Despir.

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Despir - significado do dicionário:


1. tirar do corpo (parte do vestuário).

2. tirar por completo a roupa; desnudar(-se).

3. pôr de lado; largar, despojar-se. 


Rodrigo estava desligando as luzes pelo caminho até seu quarto, ele tinha esperado os soluços finalmente cessarem e a respiração das duas mulheres deitadas em um dos quartos tornarem-se tranqüilas para que ele finalmente pudesse dormir. Não que estivesse preocupado, mas sim porque o som o perturbava trazendo lembranças de momentos sofridos e sombrios, o impedindo de relaxar.

Ele passou pelo quarto em que as duas estavam e espiou pela fresta da porta. Respirações tranqüilas. Serenas. Olhando assim pareciam dois anjos e Rodrigo até sentia uma paz, que ele tratava de espantar para longe de si. Jamais as pouparia do destino que ele já tinha descrito para elas. Nada o faria mudar de idéia.

O moreno deitou na cama finalmente, depois de uma hora e meia aguardando as duas se acalmarem, e pôde repassar todos os momentos da noite. Desde que chegara em casa só teve tempo de tomar banho e trocar de roupa, mal pensou nos fatos ocorridos que o levava a esse momento. Juliana e Maria Luisa dormindo no quarto ao lado. Ele respirou fundo e fechou os olhos se obrigando a pegar no sono e evitar qualquer impulso de adiantar o que ele havia planejado para elas daqui alguns meses.

No meio da noite o barulho de algo caindo o despertou. O moreno sempre teve sono leve, algo que herdou do pai, e isso só se intensificou após a morte dela. Desde então nada ficou em paz. O moreno pegou sua arma no armário, engatilhou e a escondeu atrás de si enquanto caminhava lentamente para não sobressaltar quem quer que fosse. Ao virar no corredor notou que o barulho vinha da cozinha, ele colocou a arma em posição e entrou no local sendo surpreendido por uma Juliana de costas para ele tentando encontrar algo no armário.

- Sinto sua respiração daqui Rodrigo – ela soltou enquanto virava de frente para ele, que apenas teve tempo de esconder a arma na parte de trás da bermuda – Também sou boa com meus sentidos – ela piscou em direção a ele.

- Estou vendo, só não parece boa em ser discreta e silenciosa – ele encosta-se à divisória da sala com a cozinha e a observa enquanto a mesma estreita os olhos e coloca a chaleira no fogo como se estivesse em casa.

- Sinto seus olhos também Rodrigo, se continuar assim vou perder uns dez quilos – ela abre os armários a procura de uma xícara e saches de chá.

- Se depender de mim você vai secar – ela vira de frente pra ele e arqueia uma sobrancelha – Minha blusa caiu bem em você, inevitável não manter meus olhos sobre seu corpo – ele sorri malicioso enquanto seus olhos passeiam pelas pernas e metade das coxas dela expostas.

- Você podia usar seus olhos para me dizer onde estão os chás dessa casa, não consigo dormir –ela suspira e se apóia na bancada ao lado do fogão, enquanto passa as mãos pelo rosto e cabelo, desfazendo e refazendo seu coque.

Rodrigo se aproximou dela e abriu o armário ao seu lado pegando uma xícara, em seguida abriu um embaixo pegando um pacote com chás de camomila e erva doce.

- Não sou fã disso, mas para sua sorte minha irmã é – ele se afasta rapidamente dela ao lembrar da arma ainda em suas costas.

Quando eles iam aprofundar o assunto a chaleira apitou informando que a água havia fervido ao mesmo tempo que uma Maria Luisa descabelada e de olhos inchados entrava na cozinha chamando pela irmã.

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