XII

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- Não acredito que você me arrastou até aqui. – Harriet reclamou, assim que chegaram ao portão da casa dos Holmes.
- E eu ainda não acredito que você chamou Irene para sair com a gente ontem. – Molly fez uma careta, e se dirigiu ao interfone.

Hooper estava irritada com Harry, pois quando saíram na tarde anterior, Irene Adler estava junto.
Desde a festa na casa de Irene, na qual conheceu a Watson, percebeu o quão descartável era para a colega de classe. Viu-se como uma entre as várias pessoas provocadas pela estonteante garota e decidiu diminuir o contato.
Não houve nenhum tipo de briga ou discussão, conversavam normalmente durante o colégio, mas sem que a relação ultrapassasse. E tal afastamento foi auxiliado pela mudança do professor de Biologia, pois não tinham mais os trabalhos em dupla semanais.

Sendo assim, no dia anterior, quando Molly foi encontrar Harry em um shopping chocou-se ao ver Irene lá também.
Fez a garota se perguntar se as duas mantinham contato desde o dia da festa, se voltaram a estar juntas... E apesar de não ter nada especificamente contra Adler, a ideia delas continuarem se falando a irritou profundamente.
Harriet explicou, assim que a outra garota foi embora, que ambas se encontraram por acaso e ficaram conversando até Hooper chegar. Todavia, nem a explicação foi capaz de acalmar os ânimos da mais nova.

- Você ainda vai ficar me torturando com isso? – Watson choramingou.
Molly apenas deu de ombros e, quando o interfone foi atendido por Sherlock, conversou com ele a fim de entrar na residência.
O portão principal foi aberto e logo as duas estavam caminhando para a porta da casa.
- Vamos esquecer Irene Adler. Lembra do que deve fazer, certo? – Molly questionou, recebendo um aceno da outra. – Tente agir naturalmente... Não queremos que ele descubra coisa alguma.

Calaram-se ao chegar a porta levemente aberta.
Hooper, mais acostumada a residência, tomou liberdade para guiar a amiga adentro até encontrarem Sherlock, na sala de jantar.
Ele havia transformado a mesa refinada em uma bancada de laboratório, espalhando diversos itens que o ajudariam em suas experiências.

- Olá, Molly. – ele se afastou do microscópio no qual observava uma folha. – E... Olá, Harry.
Ele fitou a garota com um olhar diferente do comum. Podia-se dizer que havia uma pitada de vergonha ali, e intimidação talvez.
- Oi. – Watson foi sucinta, imediatamente desviando o olhar para o resto da sala.Ela ainda estava muito chateada com o modo como Holmes terminou com seu irmão. Aliás, teve até resistência em se juntar aos amigos de John nas investigações sobre o que poderia estar acontecendo. Por mais que tivesse uma personalidade forte e desprendida de grandes afetos, a garota se mostrava extremamente protetora em relação àqueles que amava.

- Ah, bem... – Molly sentiu uma certa tensão se formando e tratou de focar no plano. – Será que você pode me devolver aquele caderno de anotações de história que eu te emprestei na semana passada?
Sherlock franziu o cenho e a observou por alguns minutos. Por que ela teve o trabalho de ir até a casa dele para isso? Ele poderia levar na manhã seguinte, para o colégio.
Mas ele iria se conter, não queria espantar a garota.

- Claro... – Sherlock balançou a cabeça sutilmente. – Eu já copiei tudo o que eu precisava.
- Que bom, eu não queria atrapalhar você! É que eu estava passando aqui por perto e resolvi arriscar. – a amiga sorriu doce.
- Está no meu quarto. Vou buscar, tudo bem? – o garoto já retirava as luvas que usava, indicando que iria se retirar.
- Ah, eu vou com você. – Molly deu um passo a frente, em direção às escadas. – Me espera aqui? – dirigiu a pergunta à Watson.
- Sim. – Harry concordou e logo desviou o olhar para o celular de Holmes, que ficara sobre a mesa.
A loira agradeceu mentalmente pelo garoto não ter levado o telefone consigo. Aquela era a real intenção da visita!

Assim que Molly contou para Mary sobre a intenção dela e do resto do grupo em entender o que acontecia com Sherlock, a loira concordou em compartilhar tudo o que sentia e desconfiava.
Embora tenha se sentido traindo John, ao contar do encontro do ex-casal na cafeteria, sabia que seria importante para eventuais descobertas. E também, sentia no fundo de si que algo estava mesmo errado com Holmes! Toda contribuição seria válida e um dia, se fosse o caso, John a compreenderia.
Tanto que, ao falar todos os detalhes que soubera sobre tal encontro dos dois, Molly foi atraída pelo fato de que uma mensagem de celular havia mudado o humor do cacheado.
Ela própria observou algo similar quando estava saía com Sherlock! Por isso, o primeiro plano elaborado fora para vasculhar o celular do cacheado e saber quem mandava tais mensagens.

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