Capítulo 12

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Camille acordou na manhã do seu matrimonio e sentiu que algo estava diferente.

Levantou-se e correu até a janela, a tempo de ver mais um floco de neve cair. Abriu a janela e o tomou na mão.

- Milady? – Sarah entrou no quarto carregando um vestido nos braços. – Que bom que já levantou, já preparamos o seu banho.

Camille assentiu uma vez, e deixou que a criada lhe despisse, e seguiu para o quarto de vestir, onde haviam colocado uma banheira com água quente.

Sarah despejou uma essência de rosas em seus cabelos e começou a esfrega-los.

- Estais nervosa minha senhora? – quis saber a moça.

- Não sei como devo me sentir – confessou Camille – o conheço a tanto tempo e nunca o imaginei como meu marido.

- Não serás só uma esposa Milady, serás uma viscondessa, pois soube que o visconde fez questão de passar o titulo e as terras para o filho, após o casamento. – disse a criada.

- Benedict não me falou nada sobre isso – disse Camille para ninguém em especial.

- A vila toda comenta sobre o teu casamento – continuou a criada, agora esfregando as costas de Camille. – Alguns comentam que já sabiam que isso estava para acontecer. Outros dizem que o lorde a seduziu.

- Mas nós duas sabemos da verdade, Sarah – disse Camille, e levantou-se da banheira. Sarah derramou uma jarra de água limpa e morna na cabeça de sua senhora, e estendeu uma toalha para que a lady pudesse se secar.

E a conduziu até o quarto ao lado, onde o vestido a aguardava.

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Camille continuava contando.

... 87, 88, 89...93, 94, 95 ... 99... 104... 122

- Nervosa? – perguntou sua mãe entrando em seu quarto.

Camille sentou-se na beirada da cama e encarou os baús com os seus pertences, que esperam para serem levados para o seu novo lar.

- Bem – começou a condessa e sentou-se ao lado da filha – acho que lhe devo algumas respostas.

- Sobre as núpcias imagino – disse Camille um tanto amarga.

- Creio que ainda não saiba nada sobre isso – disse Lady Louisa.

- Ah mamãe, a senhora também? – disse Camille e levantou de um salto. – não houve nada. Benedict não me seduziu.

- Creio que não se possa voltar atrás agora – disse a condessa.

- Espero não ter tomado o caminho errado.

- O errado talvez não – disse sua mãe – mas o mais difícil eu creio que sim.

Camille não disse nada, apenas assentiu.

- Acho que está na hora de irmos. – disse ela por fim.

A condessa assentiu uma vez, e ofereceu o braço a filha, que o aceitou. E assim as duas seguiram até o andar inferior, onde a carruagem as aguardavam.

**************

Benedict aguardava ansioso no altar da pequena capela.

O bispo, que estava responsável por dá a benção, vez ou outra lançava um olhar curioso na direção dele. Depois de uns minutos de atraso, Benedict imaginava que Camille tinha desistido de tudo. Que tinha pego sua égua e fugido para algum lugar, até que viu a carruagem do conde parar em frente a capela, ai sentiu o seu coração parar de bater.

Lá vinha a sua noiva.

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Camille estava atrasada.

Mas a culpa não era sua. Assim dizia Lorde Winthrop, a fim de convencer a filha e a si mesmo.

A verdade é que nevava. Sim, a neve tinha tomado grande parte da estrada, e o cocheiro tinha se deixado atolar mais de duas vezes.

- Só houve uma nevasca maior que essa – disse Lorde Winthrop – e foi quando você nasceu – continuou ele.

Não nevava muito por aqueles lados, e Camille, melhor que ninguém, sabia de quem era a culpa.

Soltou um longo suspiro quando finalmente a carruagem parrou diante da capela, onde o casamento aconteceria.

O conde saltou do veiculo, e ofereceu uma mão para a condessa descer, e depois a ofereceu a sua filha.

- Sarah, me ajude com o véu – pediu ela.

E antes que pudesse dá o primeiro passo em direção ao altar, ela a viu.

A velha senhora, aquela que tinha lhe dado o livro.

- O que houve Milady? – Sarah quis saber – estais branca como um fantasma.

- Olha lá Sarah – disse Camille apontando na direção onde tinha visto a mulher – é ela. Ela voltou.

Sarah olhou ao redor, mas não viu nada, então voltou a atenção para a noiva.

- Tenho que falar com ela – disse Camille, tomando o caminho oposto ao da igreja.

- Senhora aonde vai – gritou a criada aflita.

- Minerva – Camille a chamou.

- Vim lhe desejar feliz bodas, minha senhora- disse a mulher, se curvando em uma reverência.

- Por onde estavas? Precisei demais de ti e tinhas sumido. – disse Camille.

- Não podia voltar – disse a pobre mulher.

- Como assim? Então porque voltaste? – quis saber

- Tenho que te alertar. – a mulher disse. – não sabes o caminho perigoso que tais tomando, menina.

- Não entendo, porque diz isso?

- O gelo jamais poderá amar o fogo. – disse a mulher. – Teu casamento trará a toma verdades que são piores que as mentiras.

- Eu não tenho escolha, Minerva – confessou.- E o que queres dizer com isso? – perguntou ela.

- Terás que aceitar as consequências. Muitos segredos virão á tona, e nenhum deles te trará felicidade. – e com isso a pobre mulher foi embora.

Camille sentiu algo frio escorrer por seu rosto, e percebeu que estava chorando.

- Milady, o que aconteceu? – Sarah perguntou

- Não aconteceu nada, Sarah – ela respondeu – venha, agora eu tenho que casar.

A criada assentiu uma vez, e arrumou o véu e o vestido de sua senhora, e assim Camille entrou na capela.

O gelo nunca poderá amar o fogo.

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