Coração de pedra

Indício.

Indício - significado do dicionário:

substantivo masculino.

1. o que indica, com probabilidade, a existência de (algo); 

2.  indicação, sinal, traço;

3. marca deixada por,  vestígio;

4. jur. circunstância que possui relação com o fato delituoso, possibilitando a construção de hipóteses com ele relacionadas sobre a autoria e seus demais aspectos, e que pode ser utilizada como prova em processo judicial;

5. semio signo não convencional que está fundado na relação de contiguidade com a realidade significada, como a fumaça e o fogo, a nuvem escura e a chuva.

XXXXX

Juliana Ramos e Rodrigo não eram irmãos de sangue, mas graças a semelhança entre eles, a confusão de um dos amigos da faculdade em relação ao grau de parentesco existente, e os pais do moreno pontuando as características físicas e da personalidade em que eram parecidos que, o que começou como uma brincadeira, se tornou uma aliança com o propósito de vingança.

- Às vezes olho você e Juliana e acho que não tem um pingo de encenação da sua parte, seu olhar ta ali, presente, agarrado nela – a morena desabafa assim que a porta do apartamento é fechada.

Ela joga a bolsa em cima do sofá e vai até a cafeteira preparar a rodada de café que sabia que iam precisar, afinal, eram muitas provas para analisar, a decisão do próximo passo a ser tomada, um assunto delicado que ela teria que tocar, logo seriam muitas horas de insônia pela frente.

- Sempre achei que você tinha uma péssima visão – o moreno diz retirando a blusa pólo que usava e caminhando em direção ao banheiro – Vou tomar uma ducha e já volto, me espera aí – a morena largou o que estava fazendo e se aproximou do corredor o encarando com a sobrancelha arqueada, pronta para rebater, mas ele já tinha fechado e trancado a porta do quarto.

- Depois eu que tenho péssima visão – ela revira os olhos e volta a cozinha – Como dizia minha sábia mãe, o pior cego é aquele que não quer ver – ela suspira e passa as mãos pelo cabelo – Se ele tiver apaixonado, vai ser pior, vai ser muito pior – ela batuca os dedos no balcão da cozinha como se tivesse com os pensamentos longe dali, e de fato estavam, mais precisamente nas conseqüências de uma paixão no meio de uma vingança.

Depois de vinte minutos, Rodrigo voltou a sala e encontrou a morena sem os sapatos e sentada confortavelmente no sofá assistindo a televisão.

- Achei que te encontraria adiantada nas provas – ele pega a xícara que estava sobre o balcão a enchendo com o café pronto na cafeteira e vai em direção a gaveta onde tinha colocado os arquivos mais cedo.

- E eu achei que você nunca mais amaria alguém – ela afirma séria quando ele senta ao seu lado.

O moreno coloca a xícara sobre a mesa com força e a encara, o olhar dela já estava nele, então os dois sustentaram o olhar, como se estivessem em uma luta através deles.

- Qual a porra do seu problema? Será que podemos nos concentrar no que é real, que são essas malditas provas que acusa seu futuro marido de tráfico de meninas? – ele sacode os arquivos que estavam em suas mãos na frente do rosto da morena que apenas revira os olhos e nega com a cabeça – Ou você prefere ficar discutindo isso que você criou e que mais parece uma teoria da conspiração sem fundamento nenhum? – ela suspira e pega um dos arquivos se ajeitando para começar a falar o que sabe.