Hyemi continuou imóvel atrás da porta, tentando convencer a si própria de que tudo estava bem; que nada relevante havia acontecido lá embaixo, em frente à lareira.
Mas era importante, sua consciência gritava, e nada faria a realidade se dissiparvassim.
Tinha sido traída. O companheiro inseparável da infância, o "irmão mais velho" que a defendia na escola, o amigo adolescente que ouvia suas confidencias, o sócio que nem sempre concordava, mas que respeitava suas opiniões... Todos tinham se reduzido a cinzas nos poucos segundos daquele beijo. E no lugar deles havia surgido
um estranho; um homem que jamais enxergara antes.— Youngjae! — O nome dele saiu cheio de angústia; um lamento ecoando pelo quarto vazio.
Hyemi não saberia dizer por quanto tempo permaneceu ali, colada à porta. A certa altura, exausta de tanto chorar, deixou-se cair na cama. Fitou a escuridão, tomada pela estranha consciência de estar no quarto de Youngjae, cercada pelas coisas de Youngjae.
Quando uma batida familiar soou à porta, a certeza a fez levantar-se de um salto:
— Vá embora! — pediu, em meio a um soluço.
— Droga, Hyemi, foi só um beijo!Ela não respondeu.
Pouco depois, praguejando baixinho, Youngjae se afastava, deixando-a entregue à própria dor.
Pela manhã, todavia, Hyemi tinha recuperado o autocontrole. Tudo parecia não ter passado de um sonho ruim.
Youngjae devia estar certo: havia sido apenas um beijo.
Levou a mão à garganta, num gesto nervoso. Precisava se convencer disso. Sem dúvida, ele estava tão constrangido quanto ela.
Na verdade, devia-lhe desculpas. E, se não tivesse sido tão infantil, teria feito isso na noite anterior, quando Youngjae veio à sua procura, em vez de fazer do episódio uma novela.
Pelo menos não era tarde demais para procurá-lo, decidiu, arrumando-se
apressada, na esperança de apanhá-lo antes que toda a família se reunisse. Não tinha ouvido nenhum barulho vindo do quarto vizinho. Talvez ele ainda estivesse na cama.Antes de bater à porta, porém, certificou-se de estar realmente a sós no corredor.
Já era embaraçosa aquela situação, sem que alguém da casa a visse ali e tirasse conclusões precipitadas.
No entanto, não obteve resposta para o chamado. Esperou um instante, então girou a fechadura com cautela. O quarto de televisão estava deserto, o sofá-cama em sua posição normal, como se nem tivesse sido usado. Não havia sinal de Youngjae.
Seria possível que ele houvesse ido embora?, Hyemi questionou-se, tensa.
Descartou a hipótese quase que imediatamente. Youngjae não faria uma desfeita dessas para a família; ainda mais no dia de Natal. Tal atitude, além de aborrecer a todos, provocaria toda sorte de perguntas.— Bom dia, querida! — saudou SoYoon na sala, sorridente. — Espero que tenha dormido bem. Youngjae foi apanhar os croissants no forno — acrescentou, como se lhe adivinhasse os pensamentos.
Os olhos dela desviaram-se para a porta que levava à cozinha.
— Vou ver se ele precisa de ajuda — murmurou, dando meia-volta.
De fato, ele tirava uma assadeira do forno quando, ao notar-lhe a presença, ergueu a cabeça, o rosto do mesmo fechando-se em sombra no mesmo momento.
Antes que Hyemi pudesse encontrar palavras, ele quebrou o silêncio.
— Espero que não esteja planejando prosseguir com aquela ceninha de ontem à noite.
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Será que é AMOR? || Yoo Youngjae B.A.P ||
FanfictionA cidade estava adormecida. As ruas, cobertas de neve, lembravam fitas de cetim enfeitando às luzes de Seul. Hyemi cismava na janela de seu apartamento, se perguntando como o rumo de sua vida mudou tanto em tão poucos dias. Youngjae, seu amigo, seu...