XVII

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A primeira coisa que Sherlock requisitou, assim que foi liberado pelos médicos, foi ver John. Ele não se importava com nada mais.

Devido ao golpe levado na nuca, foram pedidos exames adicionais para descartar a possibilidade de contusões sérias. A necessidade em esperar um pouco mais do que o esperado não pareceu afetar Holmes. Afinal, ele havia sido paciente durante os últimos meses... Algumas horas seriam irrelevantes.
E isso se confirmou no momento em que pode encontrar com o loiro. Cada segundo de espera valeu a pena! Estar vendo o garoto de tão perto, sem preocupações com Moriarty ou qualquer outro empecilho, era uma das melhores sensações que já vivenciou.

- Estamos nos acostumando a encontros em hospitais... – Holmes disse, ainda encostado no batente da porta do quarto.
Um suspiro de alívio e felicidade saiu de John. Estava sendo difícil acreditar que depois daquele pesadelo, finalmente seu maior sonho era realidade. Sherlock estava de volta!
Ele desejava isso todos os dias!
- Um costume estranho, não? – seu sorriso foi contagiante. Logo o cacheado se direcionava a cama na qual o outro estava.

A proximidade fez com que as palavras sumissem. Quando um olhava nos olhos do outro elas não se faziam necessárias. Uma comunicação não verbal era estabelecida, sendo capaz de expressar uma enorme variedade de pensamentos simultaneamente.

Watson esticou uma das mãos, a fim de pegar a do mais alto. Queria sentir a pele macia, os dígitos longos e frios. Fechou os olhos e se permitiu desfrutar da sensação de saudade e realização que o invadiram.

Com Sherlock não foi diferente. Ele desejava todos os dias ser capaz de tocar John novamente sem coloca-lo em perigo. Estava determinado a esperar o tempo que fosse, mas não desistiria. Tal fato tornava a felicidade do momento ainda maior, por ter seu objetivo alcançado em bem menos tempo que o programado.

Sem tirar os olhos dos do loiro, devolveu as carícias na mão do garoto e tratou de entrelaçar os dedos. Queria garantir de que nada daquilo se perderia.
- Você está bem? – Watson quebrou o silêncio com um quase sussurro.
Sherlock concordou com a cabeça lentamente, sabia que estava bem agora, junto ao mais baixo.
John trouxe as mãos unidas até seu rosto, depositando um beijo demorado nas costas da mão do moreno.

- Você me desculpa? – disse no mesmo tom baixo de antes, suspirando alto.
O cenho de Holmes se franziu imediatamente.
- Nem ouse, John. – Ele fechou os olhos por alguns segundos, pensando a melhor forma de se expressar. – Você não tinha o que fazer.
O cacheado aproveitou para se sentar em uma parte livre da cama, ao lado do loiro. Respirava fundo a fim de inalar o pouco perfume do garoto que se misturava ao ar.
- Eu devia ter percebido antes... – o loiro desviava o olhar, mas o retornou ao cacheado quando foi interrompido.
- Pare. Sou eu quem espera que um dia você possa me perdoar. – Sherlock murmurou, passando a fitar o chão.

John o olhou com o cenho franzido, sem entender a fala.
- Perdoar? – ele tombou a cabeça para o lado e ajeitou-se na cama, a fim de sentar-se. – Sherlock, você não tem culpa nenhuma! Nenhuma!
O tom de voz do loiro beirava a raiva. Ele sabia que a única pessoa culpada era o nojento Moriarty.
- Você sofreu desnecessariamente! Você tinha me avisado para ter cuidado com a pessoa das mensagens e eu só o ignorei. Você estava certo o tempo inteiro.

Ao contrário do que Holmes poderia esperar, Watson não deixou a raiva ascender nem concordou com a sentença de que tinha razão desde o início. Apenas manteve-se quieto, tateou a cama em busca da outra mão do cacheado e a apertou.
- Quer saber? Nada disso importa. Nada. – ele soltou uma das mãos para levar ao rosto do mais alto, fazendo-o fechar os olhos. – Quero esquecer tudo isso. Te fazer esquecer... Nós merecemos.

Don't Go AwayOnde histórias criam vida. Descubra agora