Benedict se sentiu arrastar. Mas achou que estivesse sonhando.
Se fosse a fera, não o arrastaria dessa forma, já o teria dilacerado com um só golpe ou mordida.
Sentiu-se flutuar. Estava leve, como se estivesse envolto em uma bruma, sentiu algo frio tocar a pele quente, parecia que estava em brasa, e depois não sentiu mais nada.
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Camille continuava instigando a égua, que agora se arrastava pela clareira. Podia sentir os primeiros raios da manhã atravessarem a copa das arvores e lhe queimar a pele. Já não nevava mais, e ela não podia está mais grata por isso.
- Só mais um pouco querida – sussurrava para a égua – já estamos chegando.
Tinha seguido para uma cabana escondida no meio da floresta, um lugar para onde costumava ir quando queria ficar sozinha. Não conseguiu pensar em outro local quando viu Benedict jogado no chão e cheio de sague. Lá, ela poderia encontrar tudo o que precisava.
Chegando ao local, retirou os galhos que cobriam as portas da pequena cabana, e as abriu.
Fez um gesto para que a égua se inclinasse, e o animal obedeceu. Ela desmontou e rapidamente pegou as pernas de Benedict e o arrastou para dentro da cabana colocando-o em uma pequena cama.
Camille retirou a capa que trazia em volta do corpo, e encheu uma bacia com água. Abriu os armários, a procura de panos limpos, e abriu o seu livro, passando as paginas rapidamente até achar a receita de efusão de ervas.
Verificou os frascos de ervas frescas que estavam em uma das muitas prateleiras empoeiradas, pegou algumas delas, e despejou na bacia com água, depois mergulhou os panos no liquido de cor estranha.
Voltou-se para Benedict, que ainda se encontrava inconsciente. Olhou para ele, grande demais para aquela cama minúscula, e pegou-se rindo da situação. Aonde estavam com a cabeça? O que pretendiam saindo no meio da noite para caçar uma fera?
Tirou-lhe o resto das roupas, deixando-o nu da cintura para cima, e pegou um dos panos no liquido de ervas, e começou a limpar todo o sangue de seu rosto.
Tinha começado a lavar o pescoço e o peito quando viu a cicatriz. Trilhou a elevação da pele bronzeada do pescoço dele com o dedo indicador, e se pegou pensando em como aquilo o deixava ainda mais atraente. O que estava acontecendo com ela? Havia achado Benedict Tickle atraente? Só pode ter batido a cabeça.
Acabou de limpa-lo, e voltou para as ervas. Pegou o livro passando, novamente, as paginas, dessa vez a procura de um cântico poderoso. Já o tinha feito poucas vezes, mas não teve muito sucesso. Ajoelhou-se ao lado da cama e começou a recitar as palavras que estavam escritas, com uma voz sonora e ritmada.
De repente, sentiu-se muito cansada. Sentia fome e sede, mas não havia nada para comer. Inclinou-se sobre um balde e com as mãos em concha levou um pouco de água a boca. Lavou o rosto com água fria, e deitou-se ao lado de Benedict.
Em poucos minutos havia adormecido.
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Antes mesmo de abrir os olhos, Benedict sentiu que algo muito estranho estava acontecendo. Sentiu um corpo ao seu lado, e um calor tomou conta de seu corpo.
Ainda de olhos fechados, levou uma mão à testa, e se deparou com algo úmido e de cheio estranho. Levou a mão a lateral do pescoço e ao peito, pescou um pedaço de pano, e o jogou longe. Abriu os olhos, e a primeira coisa que viu foi a figura de Lady Camille Winthrop deitada ao seu lado.
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Northwest Village
FantasyConhecidos desde criança Benedict e Camille acabam entrando em um aventura ao descobrirem que uma fera está rondando suas terras. Após uma atitude impensada os dois se veem ligados e obrigados a se casarem, mas o que Benedict não sabe é que Camille...