A cidade estava ainda mais bonita que antes e de longe Miguel avistou o castelo, lembrou dos dias que ficava ali observando tudo pela janela desde o movimento das pessoas até a inclinação da luz do sol. Sentiu o cheiro das flores que surgiam junto a brisa como se estivesse lá neste momento, desse modo percebeu o quanto sentia falta das coisas pequenas que viver neste lugar o oferecia, porém, sua vida estava em outro lugar e o mesmo precisava mais que tudo sair dali com sua amada. Um homem aproximou-se devagar colocando a mão sob o ombro do jovem rapaz o assustando. Ao virar Miguel reconheceu o rosto do irmão afirmando enquanto o abraça:
— Que bom te ver novamente Arthur, como vai?
— Em conflito com o nosso irmão como sempre. Está na cara que aquela noiva dele o odeia e Heitor insiste em obrigá-la a casar com ele, Elis é uma moça tão legal gostei dela. Afirmou Arthur em desabafo.
— Meu irmão se eu te contar algo sério você promete guardar segredo e me ajudar? Perguntou Miguel seriamente.
— Sempre fomos amigos e guardamos os segredos um do outro. Não será diferente agora. Respondeu Arthur.
— Então, Elis na verdade é a minha noiva, nós namorávamos lá em Londres temos compromisso há dois anos, mas quando ela precisou voltar para cá por causa do avô não pude acompanha-la e deu nisso. Vincent ficou louco depois da morte do pai acha que tem que cumprir tudo que é preciso pelo tempo que ficou longe do Mullikan. Por isso, irei fugir com Elis, mas preciso de ajuda, posso contar com você.
— E você ainda duvida, mas é claro sempre fizemos tudo juntos não seria agora que viraria as costas.
O do plano de Miguel era simples, fugiriam no meio da noite utilizando uma carruagem até a cidade mais próxima, de lá pegariam outra para Londres. Era um tanto arriscado, pois teriam que viajar sozinhos pela floresta de Vastre, um lugar repleto de nevoeiro e bastante escuro, porém era o único jeito por lá seria difícil encontra-los.
— Meu irmão, entendeu meu plano? Preciso que leve a carruagem até a entrada da floresta. Sairemos a cavalo porque faz menos barulho. Exclamou Miguel confiante.
— Compreendi, farei tudo como combinado. Sempre pode contar comigo para qualquer coisa.
Enquanto, isso Elis estava no castelo dos Ulric sendo forçada a escolher a decoração e comida da sua festa de casamento. Obviamente, que era apenas um enfeite Heitor escolheu tudo sem ao menos perguntar a ela. Aquela tarde estava sendo a mais entediante para a jovem garota que sempre teve domínio da própria vida e rompia paradigmas sociais. Após acabar aquele tormento, Elis tentou retirar-se, no entanto, Heitor a agarrou pelo braço de forma ríspida afirmando:
— Onde você acha que vai? Será a minha esposa, deve me respeitar e obedecer.
— Posso até entrar naquela igreja, mas nunca terá meu coração, pessoas indignas como você me dão repulsa, nunca permitirei que me toque. Esbravejou Elis.
— Você acha que não notei o jeito que olhou para o meu irmãozinho. Não me fará de trouxa, será minha a qualquer custo, na hora que descermos daquele altar semana que vem a possuirei nem que seja a força. Afirmou Heitor beijando a garota de olhos verdes.
— Me solte! Tenho nojo de você, pois irá me encontrar sem nenhum sangue nas veias, prefiro a morte. Respaldou Elis limpando os lábios indo embora rapidamente.
Logo anoiteceu, o jovem de olhos azuis esperou todos da casa da sua amada recolherem-se, o mesmo precisava explicar tudo detalhadamente a Elis para que nada desse errado. Como da última vez escalou e entrou pela janela. A moça já estava em pá a espera do amado, ao vê-lo jogou-se em seus braços em lágrimas o seu desespero o assustou o fazendo perguntar imediatamente:
— O que foi meu amor, me diz o que tens? Está me deixando nervoso.
— Miguel, por favor! Vamos fugir agora não posso ser de Heitor se isso acontecer será a morte para mim. Perdoe-me que é seu irmão, mas tenho asco dele. Exclamou Elis desesperada.
— Isso não vai acontecer meu amor, hoje não dá, precisamos fazer isso direitinho vou te explicar todo o meu plano. Disse Miguel tentando acalmar a jovem.
— Que bom! Então, amanhã meu tormento acaba. Aliviou-se Elis pela boa notícia.
— Tudo certo, agora partirei. Amanhã nos veremos. Falou Miguel despedindo-se da amada.
— Não vá, fique aqui comigo por esta noite. Pediu a moça de cabelos negros.
— Tens realmente certeza disso? Perguntou o jovem de olhos azuis.
— Como nunca tive em toda a minha vida. Se por ventura algo dê errado amanhã, aceitarei meu destino feliz, pois antes de qualquer um foi primeiramente daquele que amo. Afirmou Elis com bastante firmeza.
O jovem Miguel aceitou o pedido de Elis resolvendo ficar. Agora, ambos estavam sob a mesma cama um do lado do direito e outro do esquerdo. Apenas entreolhavam-se sorrindo, pois nenhum tinha ideia do que fazer.
O dia amanheceu o sol entrava pela janela fortemente o casal dormia abraçado tão solenemente que não notaram o tempo passando. Contudo, batidas na porta os acordou subitamente uma voz de mulher ecoo no quarto.
— O que faremos agora? Já amanheceu não podíamos ter dormido tanto. Exclamou Elis assustada.
— Calma minha vida, eu vou esconder-me em baixo da cama e você abre a recebi está bem? Refutou Miguel vestindo-se rápido enquanto Elis foi abrir a porta.
— Que estranho à senhorita não costuma dormir até tão tarde. Mas, vamos aos deveres, hoje após o almoço fará a prova do vestido de noiva. Falou a governanta indo arrumar a cama.
— Não, espere deixe que eu cuide de tudo hoje estou com vontade de fazer alguma coisa. Afirmou Elis juntando os cobertores.
— Está bem! Que camisa é está? É de homem desde quando usa esses trajes. Indagou a mulher desconfiada.
— Pode perguntar a meu pai. Quando estava em Londres vestia calças ia para academia de letras, era uma mulher de verdade não agora empacotada nestas roupas quentes e incomodas. Refutou Elis sabiamente.
A governanta deixou de lado retirando-se do quarto com a camisa dizendo que aquele não era trajes de uma dama. Miguel saiu de onde estava rapidamente nervoso.
— Nossa! Quase fomos pegos. Mas, valeu a pena você me fez homem de verdade agora somos como um. Disse Miguel contente.
— Agora vá se formos pegos será o fim de nossos planos. Espere, nunca esqueça esta noite. Falou Elis um pouco envergonhada.
— Você é a minha alegria de viver, nunca irei te esquecer nem que séculos passem. Tenho que ir, nos veremos a noite, iremos recomeçar. Afirmou Miguel descendo pela janela.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Lágrimas da Fera
RomanceHavor Land era uma cidade inglesa do interior bastante conhecida pela sua forma de governo organizado, pois os Sunceranos tinham todo o poder e governavam estabelecendo suas próprias regras. Dessa forma, Havia três grandes nomes Salazar Ulric, Georg...