Não quero que você se vicie nessas coisas.
Seu tom de voz foi duro e seu olhar parecia que a cada segundo poderia arrancar o mesmo dos meus lábios.

Apoiei todo peso do meu corpo na ponta dos meus dedos para somente igualar nossa altura e poder entrelaçar meus braços em seu pescoço deixando nossos rostos próximos.

- O que você está tentando fazer?
Perguntou olhando profundamente em meus olhos, sua respiração quente batia em minha bochecha esquerda me deixando extasiada.

Nem eu mesma sabia o que estava fazendo, na verdade eu nunca sei o que faço quando estou com ele, quando eu vejo simplesmente acontece.

- Eu não sei.
Murmurei com meus olhos fechados constatando toda minha irracionalidade diante dele.

Traguei o cigarro novamente, o gosto a cada segundo se intensificava em minha língua e então coloquei ele novamente no cinzeiro.

Suas mãos que estavam paradas ao lado de seu corpo deslizaram até meu quadril, em um impulso ele me levantou em seu colo me fazendo arfar, seus lábios se entre abriram deixando a visão de sua face tão bela.