Capítulo 19 - Novo Lar

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Alguns dias se passaram Miguel tornou-se uma espécie de curandeiro da pequena aldeia, todo e qualquer problema relacionado à saúde era apenas correr para o jovem que o mesmo tinha prováveis soluções. Em troca de tantos favores Miguel só queria um lugar para viver em paz, mas isso não era problema, pois todos os aldeões o adoram e o trataram como filho.

O final de tarde chegou era a melhor hora para Miguel que adorava ficar sentado sobre uma pedra em mata aberta próxima à queda d'água. O pôr do sol é simplesmente lindo e a água colore-se com os tons do céu, aquele lugar o fazia recordar da sua mãe e de Elis, principalmente da sua promessa na janela de nunca a esquecer. Por isso, todas as tardes cumpria o ritual sagrado de ver o sol partir, assim como as pessoas importantes na vida de Miguel se foram.

— Ei, jovem curandeiro me diz por que vem aqui sempre? Esse lugar é tão comum. Exclamou uma voz feminina atrás de Miguel.

— Se dissesse não entenderia Calisto, este lugar é divino, basta senti-lo com o coração. Outra coisa me chame de Miguel esse apelido está espalhando rápido demais. Respondeu o jovem de olhos azuis sentindo o ambiente.

— Por favor! Diz-me a verdade quero conhece-lo melhor, saber mais de você da sua vida. Refutou Calisto com cara de curiosidade.

— Este lugar traz recordações daqueles que o destino me roubou. Minha vida não há nada de interessante, apenas dor, sofrimento e decepções. Disse Miguel deixando uma lágrima escorrer.

— Perdão, o fiz lembrar-se de coisas tristes, não tocarei nunca mais nesse assunto. Afirmou Calisto tentando contornar a situação.

A moça ficou ali observando Miguel, seus olhos chegavam a brilhar de admiração ao olhar para o mesmo, principalmente pelo fato de o dever a própria vida. Entretanto, os sentimentos que surgiu no coração de Calisto não era apenas afeição e sim uma paixão intensa. Então, a jovem lembrou que deveria agradecer melhor a Miguel e pediu para o rapaz tapar os olhos, pois tinha uma surpresa.

O jovem de Miguel não viu problema algum em fazer o desejo de Calisto, fechando os olhos. A garota usava um vestido cinza de manga curta acima do joelho e simplesmente o retirou, despiu-se completamente, soltou seus longos cabelos negros e mandou Miguel olhar e disse firmemente:

— Não o agradece devidamente por salvar minha vida. Entregar meu corpo a você é a melhor maneira de fazer isso.

A reação de Miguel foi de surpresa não esperava de forma alguma um ato maluco como aquele de Calisto. Então, foi aproximando-se lentamente da moça e a vestiu gentilmente, olhou em seus olhos afirmando de forma séria:

— Querida, não se ofenda e nem se envergonhe, você é linda demais. Contudo, meu coração está fechado na verdade ele foi destruído, não posso ser canalha o suficiente de fazer algo contigo se não poderei a oferecer nada.

— Mas, eu não quero que me ofereça nada isto é apenas um agradecimento. Refutou Calisto tristemente.

— Ainda assim, não posso fazer isso com você e nem com ninguém, morri para a vida o que você vê é apenas um corpo vazio e repleto de cicatrizes eternas. Não posso condenar ninguém a esta escuridão sem fim. Falou Miguel tentando explicar.

— Que vergonha, como pude fazer isso! Exclamou Calisto saindo correndo do local em lágrimas.

Depois do ocorrido Calisto evitava olhar nos olhos de Miguel e sempre dava voltas quando o avistava. Algum tempo havia se passado, a primeira semana do mês estava próxima, porém, o jovem de olhos azuis já estava preparado. Enquanto dizia que iria colher ervas passava dias fora à procura de um lugar cujo contivesse aquela fera, para a felicidade de Miguel encontrou uma pequena masmorra subterrânea abandonada ainda bem conservada. Então aquele seria sua rota de contenção todo início do mês.

— Senhor Baltazar irei colher ervas, voltarei com uma semana. Exclamou Miguel.

— Tanto tempo assim, nunca ficou mais que dois ou três dias. Posso chamar alguém para te fazer companhia! Afirmou Baltazar surpreso.

— Não precisa, agradeço pela gentileza, mas gosto da solidão e vou andar para lugares distantes, melhor ir sozinho mesmo. Respondeu Miguel partindo com uma sacola lateral contendo apenas duas mudas de roupas.

O primeiro dia do mês chegou aquele ciclo horrível começou novamente, os três irmãos se transformavam cada um em sua fera interior brutal. Heitor fortificou o porão e colocou correntes grossas nas paredes para amarrar-se, enquanto Arthur continuava vagando sem destino algum. A situação repetiu-se durante os sete dias da semana e finalmente Miguel poderia voltar para o seu novo lar levando as ervas que colheu durante as horas que o sol brilhava.

— Jovem Miguel, muito bom que já voltou! Exclamou Baltazar feliz.

— Trouxe as ervas para a dor do estômago da vovó, essas são para suas constipações e estas aqui para qualquer eventualidade. Falou Miguel.

— Que maravilha! Mas, você está tão magrinho, cheio de olheiras, andou se alimentando direitinho? Não pode ficar doente para nos curar, vamos agora que fiz uma sopa incrível. Disse Baltazar arrastando Miguel e medindo meus braços reclamando que estavam mais finos.

— Mas que preocupação senhor Baltazar eu estou bem, é apenas cansaço da viagem em poucos dias estarei como antes. Consternou Miguel sem resultado algum.

Mesmo Miguel querendo esconder seu segredo à preocupação de Baltazar o vazia muito bem, pois após a morte do pai nunca mais havia sentido alguém preocupado com ele como aquele senhor. Sempre precisou agir como adulto e responsável e nunca foi literalmente cuidado. Por isso, às vezes até estranha certas atitudes de Baltazar, mas isso o fazia sentir-se menos solitário.

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⏰ Última atualização: Nov 18, 2018 ⏰

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