Coração de pedra

Contra.

Contra.

1. em oposição direta a; em combate a;

2. em movimento contrário a, hostil e impetuosamente;

3.   em direção ou sentido oposto a.

p.s: Ouvi várias músicas ao longo do capítulo, vou sinalizar ao longo dele os nomes das músicas. A da mídia é que eu amo, do meu xodó/orgulhinho Camila Cabello <3

XXXXX

A segunda-feira chegou e com ela a volta à realidade. As despedidas não trouxeram lágrimas, mas trouxeram um silêncio tão doloroso e desconfortável quanto, que perdurou o caminho todo, principalmente por parte de Juliana e Rodrigo. Ambos estavam em seus mundos particulares, cada um com o pensamento preso à áurea que estavam deixando para trás e que saberiam ser diferente a partir do momento que saíram daquela casa e do convívio de Ana, que deixava tudo mais leve e fácil de lidar.

Fazia você se permitir sentir e deixar o sentimento fluir.

Antes de descer do carro e entrar no jatinho para voltarem para casa, Rodrigo suspirou e esticou a mão tocando e apertando a coxa da loira, que apenas o encarou e suspirou assentindo com a cabeça. Era um acordo mudo, de não se assumirem, de deixar rolar, mas com cautela, com o famoso pé atrás. O que eles não sabiam era que essa decisão seria permanecer mais do que com um pé atrás. Com isso eles decidiam retroceder uns vinte passos. Tanto que aquele beijo calmo, lento, trocado dentro do veículo, tinha gosto de saudade como se indicasse a eles que seria o último.

Durante a semana inteira, os dois se limitaram a cumprir o papel profissional, afinal, eram orgulhosos demais para ceder, primeiro, aos sentimentos que os preenchiam. Portanto, ela se limitou a atender aos pedidos dele, mas se mantendo na sala de sua chefe. Ele, apenas dava ordens, ia a julgamentos, mantendo-se ocupado com maior número de casos possíveis. As caronas não existiam mais, ocorreu apenas no primeiro dia, mas o silêncio do caminho incomodou tanto a loira, que ela se negou a passar por aquilo novamente, e Rodrigo parecia querer o mesmo, pois sempre terminava seu turno tarde, isso quando estava em sua sala.

Quem os via dessa forma, nunca os imaginaria se comportando como um casal amoroso há dias atrás.

- Oi querida - a senhora de cabelos brancos devidamente penteados entra na sala suspirando - Vou precisar de um favor seu - a loira assente com a cabeça prestando atenção - Vá até a sala de Rodrigo e peça para ele separar e lhe entregar todos os arquivos relacionados a tráfico de mulheres dos últimos dois meses, estou cuidando de um caso de uma família e sinto que o nome do acusado já foi citado antes - a senhora senta à mesa e passa a mão na cabeça.

Juliana queria rebater e questionar o porquê dela não ir pessoalmente e pedir isso, afinal se era para ficar sentada ali. Mas não podia, sabia seu lugar, e sabia que descontar sua frustração em cima da sua chefe não adiantaria em nada, só lhe daria uma demissão. Mas nem precisou pensar muito, visto que sua chefe bateu na própria testa xingando baixo e levantou.

- Agora lembrei porque eu não vou pedi-lo pessoalmente, tenho que ir atrás do rapaz do almoxarifado, ele tem que me mostrar os casos mais antigos - ela levantou novamente e pôs-se porta a fora a passos rápidos enquanto a loira passava as mãos pelo cabelo pedindo mentalmente para se manter no controle como vinha fazendo. Sendo que suas entradas e saídas da sala do moreno eram rápidas, porém hoje parecia seu verdadeiro teste, pois unir todos casos iria demorar.

Assim que pisou porta a fora seu celular vibrou no bolso, era Alice querendo encontrá-la, aliás, arrastá-la para uma festa. A loira ignorou a mensagem e foi em direção a porta do moreno. Deu duas batidas e ouviu um 'entra'.