Capítulo 14 - Recomeçar

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A cidade estava ainda mais bonita que antes e de longe Miguel avistou o castelo, lembrou dos dias que ficava ali observando tudo pela janela desde o movimento das pessoas até a inclinação da luz do sol. Sentiu o cheiro das flores que surgiam junto a brisa como se estivesse lá neste momento, desse modo percebeu o quanto sentia falta das coisas pequenas que viver neste lugar o oferecia, porém, sua vida estava em outro lugar e o mesmo precisava mais que tudo sair dali com sua amada. Um homem aproximou-se devagar colocando a mão sob o ombro do jovem rapaz o assustando. Ao virar Miguel reconheceu o rosto do irmão afirmando enquanto o abraça:

— Que bom te ver novamente Arthur, como vai?

— Em conflito com o nosso irmão como sempre. Está na cara que aquela noiva dele o odeia e Heitor insiste em obrigá-la a casar com ele, Elis é uma moça tão legal gostei dela. Afirmou Arthur em desabafo.

— Meu irmão se eu te contar algo sério você promete guardar segredo e me ajudar? Perguntou Miguel seriamente.

— Sempre fomos amigos e guardamos os segredos um do outro. Não será diferente agora. Respondeu Arthur.

— Então, Elis na verdade é a minha noiva, nós namorávamos lá em Londres temos compromisso há dois anos, mas quando ela precisou voltar para cá por causa do avô não pude acompanha-la e deu nisso. Vincent ficou louco depois da morte do pai acha que tem que cumprir tudo que é preciso pelo tempo que ficou longe do Mullikan. Por isso, irei fugir com Elis, mas preciso de ajuda, posso contar com você.

— E você ainda duvida, mas é claro sempre fizemos tudo juntos não seria agora que viraria as costas.

O do plano de Miguel era simples, fugiriam no meio da noite utilizando uma carruagem até a cidade mais próxima, de lá pegariam outra para Londres. Era um tanto arriscado, pois teriam que viajar sozinhos pela floresta de Vastre, um lugar repleto de nevoeiro e bastante escuro, porém era o único jeito por lá seria difícil encontra-los.

— Meu irmão, entendeu meu plano? Preciso que leve a carruagem até a entrada da floresta. Sairemos a cavalo porque faz menos barulho. Exclamou Miguel confiante.

— Compreendi, farei tudo como combinado. Sempre pode contar comigo para qualquer coisa.

Enquanto, isso Elis estava no castelo dos Ulric sendo forçada a escolher a decoração e comida da sua festa de casamento. Obviamente, que era apenas um enfeite Heitor escolheu tudo sem ao menos perguntar a ela. Aquela tarde estava sendo a mais entediante para a jovem garota que sempre teve domínio da própria vida e rompia paradigmas sociais. Após acabar aquele tormento, Elis tentou retirar-se, no entanto, Heitor a agarrou pelo braço de forma ríspida afirmando:

— Onde você acha que vai? Será a minha esposa, deve me respeitar e obedecer.

— Posso até entrar naquela igreja, mas nunca terá meu coração, pessoas indignas como você me dão repulsa, nunca permitirei que me toque. Esbravejou Elis.

— Você acha que não notei o jeito que olhou para o meu irmãozinho. Não me fará de trouxa, será minha a qualquer custo, na hora que descermos daquele altar semana que vem a possuirei nem que seja a força. Afirmou Heitor beijando a garota de olhos verdes.

— Me solte! Tenho nojo de você, pois irá me encontrar sem nenhum sangue nas veias, prefiro a morte. Respaldou Elis limpando os lábios indo embora rapidamente.

Logo anoiteceu, o jovem de olhos azuis esperou todos da casa da sua amada recolherem-se, o mesmo precisava explicar tudo detalhadamente a Elis para que nada desse errado. Como da última vez escalou e entrou pela janela. A moça já estava em pá a espera do amado, ao vê-lo jogou-se em seus braços em lágrimas o seu desespero o assustou o fazendo perguntar imediatamente:

— O que foi meu amor, me diz o que tens? Está me deixando nervoso.

— Miguel, por favor! Vamos fugir agora não posso ser de Heitor se isso acontecer será a morte para mim. Perdoe-me que é seu irmão, mas tenho asco dele. Exclamou Elis desesperada.

— Isso não vai acontecer meu amor, hoje não dá, precisamos fazer isso direitinho vou te explicar todo o meu plano. Disse Miguel tentando acalmar a jovem.

— Que bom! Então, amanhã meu tormento acaba. Aliviou-se Elis pela boa notícia.

— Tudo certo, agora partirei. Amanhã nos veremos. Falou Miguel despedindo-se da amada.

— Não vá, fique aqui comigo por esta noite. Pediu a moça de cabelos negros.

— Tens realmente certeza disso? Perguntou o jovem de olhos azuis.

— Como nunca tive em toda a minha vida. Se por ventura algo dê errado amanhã, aceitarei meu destino feliz, pois antes de qualquer um foi primeiramente daquele que amo. Afirmou Elis com bastante firmeza.

O jovem Miguel aceitou o pedido de Elis resolvendo ficar. Agora, ambos estavam sob a mesma cama um do lado do direito e outro do esquerdo. Apenas entreolhavam-se sorrindo, pois nenhum tinha ideia do que fazer.

O dia amanheceu o sol entrava pela janela fortemente o casal dormia abraçado tão solenemente que não notaram o tempo passando. Contudo, batidas na porta os acordou subitamente uma voz de mulher ecoo no quarto.

— O que faremos agora? Já amanheceu não podíamos ter dormido tanto. Exclamou Elis assustada.

— Calma minha vida, eu vou esconder-me em baixo da cama e você abre a recebi está bem? Refutou Miguel vestindo-se rápido enquanto Elis foi abrir a porta.

— Que estranho à senhorita não costuma dormir até tão tarde. Mas, vamos aos deveres, hoje após o almoço fará a prova do vestido de noiva. Falou a governanta indo arrumar a cama.

— Não, espere deixe que eu cuide de tudo hoje estou com vontade de fazer alguma coisa. Afirmou Elis juntando os cobertores.

— Está bem! Que camisa é está? É de homem desde quando usa esses trajes. Indagou a mulher desconfiada.

— Pode perguntar a meu pai. Quando estava em Londres vestia calças ia para academia de letras, era uma mulher de verdade não agora empacotada nestas roupas quentes e incomodas. Refutou Elis sabiamente.

A governanta deixou de lado retirando-se do quarto com a camisa dizendo que aquele não era trajes de uma dama. Miguel saiu de onde estava rapidamente nervoso.

— Nossa! Quase fomos pegos. Mas, valeu a pena você me fez homem de verdade agora somos como um. Disse Miguel contente.

— Agora vá se formos pegos será o fim de nossos planos. Espere, nunca esqueça esta noite. Falou Elis um pouco envergonhada.

— Você é a minha alegria de viver, nunca irei te esquecer nem que séculos passem. Tenho que ir, nos veremos a noite, iremos recomeçar. Afirmou Miguel descendo pela janela.


Lágrimas da FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora