Capítulo 10

66 12 5
                                    

Hyemi continuou imóvel atrás da porta, tentando convencer a si própria de que tudo estava bem; que nada relevante havia acontecido lá embaixo, em frente à lareira.

Mas era importante, sua consciência gritava, e nada faria a realidade se dissiparvassim.

Tinha sido traída. O companheiro inseparável da infância, o "irmão mais velho" que a defendia na escola, o amigo adolescente que ouvia suas confidencias, o sócio que nem sempre concordava, mas que respeitava suas opiniões... Todos tinham se reduzido a cinzas nos poucos segundos daquele beijo. E no lugar deles havia surgido
um estranho; um homem que jamais enxergara antes.

— Youngjae! — O nome dele saiu cheio de angústia; um lamento ecoando pelo quarto vazio.

Hyemi não saberia dizer por quanto tempo permaneceu ali, colada à porta. A certa altura, exausta de tanto chorar, deixou-se cair na cama. Fitou a escuridão, tomada pela estranha consciência de estar no quarto de Youngjae, cercada pelas coisas de Youngjae.

Quando uma batida familiar soou à porta, a certeza a fez levantar-se de um salto:
— Vá embora! — pediu, em meio a um soluço.
— Droga, Hyemi, foi só um beijo!

Ela não respondeu.

Pouco depois, praguejando baixinho, Youngjae se afastava, deixando-a entregue à própria dor.

Pela manhã, todavia, Hyemi tinha recuperado o autocontrole. Tudo parecia não ter passado de um sonho ruim. 

Youngjae devia estar certo: havia sido apenas um beijo.

Levou a mão à garganta, num gesto nervoso. Precisava se convencer disso. Sem dúvida, ele estava tão constrangido quanto ela.

Na verdade, devia-lhe desculpas. E, se não tivesse sido tão infantil, teria feito isso na noite anterior, quando Youngjae veio à sua procura, em vez de fazer do episódio uma novela.

Pelo menos não era tarde demais para procurá-lo, decidiu, arrumando-se
apressada, na esperança de apanhá-lo antes que toda a família se reunisse. Não tinha ouvido nenhum barulho vindo do quarto vizinho. Talvez ele ainda estivesse na cama.

Antes de bater à porta, porém, certificou-se de estar realmente a sós no corredor.

Já era embaraçosa aquela situação, sem que alguém da casa a visse ali e tirasse conclusões precipitadas.

No entanto, não obteve resposta para o chamado. Esperou um instante, então girou a fechadura com cautela. O quarto de televisão estava deserto, o sofá-cama em sua posição normal, como se nem tivesse sido usado. Não havia sinal de Youngjae.

Seria possível que ele houvesse ido embora?, Hyemi questionou-se, tensa.
Descartou a hipótese quase que imediatamente. Youngjae não faria uma desfeita dessas para a família; ainda mais no dia de Natal. Tal atitude, além de aborrecer a todos, provocaria toda sorte de perguntas.

— Bom dia, querida! — saudou SoYoon na sala, sorridente. — Espero que tenha dormido bem. Youngjae foi apanhar os croissants no forno — acrescentou, como se lhe adivinhasse os pensamentos.

Os olhos dela desviaram-se para a porta que levava à cozinha.

— Vou ver se ele precisa de ajuda — murmurou, dando meia-volta.

De fato, ele tirava uma assadeira do forno quando, ao notar-lhe a presença, ergueu a cabeça, o rosto do mesmo fechando-se em sombra no mesmo momento.

Antes que Hyemi pudesse encontrar palavras, ele quebrou o silêncio.

— Espero que não esteja planejando prosseguir com aquela ceninha de ontem à noite.

Será que é AMOR? || Yoo Youngjae B.A.P || Onde histórias criam vida. Descubra agora