Capítulo 7

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A entrevista foi marcada há algumas semanas e, segundo a repórter do jornal, faria parte de um artigo sobre as mulheres mais bem-sucedidas de Seul. 

Hyemi não estava bem certa de se encaixar em tal categoria. Afinal, a Bonjil Cosmetics não foi criação sua. Apenas herdou do pai parte das ações da companhia, e, desde então, dava continuidade aos negócios.

Chegada a hora, Hyemi acomodou-se atrás da própria mesa, observando, do outro lado, a jornalista fazer algumas anotações enquanto bebericava uma xícara de café.

As primeiras questões foram simples: uma espécie de minibiografia dela e
detalhes a respeito da empresa;

Até que a repórter ergueu a cabeça, encarando-a por detrás de grossas lentes de óculos, os lábios curvando-se de leve num sorriso cínico de desafio.

— Srta. Kwan... Há algum tempo, um dos fundadores da Bonjil teria afirmado que, uma empresa que tem como principal alvo a vaidade da mulher, não teria a menor chance de vir a falir... O que me diz sobre isso?

Hyemi mudou de posição, respirando profundamente.

— Yoo Sungjin foi quem fez esse comentário — confirmou, atenta —
Concordo que tenha sido infeliz na escolha das palavras, porém não acredito que o tenha feito propositadamente.
— De qualquer modo, tal afirmação pareceu traduzir a filosofia da empresa. Isso é verdade?

Terreno perigoso. Hyemi tomou um gole de café.

— Sungjin disse isso uns trinta anos atrás. Naquela época a empresa apenas começava e seus principais produtos eram batons, rouges e perfumes...

A repórter empertigou-se, pronta para um novo ataque:
— Isso não responde à pergunta, srta. Kwan.
— Se me der chance, ficarei feliz em poder completar minha resposta — volveu Hyemi, com firmeza. — Hoje em dia as coisas estão muito diferentes. Não só em relação à companhia, mas ao mundo em geral. A maior parte das mulheres, hoje, não tem tempo de ser vaidosa, ou fútil, como muita gente ainda pensa e diz... Mesmo porque, não considero futilidade uma pessoa querer parecer bem. É uma necessidade, se ela tem um trabalho de qualquer gênero. Inclusive o de mãe e dona de casa.

— Acho que não estou conseguindo acompanhar seu raciocínio — desculpou-se a moça. — Está querendo dizer que uma mulher precisa lançar mão do uso de cosméticos para ser bem-sucedida?
— Não exatamente. Mas acredito que uma mulher que se sinta bem consigo
mesma tenha mais chance de ver isso refletido na própria carreira.

A repórter tomou nota, rapidamente.

— A senhorita mencionou mudanças na companhia. Que tipo de mudanças?
— Certo. Já há algum tempo, a Bonjil começou a trabalhar com uma linha de produtos que se preocupa com a saúde da pele a longo prazo, e não apenas de imediato. Muitos dos cosméticos usados antigamente ressecavam a cútis e, após algum tempo de uso, realmente a danificavam. Nos últimos anos, todavia, introduzimos no mercado produtos mais naturais e versões mais fáceis de serem utilizadas até pela mais ocupada das mulheres.
— Então, como resume a filosofia da Bonjil Cosmetícs, hoje?

Hyemi pensou por um instante.

— O objetivo é que a qualidade dos nossos produtos se evidencie sempre,
literalmente, à flor da pele da nossa cliente: quando ela sair de manhã para o trabalho; à noite quando ela for jantar com o marido... E, em trinta anos, quando sua cútis ainda estiver macia, flexível e viçosa e, esperamos, sem rugas. E também que esse cuidado diário possa tomar o mínimo do seu tempo.
— Parece até uma garantia... Você mesma usa seus produtos, imagino?

Hyemi sorriu, roçando as costas dos dedos no próprio rosto.

— Dá para ver?

A outra moça não fez comentário e ela interpretou-lhe a frieza como uma ponta de despeito. Chegava a ser uma incoerência do jornal enviar para aquela entrevista alguém que, obviamente, não dava a mínima para a própria aparência... Pelo menos até agora, Hyemi reprimiu um sorriso ao notar um certo constrangimento na moça.

Será que é AMOR? || Yoo Youngjae B.A.P || Onde histórias criam vida. Descubra agora