I

743 64 21
                                    

Desde a noite de Outono em que Sherlock contou sobre os acontecimentos do seu passado e John teve coragem de se declarar apaixonado pelo moreno, tudo havia mudado.

Sherlock não era mais o garoto isolado, visto sempre sozinho e evitando qualquer tipo de contato humano. Agora ele sempre tinha um baixinho loiro ao seu lado, mais especificamente, com a mão entrelaçada a sua ou apertado em seu abraço.

John, por sua vez, tornou-se mais sorridente e simpático que o normal. Tinha orgulho em dizer para todos que Sherlock era seu namorado e constantemente se entusiasmava ao contar as maravilhosas deduções do garoto. Fazia questão de que soubessem do quanto estavam felizes e juntos.

Foi um alívio que, ao contarem sobre o relacionamento para os amigos de John e para os familiares dos dois, só se ouviram comentários positivos.
Inclusive Anderson e Donovan gostaram da notícia, aproveitando o momento para se desculparem pelo tratamento tão hostil com o cacheado. Aquilo não significava que seriam melhores amigos, porém, que se tratariam com respeito.
Principalmente porque passariam bastante tempo juntos, pois Watson não admitiria ficar longe de seu grupo na escola nem longe do namorado.

Os meses se passaram rapidamente e logo chegou o recesso de final de ano. Eles teriam duas semanas para passar as festas com seus familiares e terem folga da rotina escolar.
John iria junto a Greg e Harry visitar a família no interior, ficando apenas pela semana do Natal. Já Mycroft e Sherlock viajariam por mais tempo, encontrando os pais e o resto da família no País de Gales.
John sentia-se desanimado por ter de passar o período praticamente todo longe de Sherlock. Queria que o garoto voltasse um pouquinho antes, para passarem ao menos o Ano Novo juntos.

Para sorte do loiro, assim que voltou à capital, dois dias após o Natal, seus amigos estavam por lá. A fim de saber as novidades natalinas e se divertir, Watson chamou Molly, Philip e Sally para assistir filmes em seu apartamento.
Greg e Harry estavam trabalhando e Sherlock, distante. Logo, aquela tarde com os amigos ajudaria a se distrair.

Molly foi a primeira a chegar, por morar mais perto, e John se alegrou em vê-la. Era com ela com quem mais passava o tempo nos últimos meses, pois Sherlock apreciava sua presença mais do que a de Philip e Sally.
Poucos minutos mais tarde, o casal chegou trazendo pipoca de micro-ondas e uma série de guloseimas.
Demoraram um bom tempo tentando escolher qual filme iriam assistir, sendo que Anderson e John queriam que aquela tarde se resumisse à filmes de terror. Hooper reclamou um pouco, por não ser fã do gênero, mas o desdém de Sally foi considerado como aprovação e a escolha foi a vencedora.

Por ser Inverno, logo escureceu e os jovens mal se atentaram a isso.
O filme escolhido havia sido realmente bom, pois foi capaz de prendê-los à história desde o começo. Até mesmo Sally, que julgava filmes de terror ridículos, mantinha os olhos esbugalhados sobre a televisão. 

Na cena que passava, um casal corria por uma mansão, fugindo de uma espécie de demônio assassino. Eles finalmente encontraram um local que servisse de esconderijo, porém, ouviam a criatura se aproximar lentamente.
A antecipação e o receio do que iria acontecer tomava conta dos personagens e, por consequência, dos quatro amigos que assistiam ao filme. O silêncio era cortante no apartamento, todos esperando a situação se resolver.
E então, um barulho estrondoso assusta a todos e faz, especificamente Molly e Anderson gritarem. 

Sally tem seu coração batendo rapidamente, quase querendo saltar, porém, alcança o controle da televisão para pausar o filme.
- O barulho não foi do filme. – ela sussurrou, olhando para a porta e fazendo todos acompanharem.
Os olhares permaneciam arregalados, estavam perdidos, sem saber o que fariam.
- Será que é alguém tentando entrar? – John perguntou, levantando devagar.
- Cuidado, John. – Hooper se encolhia no sofá.
Outro barulho foi ouvido, dessa vez, acompanhado da maçaneta girando insistentemente.

Don't Go AwayOnde histórias criam vida. Descubra agora