Naquela noite, Camille fingindo uma indisposição, subiu para seus aposentos, logo após o jantar.
Benedict ofereceu-se para acompanha-la, mais essa recusou a oferta e direcionou ao marido um sorriso inocente. Entrando no cômodo chamou sua criada com urgência, e esperou que ela viesse ao seu encontro.
- Sente-se bem Milady?- questionou Sarah, assim que adentou ao quarto da patroa. A mesma estava sentada diante da penteadeira, como de costume, com uma expressão indecifrável no rosto.
- O que houve senhora? – exclamou a criada desabando na cama de sua senhora sem a menor cerimônia – o que aconteceu?
Camille lhe relatou o que aconteceu na cabana da velha bruxa, Minerva.
- Sabes algo sobre essa lua, Sarah? – quis saber – pois preciso fazer de tudo para detê-la ou tarda-la ao máximo, ou será meu fim. – continuou.
- Ouvi alguns moradores comentando que essa é a melhor época para caçar criaturas. – comentou.
- Criaturas? – Camille repetiu.
- Sim, minha senhora – confirmou ela – bruxas, lobisomens... Dizem que é o período onde todo o mal fica a solto. É muitíssimo perigoso, mas também, dizem que é quando vale a pena caça-los – continuou baixando o tom de voz, como se estivesse compartilhando um segredo.
- Acreditam em lobisomem? – perguntou Camille.
- Ouvi o dono do mercado comentando que essa fera, que está ameaçando a vila não tem nada de natural. Alguns pensavam ser um lobo, mas outros dizem que é. Que não pode ser bicho. Muitos creem ser um lobisomem.
- Não acredito – disse ela com um certo desdém na voz. – se houvesse mais alguma criatura eu saberia. Eu sentiria. – completou.
- Milady, que a senhora me perdoe, mas não acredito que ainda deva confiar naquela bruxa. Não ouviu o que ela lhe disse?
- Ela fez com que eu me descobrisse, me ajudou quando mais precisei, e não sei se fez isso para o meu bem ou mal, mas já que sou desse jeito, não tenho mais que negar – fez uma pausa – e não confio nela, Sarah. Tenho meus instintos, sei que Minerva está me escondendo algo.
Camille podia ter suas diferenças com Minerva, mas lhe devia muito, estava salva graças a ela, e nem podia se quer pensar no que teria acontecido caso não a tivesse encontrado, ou melhor, caso Minerva não a tivesse encontrado.
- E o que vamos fazer, minha senhora? – quis saber a criada – a lua cheia atingirá o topo dentre de algumas semanas.
- Talvez precise interferir um pouco – responde com um sorriso travesso brincando nos lábios.
- Mas é possível?
- Confesso que nunca fiz nada parecido, que fosse preciso tanto poder – confessou ela – precisarei que me ajude.
- No que precisar, e que Deus me ajude.
********
Alguns dias depois.
- Mas como vou fazer o que me pediu, milady? – quis saber a criada já entrando em desespero.
- Disse que me ajudaria – disse Camille.
- E ajudarei – confirmou Sarah – mas não creio que seu marido acreditará nessa desculpa. – continuou ela.
- Temos que tentar alguma coisa, não temos? Benedict não ficará questionando desde que façamos as coisas bem feitas. – Rebateu ela.
- Então direi a ele que a senhora está estudando sobre as plantas? – repetiu, buscando assimilar a ideia.
- Isso – exclamou ela – estarei estudando botânica, e nem será uma grande mentira.
- Tens outra ideia melhor? – disse ela fechando a cara, assim que viu a expressão incrédula da criada.
- Espere Milady – respondeu-lhe fazendo um gesto com a mão – talvez eu tenha pensando em uma desculpa melhor.
- Então diga logo – pediu com impaciência.
- Diga que está entediada, e que vamos fazer caminhadas, ou passeios a cavalos todos os dias, - a criada fez mais uma pausa e a encarou – podemos dizer que a senhora vai desenhar, ou visitar uma amiga, ou até refrescar-se num rio próximo. Será várias desculpas ao invés de uma e ele não poderá questiona-la sobre tais coisas.
Camille riu diante da genialidade de sua amiga e puxou-a para um abraço.
- Oh Sarah, o que seria de mim sem você? – disse ainda a abraçando.
- Só sei de uma coisa milady, que não quero descobrir o que o jovem visconde fará conosco quando descobrir o que estamos fazendo.
- Ele não saberá – garantiu ela – eu cuidarei disso.
- Amanhã Sarah – continuou ela – amanhã começarei a arrumar essa bagunça.
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Na manhã seguinte ambas encontravam-se nos estábulos, esperando que seus respectivos cavalos fossem selados .
Benedict, o novo visconde Tickle, iria a vila com o velho lorde Tickle e com lorde Winthrop, pai de Camille, para se reunirem com outros lordes da região a fim de fazerem o que quer que os homens fazem ao se reunirem.
Então usando a desculpa de que o dia estava quente, e de fato estava, Camille estava pronta para o seu passeio matinal.
- Foi mais fácil do que imaginei – ela disse ao lado de Sarah. A criada rolou os olhos e alisou as saias buscando conter a ansiedade.
- Nem sempre será tão fácil assim – respondeu ela – Tem certeza de que é seguro, Milady?
- Por acaso está querendo estragar meu humor? – perguntou-lhe emburrada – e sim, Sarah , estou certa de que é seguro. Sei bem o que estou fazendo.
Sarah não disse nada, apenas assentiu uma vez e logo viram o menino dos estábulos fazer uma curva puxando dois belos animais pelas rédeas.
Camille acenou para o marido quando ele subiu na carruagem, e aceitou a mão de um servente para ajuda-la a subir na égua. Não usava calças e sim um de seus vestidos de caminhada.
Sarah montou seu animal e esperou o sinal de Camille para seguirem floresta adentro. Camille esperou a carruagem passar pelos portões da entrada das terras, e depois esperou mais alguns minutos e seguiu pela clareira atrás da casa.
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Northwest Village
FantasyConhecidos desde criança Benedict e Camille acabam entrando em um aventura ao descobrirem que uma fera está rondando suas terras. Após uma atitude impensada os dois se veem ligados e obrigados a se casarem, mas o que Benedict não sabe é que Camille...