Benedict não fazia ideia do que havia acontecido.
Num segundo estava cavalgando atrás da fera, e no segundo seguinte... Não lembrava de mais nada.
Quando acordou, no chão, a primeira coisa que sentiu foi o cheiro de sangue. Levou uma mão a testa, num gesto espontâneo, e tocou o ferimento em sua cabeça.
Procurou sentar-se, buscando uma posição confortável, mais isso era impossível, pois suas costelas doíam demais.
Num lapso de lucidez lembrou-se de Camille, que estava sozinha e provavelmente perdida naquela clareira escura.
Não era um homem de muita fé, mais fez uma prece para que ela estivesse bem. Caso a jovem retornasse com um arranhão, ele seria um homem morto. Tinha certeza de que seu próprio pai se encarregaria do serviço.
- Camille – gritou na clareira vazia.
Não houve resposta. Apenas o eco de sua própria voz.
Levantou-se e olhou ao redor buscando situar-se.
Onde estava seu cavalo?
- Amigo - ele gritou batendo palmas, tentando chamar a atenção do animal onde quer que ele estivesse. – Amigo.
Sentiu uma leve vertigem, e viu tudo ao seu redor começar a girar. Caminhou cambaleante até uma arvore e apoiou-se, sentindo os joelhos fraquejarem.
Abriu a boca, tentando pronunciar algumas palavras, mas não houve tempo para isso, antes que pudesse pensar no que dizer, já estava, novamente, no chão.
*************
Camille pensava, seriamente, que estava andando em círculos.
Havia pedido que Benedict seguisse na outra direção, a fim de conseguirem cercar o animal, mas não achou que ele pudesse ter ido tão longe.
Ou era isso, ou definitivamente estava andando em círculos.
Ela recusava-se pensar numa terceira justificativa, que era ele ter sido capturado, ou numa quarta, que era ter sido ferido.
- Nós já passamos por aqui? – perguntou ela á Matilda, sua égua. O animal relinchou em resposta.
- Isso foi um sim? – perguntou ela ao animal que novamente relinchou em resposta.
Pequenos flocos brancos continuavam a cair, e Camille não pode deixa de pensar que péssimo momento, era aquele, para nevar.
Tremendo, Camille, arrumou a capa em volta do corpo, e soltou uma maldição. Sentia-se livre para pronunciar palavras feias, afinal nem sua mãe e nem Sarah estavam lá para repreendê-las. Estava completamente sozinha.
Beirava o desespero quando avistou um corpo caído próximo a uma árvore.
Só podia ser ele... Tinha que ser ele.
Ela desmontou e correu até o sujeito.
- Graças a Deus – exclamou e soltou o ar que nem tinha notado que estava prendendo.
Ela agachou-se ao lado dele, para poder analisar o seu estado, e não pode crer no que via.
Ele estava horrível.
Havia um corte grande e profundo em sua testa, e marcas de garras em seu peito e no pescoço. Ele também estava coberto de sangue, o que era um mau sinal.
Ele havia sido, novamente, atacado pela fera.
Aquilo era culpa sua. –pensou ela. – Não deveria tê-lo deixado sozinho.
- Benedict – ela chamou sacudindo-o de leve. Ele soltou um grunhido, provavelmente de dor. – Benedict, acorde!
Sem sucesso!
Ela chamou a sua égua, e quando a mesma estava ao seu lado, ordenou que o animal se agachasse. Segurando Benedict pelas pernas, arrastou-o até o animal e começou a coloca-lo na cela.
E seguiu pela floresta.
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Northwest Village
FantasyConhecidos desde criança Benedict e Camille acabam entrando em um aventura ao descobrirem que uma fera está rondando suas terras. Após uma atitude impensada os dois se veem ligados e obrigados a se casarem, mas o que Benedict não sabe é que Camille...