Dois anos se passaram.
Sherlock, para própria surpresa e daqueles ao seu redor, adaptou-se bem ao ambiente universitário.
Os colegas de faculdade se mostraram muito diferentes daqueles do colégio, principalmente por não o acharem esquisito ou tentarem isolá-lo. Sua inteligência, ao invés de assustá-los, era motivo para admiração, até mesmo de professores! Finalmente outras pessoas viam o brilho que John havia identificado no momento em que pôs os olhos no cacheado.
Holmes também teve as expectativas cumpridas em relação a todas as aulas nas quais pôde ingressar, além do enorme laboratório a disposição de suas inúmeras experiências.
Mas era certo que parte dessa satisfação toda era uma consequência da progressiva amenização de sua arrogância, fruto dos anos de relacionamento com Watson. O moreno se tornou uma pessoa bem mais fácil de se lidar, ainda que mantivesse sua essência.John também viu suas expectativas sendo superadas ao iniciar o curso, pois medicina se mostrou ainda mais inspiradora!
Sua personalidade carismática e cuidadosa encantou a todos, não tendo sido um desafio se enturmar. Tal fato gerou uma ou duas crises de ciúmes no relacionamento, pois alguns dos novos colegas se viram apaixonados pelo loiro e isso definitivamente não agradava Sherlock. Felizmente, Watson não conseguia se imaginar com outra pessoa, sentindo-se tão apaixonado pelo cacheado quanto no momento em que se conheceram.
Em relação ao emprego na cafeteria, o garoto precisou deixá-lo por conta da alta carga horária dedicada a faculdade. Por outro lado, conseguiu uma oportunidade diferente com um amigo de Harry... Ele passou a trabalhar em uma boate local, apenas durante os finais de semana, pela parte da noite. Dessa forma, conseguia algum dinheiro conciliado aos estudos.
Os amigos deles seguiam bem. Cada um em sua respectiva faculdade e se esforçando para manter o grupo unido, fazendo questão de encontrarem-se ao menos uma vez por mês!
Sally e Philip, apesar de algumas idas e vindas, mantiveram o namoro, o que era outro ponto de surpresa para todos. Os dois realmente davam certo juntos!
Já Harry e Molly tiveram maiores desafios. A mais nova fora para uma faculdade em outra cidade, dificultando o relacionamento com a loira. Todavia, apesar de não estarem em um namoro propriamente dito, sempre que se encontravam agiam como se estivessem. Ao final, combinaram de manterem-se dessa forma até que Molly retornasse para a capital.
Greg e Mycroft eram um caso a parte. Qualquer um que os olhasse diria que já estavam casados há anos, tamanha era a sintonia, dedicação e companheirismo. Ao lado um do outro, viam suas carreiras crescerem juntamente ao relacionamento.
Lestrade recebera duas promoções nos últimos anos, tornando-se um destaque da Scotland Yard e rumando ao seu objetivo de virar inspetor detetive. Já o Holmes mais velho, embora não pudesse dar detalhes sobre suas funções, estava claramente aumentando sua influência nas questões governamentais, pois era cada vez mais requisitado fora do horário padrão e frequentava inúmeros jantares importantes.
Todas essas mudanças os guiavam, aos poucos, a tornar realidade a aparência: queriam morar juntos, casar, ter uma família. Queriam fazer tudo com calma, apesar de sentirem certa urgência para estarem unidos plenamente.
E o conhecimento disso, por parte de Sherlock e John, fazia-lhes pensar no próprio relacionamento. John acreditava que o maior motivo para o primo e o cunhado não estarem morando juntos era ele, pois certamente Greg não iria deixa-lo sozinho. Era uma boa demonstração de amizade, porém não parecia certo que o grisalho esperasse o mais novo se formar e se estabelecer na profissão para conseguir ser feliz com o namorado.
Uma boa alternativa seria ele sair do apartamento por conta própria, deixando Lestrade livre, entretanto... Não seria fácil. Ele não conseguiria bancar um apartamento! O trabalho no bar era razoável, mas apenas lhe permitiria dividir as contas. E, de preferência, com alguém próximo!
Pensou em ir morar com sua irmã, mas não era o indicado. Ele vivera com a loira a maior parte de sua vida e não foi nada pacífico. Agora que estavam finalmente se dando bem, era melhor manter as coisas separadas.
Restava, então, o seu maior desejo: morar com Sherlock.
O problema era que o namorado não estava muito animado com essa ideia.
Holmes tentara explicar que sua motivação para não se mudar com o loiro era, primordialmente, a falta de recursos. O cacheado nunca se imaginara trabalhando corriqueiramente e isso nunca fora um problema para sua família, que manteve e ampliou os bens de geração em geração. Ele recebia uma mesada generosa, mas também tinha gostos grandiosos, que não o permitiriam ter dinheiro suficiente para dividir as despesas. Os imóveis em Londres eram caros! Principalmente aqueles que se situavam próximos das faculdades dos dois.
Todavia, quem sabe o universo não pudesse cooperar?
O casal estava em um táxi e Holmes fizera um enorme mistério sobre o destino. Estava frio, então ambos estavam bem agasalhados e, como uma forma a mais de aquecimento, abraçados.
- Você não vai contar mesmo sobre o lugar ao qual estamos indo? – John aconchegou a cabeça no corpo do mais alto, a fim de olhá-lo.
Ao ver aqueles olhos apaixonantes o fitando, queimando em curiosidade, o cacheado se rendeu. Com um suspiro, ele concordou com a cabeça e beijou a testa do namorado.
- Bem, você estava querendo que morássemos juntos, porém precisávamos de um local razoavelmente situado por conta de nossos deslocamentos diários e que estivesse dentro de um intervalo de valor quase impossível...
O loiro o observava com certa desconfiança. Não sabia se era uma espécie de brincadeira, na qual o moreno levantaria outros mil motivos para não se mudarem juntos, mas valeu a pena não o interromper e esperar que terminasse de falar.
- Enfim, há algumas semanas surgiu um caso em meu blog de uma senhora com uma situação delicada envolvendo o marido. Eu a ajudei e, em troca, ela ofereceu um desconto generoso no aluguel de um apartamento do qual é proprietária.
Ok.
Sherlock não apenas considerou a possibilidade de morarem juntos como também se esforçou para conseguir um lugar?
O rosto do loiro se iluminou com essa nova faceta do amado! Significava tanto para si essa atitude... Ele ficara bastante decepcionado quando recebeu do mais alto argumentos prontamente contrários para aquela mudança. Acreditava que, além dos motivos citados, havia receio do cacheado em morar consigo.
Porém, diante daquilo, viu que não podia estar mais enganado! Holmes nunca tomaria tal iniciativa se não estivesse compartilhando do desejo.
- Isso parece ser ótimo, Sherlock! É tão lindo que você tenha corrido atrás disso. - John sorria abertamente, com um olhar de fascínio fixado no outro. – Onde fica? Como é? Conte-me mais!
- Se você for um pouco paciente, essas perguntas serão respondidas. – ele notou o desconserto no rosto do mais baixo e deu uma risada leve. - Nós estamos indo para lá agora mesmo. Fica na Baker Street, 221. – ele sorriu com a felicidade estampada no rosto de Watson.
Adorava surpreendê-lo assim. E uma pontinha também gostava de perceber a própria mudança.
Ele amava tanto John que fora capaz de aceitar uma espécie pagamento por um caso resolvido em seu blog da ciência da dedução! Isso nunca esteve em seus planos, entretanto... Tudo era passível de análise, se fosse para fazer seu Jawn feliz.

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Don't Go Away
FanfictionSherlock BBC | Teen!lock | Johnlock | Continuação de Wonderwall | TW: Relacionamento abusivo/obsessivo Desde que iniciaram seu namoro, Sherlock e John vivem ótimos momentos. Estão cada vez mais próximos, unidos e dependentes do amor um do outro. E...