Capítulo 8 - Verdades não Ditas

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Ao sentir a mão de Elis segurando a sua uma sensação muito boa surgiu no coração de Miguel e sentiu que deveria segui-la sem pestanejar. Então, quando estavam chegando a moça pediu que o rapaz fechasse os olhos e confiasse nela, pois era uma surpresa, assim fez, caminhou sendo guiado por Elis, no entanto, Miguel começou a ouvir os pássaros e o balanço das árvores, a brisa estava leve e pura até que a doce voz de Elis chega ao seus ouvidos afirmando que podia abrir os olhos. O rapaz respirou fundo e no momento que enxergou aquele bosque lindo ficou maravilhado dizendo:

— Elis, como você achou esse lugar tão espetacular?

— Muito simples, meu pai trazia a mim e a mamãe aqui quando era pequena, sempre amei este lugar é meu refúgio de todos os problemas, aqui vivi os melhores momentos da minha vida.

A jovem deita-se na grama e Miguel se junta a mesma e olha nos olhos de Elis exclamando:

— Quando vivia em Havor Land tinha um lugar assim, não tão lindo como este era uma janela no final do corredor dava para ver de lá toda a minha cidade e me fazia recordar da minha mãe, ela amava aquele lugar, passava horas lá tentando imagina-la o meu pai dizia que seus olhos eram lindos e se apagaram no meu parto. Por isso, e muitas outras coisas estou aqui estudando Medicina, só que meu pai nunca me entendeu não me permitia vir buscar meus sonhos. O rosto de Elis muda e senta-se imediatamente, assustado Miguel pergunta sem jeito se fez ou disse algo de errado. Porém, a jovem segura em sua mãos, respira fundo e olhando em seu rosto diz:

— Meu querido, ontem o meu pai me mostrou as cartas que Salazar mandava e em umas delas achei algo interessante que seu pai dizia: " hoje eu perguntei aos meus filhos o que queriam fazer da vida, Arthur respondeu que desejava ser como eu, Heitor falou um Suncerano e meu pequeno Miguel olhou para mim muito seriamente alegando que queria ser médico para curar as mulheres, assim evitando que morressem no parto. Caro Vincent isso me preocupou, pois estudos medicinais é muito difícil e tenho bastante medo dele um dia se frustrar por não consegui salvar essas vidas tornando-se uma pessoa infeliz, por isso, vou fazer de tudo para Miguel esquecer de toda essa bobagem, tenho certeza que é por causa da morte de Aurora".

Então, o jovem enche os olhos de lágrimas exclamando:

— Mas, porque o meu pai nunca me disse isso eu o julgava tanto.

— Miguel, existem verdades que não precisam ser ditas mesmo as vezes nos levando a atitudes incertas.

Então, Miguel abre o coração como nunca tinha feito antes, levando sua cabeça até o colo de Elis, dobrando-se com os braços curvados na grama verde, com uma voz trêmula exclama:

— Não entendo o porque estou aqui vivendo essa vida vazia, cresci carregando a culpa da morte da minha mãe, por mais que meu pai dissesse "a culpa não foi sua", que me perguntava, o porque não fui eu a morrer? Seria tão fácil minha família estaria feliz. 17 anos depois não fui capaz de salvar o meu pai, lutei com todas as  forças para cura-lo e novamente fui incapaz, o perdi. Vim para Londres com a esperança de preencher essa buraco em meu peito e só fiquei mais solitário, a noite é a pior parte olhar para as paredes e ver que estou sozinho.

Ao ouvir suas palavras e sentir seu desespero Elis levanta sua cabeça e dá uma leve bofetada no rosto, em seguida pede desculpa e enxuga suas lágrimas dizendo:

— Seu tolo, sua mãe te amou mais que a própria vida, o seu pai se dedicou a você para tentar suprir essa falta, dê valor a sua vida, siga em frente, você deve isso a eles.

Depois do que ouviu Miguel sorri em seguida dá um forte abraço em Elis a agradecendo, porém ao se colocar cara a cara com a garota os impulsos da mesma foi maior o beijando. Miguel ficou com rosto vermelho e sem reação, enquanto Elis corou por inteiro, envergonhada ficou a pedir desculpa, imediatamente, levantou e pediu que a levasse para casa. Durante o caminho um silêncio incômodo pairava entre os dois, no entanto ao chegar na casa de Elis ao vê-la abrir a porta Miguel segura em sua mão dizendo:

— Não acho que beijaria qualquer um, você não é esse tipo de mulher, eu falei coisas que nunca disse a ninguém e você me consolou com um beijo, acho que nós temos algo especial e não devemos deixar que uma coisa assim destrua isso. Tenho certeza que esta foi a primeira vez que beijou um homem, não vou mentir esse também foi o meu primeiro, fico muito feliz que foi com você.

— Miguel, você é inacreditável, estou contente que foi você, não qualquer idiota aristocrata que se acha superior e mulherengo.

Quando Elis abre a porta o seu pai estava na sala e a mesma engole seco. Miguel fica um tanto envergonhado, porém, disfarça rapidamente exclamando:

— Bom dia senhor Zummach, vim trazer sua filha, mas estou a partir.

— Bom dia garoto, adorei que minha Elis achou uma boa companhia, agradeço por traze-la

Então, o jovem estava a ir embora, quando Elis vai até a sala pega uma foto dela e corre até Miguel dizendo que ao sentir-se solitário olhasse para esta foto e repetisse "não estou mais sozinho".

— Agradeço, vou colocar na parede em frente a minha cama, assim ao dormir lembrarei de você, e ao acordar reafirmarei o quanto a senhorita é importante.

Quando Elis entra em casa o pai abre a boca com intenção de falar algo, entretanto, a moça o interrompe:

— Papai, não me faça perguntas, vou para o meu quarto.

Lágrimas da FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora