Sabe, eu estou começando a pensar se eu devia mesmo me controlar tanto pra não fazer o que eu quero. Essa depressão, essa ansiedade, essas vozes e imagens, tudo só me leva a fazer uma coisa, e só isso o que eu quero desesperadamente fazer, preciso fazer, eu sinto uma raiva tão grande dentro de mim, eu seria capaz de bater em uma pessoa até ela sangrar tanto que perderia a consciência.
Sabe, eu olho pro meu espelho e a única coisa que eu quero é quebrar ele inteiro, e pegar os cacos de vidro e fazer cortes pelo meu corpo, cortes profundos e que deixariam marcas grandes. Só quero acabar com o grito preso na minha garganta, só quero acabar com essa raiva, com esse medo, com essa vontade louca de fugir.
Quero gritar pro mundo o quanto eu o odeio, quero gritar tudo o que está preso dentro de mim, quero que tudo exploda, quero destruir esse meu quarto que é a versão real da minha prisão pessoal. Eu não sei quanto tempo aguentar, não sei o que fazer, não sei nem se vou conseguir acordar amanhã, e eu nem quero acordar mais, nunca mais, eu estou ao ponto de explodir e destruir cada rastro de felicidade existente na minha vida.
Nesse momento, lágrimas escorrem pelo meu rosto, mas são lágrimas de raiva, lágrimas invisíveis e secas que doem quando derramadas pelo simples fato de não serem derramadas.
