Capítulo 8

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Benedict não fazia ideia do que havia acontecido.

Num segundo estava cavalgando atrás da fera, e no segundo seguinte... Não lembrava de mais nada.

Quando acordou, no chão, a primeira coisa que sentiu foi o cheiro de sangue. Levou uma mão a testa, num gesto espontâneo, e tocou o ferimento em sua cabeça.

Procurou sentar-se, buscando uma posição confortável, mais isso era impossível, pois suas costelas doíam demais.

Num lapso de lucidez lembrou-se de Camille, que estava sozinha e provavelmente perdida naquela clareira escura.

Não era um homem de muita fé, mais fez uma prece para que ela estivesse bem. Caso a jovem retornasse com um arranhão, ele seria um homem morto. Tinha certeza de que seu próprio pai se encarregaria do serviço.

- Camille – gritou na clareira vazia.

Não houve resposta. Apenas o eco de sua própria voz.

Levantou-se e olhou ao redor buscando situar-se.

Onde estava seu cavalo?

- Amigo - ele gritou batendo palmas, tentando chamar a atenção do animal onde quer que ele estivesse. – Amigo.

Sentiu uma leve vertigem, e viu tudo ao seu redor começar a girar. Caminhou cambaleante até uma arvore e apoiou-se, sentindo os joelhos fraquejarem.

Abriu a boca, tentando pronunciar algumas palavras, mas não houve tempo para isso, antes que pudesse pensar no que dizer, já estava, novamente, no chão.

*************

Camille pensava, seriamente, que estava andando em círculos.

Havia pedido que Benedict seguisse na outra direção, a fim de conseguirem cercar o animal, mas não achou que ele pudesse ter ido tão longe.

Ou era isso, ou definitivamente estava andando em círculos.

Ela recusava-se pensar numa terceira justificativa, que era ele ter sido capturado, ou numa quarta, que era ter sido ferido.

- Nós já passamos por aqui? – perguntou ela á Matilda, sua égua. O animal relinchou em resposta.

- Isso foi um sim? – perguntou ela ao animal que novamente relinchou em resposta.

Pequenos flocos brancos continuavam a cair, e Camille não pode deixa de pensar que péssimo momento, era aquele, para nevar.

Tremendo, Camille, arrumou a capa em volta do corpo, e soltou uma maldição. Sentia-se livre para pronunciar palavras feias, afinal nem sua mãe e nem Sarah estavam lá para repreendê-las. Estava completamente sozinha.

Beirava o desespero quando avistou um corpo caído próximo a uma árvore.

Só podia ser ele... Tinha que ser ele.

Ela desmontou e correu até o sujeito.

- Graças a Deus – exclamou e soltou o ar que nem tinha notado que estava prendendo.

Ela agachou-se ao lado dele, para poder analisar o seu estado, e não pode crer no que via.

Ele estava horrível.

Havia um corte grande e profundo em sua testa, e marcas de garras em seu peito e no pescoço. Ele também estava coberto de sangue, o que era um mau sinal.

Ele havia sido, novamente, atacado pela fera.

Aquilo era culpa sua. –pensou ela. – Não deveria tê-lo deixado sozinho.

- Benedict – ela chamou sacudindo-o de leve. Ele soltou um grunhido, provavelmente de dor. – Benedict, acorde!

Sem sucesso!

Ela chamou a sua égua, e quando a mesma estava ao seu lado, ordenou que o animal se agachasse. Segurando Benedict pelas pernas, arrastou-o até o animal e começou a coloca-lo na cela.

E seguiu pela floresta. 

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