Capítulo 17

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Camille sentiu a presença de seu marido antes mesmo que ele chegasse até ela.

Deixou a cabana, repetindo para si palavras antigas que aprendera no livro que a velha bruxa lhe dera, eram palavras de poder, há muito tempo havia aprendido que a sua força, a origem do seu poder vinha da natureza. Em momentos como esse, quando sentia que mal podia conter toda a sua força dentro de si, repeti-las fazia com que ela se acalmasse, como se poder voltasse para a sua fonte original.

Foi até sua égua e começou a montá-la quando um movimento a fez parar.

- Camille, o que faz aqui? – Benedict perguntou logo atrás dela.

Antes mesmo de virar-se para encara-lo sentiu as lágrimas lavarem lhe o rosto.

- Ah Bennie. – ela disse e correu até ele. Ele a acolheu entre os braços e sentiu que ela tremia.

Seu próprio corpo estava sendo sacudido com os soluços e os tremores que vinham do corpo dela.

- Me conte o que aconteceu? – pediu ele – porque está aqui? Está ferida? - quis saber ele.

Ela negou com a cabeça.

- Não posso. – disse-lhe. – nunca me perdoaria.

- Venha, a levarei para casa, mas não pense que estará livre de me dá uma explicação. – ele disse e a acompanhou até o cavalo.

********

Ao chegarem em casa, viram que todos ainda dormiam. Cruzaram com uma criada nas escadas e Benedict lhe pediu que enchesse uma banheira com água quente.

Poucos minutos depois dois empregados enchiam uma grande banheira de madeira.

- Entre – mandou ele, assim que os empregados deixaram o aposento. Ele trancou a porta.

Camille lhe direcionou um olhar interrogativo, e negou com um movimento de cabeça.

- Nem pense nisso – ela disse segundos depois, se afastando dele.

- Não tenha medo – Benedict disse em tom suave – me deixe mima-la, verá como este banho lhe fará bem – continuou ele e estendeu a mão para ela.

Hesitante Camille pousou sua mão sobre a dele.

- Permita-me – disse ele levando as mãos ate a frente da camisa que Camille vestia, e começou a desabotoa-la.

Desde que casaram-se, imaginou-se despindo a mulher de várias maneiras, mas nunca imaginou que ela estaria vestida com trajes masculinos. E tinha que admitir que ela estava terrivelmente atraente naquelas roupas.

Sentiu a esposa ficar ofegante quando meio que sem querer querendo sua mão roçou o mamilo dela. Tentou conter o sorriso de satisfação quando ela o encarou com aquele olhar desafiador. Sabia que logo, logo era a vez dela brincar com ele, e Benedict tanto amava quanto temia esse momento.

Depois de despi-la ele pediu que ela entrasse na banheira e ela o fez, e após tirar as próprias roupas ele também entrou na banheira, sentou-se e começou a lavar lhe os cabelos.

- Diga-me o que aconteceu – pediu ele num sussurro – porque estava naquele lugar? Arrependeu-se de ter casado comigo? – quis saber. - Fiz algo que a fez mudar de ideia?

Ela não disse nada, mas ele sentiu o corpo dela de empertigar sob suas mãos. Ela tentou vira-se de frente para ele mais ele a segurou no lugar.

- É o que pensa? – perguntou ela ainda de costas.

- Não sei o que pensar Camille – responde ele. - acordei e não a vi ao meu lado, simplesmente não soube o que pensar.

- Apenas fui visitar uma velha amiga.- disse ela por fim. - e no momento - ela virou para ficar de frente para ele - isso é tudo o que precisa saber. 

Jamais o deixarei - eram as palavras que ela queria pronunciar, mas não podia, não naquele momento, não sem explicar mais.

Ela se aproximou, colando seus corpos, acariciando o rosto do marido com os dedos frios, roçou os lábios nos dele.

- Camille - ele sussurrou com um suspiro, e a tomou com fervor.

*****

Camille sabia que uma simples resposta, como a que dera a Benedict, não seria suficiente. O marido estava desconfiado, e o pior, curioso, sobre o que ela havia ido fazer naquele lugar. Sabia que tinha sido um erro tê-lo levado até a cabana da bruxa, naquela tarde do encontro com o lobo, arriscara-se demais, mas para onde mais ela poderia ir?

Ela tocou as mãos que estavam sobre seus ombros e as sentiu relaxar, então virou-se de frente para ele.

Odiava o que ia fazer a seguir, mas não havia escolha. Ela precisava tirar a fuga da cabeça dele, ele precisava de outro foco.

Camille odiava ter que usar a si mesma para fazer isso, odiava ter que recorrer a artimanha da sedução.

Ela sentia algo muito estranho se expandindo dentro de si, só não sábia explicar o que era.

- Não estou arrependida, apenas me preocupo que algo possa tira-lo de mim – disse com sinceridade e o beijou em seguida.

Camille apertava e esfregava o corpo molhado e nu no do marido, sem se importar com a agua que escorria pela banheira e molhava o quarto.

- Não! – Benedict disse entre um beijo e outro, e tentou afasta-la. – Não posso, você ainda deve está dolorida. – ele explicou.

- Por Favor – pediu ela – faça amor comigo.

Ela voltou a beija-lo e vendo que não havia resistência permitiu-se perder o controle ao lado dele.

*******

Agora era a vez dele velar o sono dela.

Camille dormia há algumas horas, e Benedict se perguntava o que ela tinha feito para que estivesse tão cansada. Tirando o que haviam feito na banheira, claro.

Ela falava uma língua estranha enquanto dormia, e remexia-se de um lado para o outro na cama.

- O que está escondendo de mim, meu amor? – disse ele, e alisou os cabelos, ainda úmidos, dela.

- Milorde? – alguém o chama, e logo em seguida uma criada adentra o quarto. – O conde deseja vê-lo.

- Diga a ele que estou indo. – disse ele.

Levantou-se, e foi até o lavabo para limpar-se. Na cama, Camille continuava a balbuciar palavras estranhas. Ele resistiu ao pensamento de ela ter adoecido, e voltou sua atenção para o que estava fazendo. Arrumou-se e foi ter com o Conde.

Já era tarde quando Camille acordou. Assustada, abriu os olhos e olhou em volta.

Estava em casa.

Sentiu uma alivio tomar conta de seu corpo, afinal tudo não havia se passado de um pesadelo.

Levantou-se e tocou o sino para chamar Sarah, a criada.

- Me chamou Milady? – perguntou Sarah, após alguns minutos.

- Sarah... – começou ela com certa hesitação – o que aconteceu hoje?

- O que quer dizer milady? Não lembra o que aconteceu? – perguntou-lhe a criada.

- Então quer dizer que a bru... – não terminou a frase.

- Sim Milady, é verdade. – Confirmou Sarah.

- O que Benedict sabe? – quis saber.

- Ele apenas desconfia de algo minha senhora, mas não sabe o que... E não demorará a descobrir – completou a criada.

- Agora venha, - disse Sarah indo até ela – já estão lhe esperando para jantar. 

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