Coração de pedra

Tempo.

Tempo - sig. do dicionário:

1.  duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro;

2. período contínuo no qual os eventos se sucedem;

3.   certo período da vida que se distingue de outros;

4.    determinado período considerado em relação aos acontecimentos nele ocorridos; época.

5.  som enquanto o ponteiro do relógio caminha / nota da autora.

XXXXX

Rodrigo estava em um impasse. Acordar Juliana e alertá-la que encontraram Carlos, ou deixá-la dormir e resolver isso pela manhã? Escolheu a segunda opção e junto a isso, lutar contra o tempo.

E sabemos que lutar com o que define cada segundo do nosso dia é inútil. O ponteiro do relógio vai continuar seguindo, independente do que você precise, que ele pare ou que vá mais rápido; não importa, porque ele segue o próprio ritmo. Então lutar contra o tempo nunca vai ser a melhor opção.

Mas ele não estava pensando nisso, apenas na saúde física e emocional da loira que ressonava ao seu lado. O moreno se aconchegou a ela e acabou pegando no sono sem perceber. Mas se teve cinco horas de sono tranqüilas foi muito, a loira se remexia o tempo todo, fora isso foi acordado com o toque incessante do seu aparelho. Ele achou que fosse o seu, era o da loira, que inclusive tinha acabado de levantar sobressaltada a busca do celular.

- Alô? – pausa – Está aqui – pausa – Vou perguntar – ela encarou o moreno –Sua irmã tá perguntando se você viu a mensagem que ela lhe enviou de madrugada? – ele afirmou com a cabeça e suspirou – Ele disse que viu – pausa – Ela disse que estão se movimentando – a loira franziu a testa confusa e o moreno levantou da cama rapidamente e pegou o aparelho da mão dela discutindo com a irmã algumas informações soltas e aleatórias que a loira definitivamente não entendia.

Assim que ele desligou e lhe devolveu o celular, junto veio uma expressão de culpa e seriedade.

- Temos cinco minutos para estar prontos e dentro do carro, encontramos seu tio – a loira ia abrir a boca para, provavelmente, discutir, mas o moreno foi mais rápido – Você prefere discutir agora ou encontrar sua irmã? – ela bufou e levantou se apressando em vestir uma roupa qualquer e pegar sua mochila com seus itens pessoais que havia trazido – Tomamos café no caminho, Ramos vai ficar em casa nos informando sobre o alvo – a loira franziu a testa sem saber se o alvo que eles falavam era sua irmã ou seu tio – Vamos – ele disse terminando de fechar uma mochila preta, pegando as chaves e o celular.

O caminho foi feito em silencio, a tensão entre os dois, diante da situação que se encontravam era tanta, que chegava a ser palpável. Nem o rádio eles ousaram ligar, cada um preso a seus pensamentos, dores, medos e confusões. A loira tentava decifrar quem era o alvo verdadeiro de Rodrigo, ela esperava que fosse Carlos, mas no fundo tinha medo de para afetá-lo ele usasse Malu. Ela o olhou de canto e ele estava concentrado na estrada, as mãos apertando o volante, os nós dos dedos brancos de tanta força que ele fazia. Ela suspirou e esticou uma mão passando a sua por cima da dele, acariciando seus dedos para que ele relaxasse, tudo que ela menos precisava era de mais um acidente e morte para sua conta. Além disso, precisava dele vivo para chegar a seu destino e encontrar a irmã.

O moreno por sua vez, estava preso a pensamentos mais perturbadores, como todo planejamento da sua vingança, os desdobramentos e mudanças que ocorreram, e possíveis embates, como Malu defender o tio e Juliana defender Malu. Seria uma roleta russa. Apenas uma bala. Várias pessoas. Qual alvo, afinal? Ele balançou a cabeça negativamente espantando os pensamentos e não percebeu estar descontando sua confusão no volante até sentir a mão da loira acariciando a sua como forma de relaxá-lo. Ele a encarou e suspirou, ela sorriu de canto e ele fez o mesmo, e assim, numa troca de olhares eles se entendiam, se descobriam, e sabiam que, no fundo, estavam juntos nessa.