Capítulo 20

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Sarah correu até onde Camille estava caída, sentiu os pés em chamas quando adentrou a estrela. O solo estava muito quente sob seus pés.

Agachou-se ao lado da jovem caída e percebeu que essa ainda balbuciava palavras estranhas, não sabia se ainda eram as mesmas que a ouvira recitar minutos antes.

- Menina, acorde – disse ela sacolejando-a de leve.

De repente sentiu o chão sob si tremer, não havia sido um tremor muito forte, mais ainda assim fora o bastante para assusta-la. Camille ainda falava, palavras continuavam a sair dela, mesmo desacordada, e Sarah não sabia como relacionar o que estava acontecendo ao seu redor com o que ela falava.

O vento começou a soprar ao redor delas, e o céu tornou-se escuro novamente. Sarah esperou um minuto para que ele voltasse a clarear, mas nada aconteceu.

Ela começou a desesperar-se.

O que faria para tira-las dali? Não podia pedir ajuda ao Visconde Tickle, como explicaria o que foram fazer ali.

- Milady acorde – insistiu ela e tocou-lhe o ombro de forma mais firme, balançando-a numa tentativa frustrada de acorda-la. – Por favor, Milady – disse ela numa voz chorosa.

Não ouviu quando a velha bruxa se aproximou delas.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou Minerva ao se aproximar.

- Por todos os santos – gritou a criada e perdeu o equilíbrio caindo para trás.

Minerva olhou em volta até que seus olhos localizaram o que ela procurava, Camille. Avistou a moça caída no chão, e não precisou de muito esforço para ligar todos os pontos.

- Mas o que pensam que estão fazendo? – disse ela aproximando-se. Baixou o capuz permitindo que Sarah visse-lhe o rosto, e agachou-se ao lado de Camille.

- Ah minha senhora, - começou Sarah, sabendo que a patroa nunca lhe perdoaria por contar seus planos a velha bruxa, mas sabendo que não tinha escolha – estávamos fazendo um feitiço, e quando acabou a encontrei assim.

O vento ainda soprava forte ao redor, fazendo com que tudo o que estivesse ao redor voasse de encontro a elas.

- Mas que menina mais tola – disse a velha.

Em seguida sussurrou algumas palavras, fazendo com que o vento cessasse mais uma vez. O céu continuava escuro.

- O que ela estava dizendo? – perguntou Sarah, agora estava ao lado da bruxa.

- Ela ainda está em transe – respondeu-lhe a velha. – Eu havia dito que ela não estava pronta.

- Ela disse que era forte o bastante – falou Sarah como se isso valesse de alguma. Depois que pronunciou as palavras percebeu como soaram tolas. Se ela fosse forte o suficiente não estariam nessa situação.

- Ser forte e ter muito poder não é a mesma coisa. – Disse Minerva – Ela tem poder o suficiente, mas não sabe como controla-los, então não adianta de nada.

- E o que pode acontecer, caso ela... – Sarah não completou a frase. Sentiu um bolo na sua garganta.

- O mau uso do poder pode nos matar, se é isso que deseja saber. – Falou ela a criada. – Agora me ajude a levanta-la.

- Não pode fazer o céu voltar ao normal? – perguntou Sarah enquanto ajudava a velha a carregar Camille até onde haviam deixado os cavalos.

Quando a tocou, ela sentiu que a menina estava fria, muito gélida, mas decidiu não falar nada sobre isso.

- Já deveria ter voltado ao normal – disse a velha bruxa por fim.

Caminharam por entre a floresta, e parecia que a cada passo que davam o ar ficava cada vez mais frio. Camille continuava a balbuciar coisas incompreensíveis, mas Sarah estava ciente de que a velha sabia mais do que estava disposta a lhe contar.

Quando finalmente chegaram aos cavalos, colocaram Camille sobre a égua, Matilda, e o animal relinchou empinando-se sobre as patas traseiras.

- Calma menina – disse a bruxa, passando as mãos enrugadas pelo pescoço da égua. – Acalme-se.

Sarah montou no outro cavalo e Minerva seguiu puxando as rédeas de Matilda. Seguiram em direção a velha cabana.

- Para onde estamos indo? – quis saber Sarah.

- Vamos leva-la até a minha cabana – respondeu a velha, de má vontade. – Lá terei condições de lhe dá com ela.

Em poucos minutos chegaram na velha cabana da bruxa. Sarah sentiu-se surpresa ao ver que era apenas uma velha cabana de madeira e que não havia nada de teias de aranhas, nem morcegos pendurado no teto. Suspirou aliviada.

- Desculpe decepciona-la – disse a velha, seu tom estava carregado de sarcasmo.

- O que disse?

- Acredito que esperava ver outra coisa quando entrou em minha casa, algumas perninhas de aranhas, e alguns morcegos talvez – esclareceu ela.

Sarah não respondeu mas não pode deixar de comparar o que a velha tinha dito com as palavras de Camille naquela manha.

Minerva puxou uma cadeira empoeirada e pediu que a criada se sentasse.

- Não estou acostumada a receber visitas – disse ela depois de alguns minutos. Estava remexendo em alguns livros e potes com ervas.

- Não se preocupe comigo – disse a criada – apenas faça com que ela volte ao normal.

Assim que Minerva achou tudo o que precisava, sentou-se ao lado de Camille, que estava deitada sobre uma cama pequena demais. A velha abriu um livro e o colocou sobre o colo, alisando suas páginas amareladas.

Pegou uma efusão de ervas que havia preparado, e derramou sobre ela, encharcando-a da cabeça aos pés. Depois começou a ler o que estava no livro.

A medida que a velha recitava as palavras, Camille parecia tremer um pouco mais, até que estava sacudindo na cama. Sarah levantou-se sobressaltada e correu para ficar ao lado da cama.

- Segure-a – ordenou a bruxa. – Estou quase acabando.

Sarah não sabia como aquilo ia trazer a jovem lady de volta, parecia mais que estavam expulsando algum demônio, ela não sabia se era esse o caso. Não sabia de nada, então fez o que a velha de pedira.

Depois de alguns minutos ela sentia que a jovem se acalmava sob suas mãos.

- Diga que ela ficará bem – pediu ela, sentando na beirada na cama.

Sentia-se exausta.

- O contra feitiço funcionará por hora. – foi tudo o que a mulher lhe disse.

Pelo menos ela não está mais recitando aquelas palavras – pensou Sarah, e pôs-se a esperar.

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Estamos quase chegando na parte legal, gente. Espero, de coração, que estejam gostando. 

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