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Era quarta feira e, infelizmente, naquela tarde, Sherlock estaria com Moriarty.
Ele odiava com todas as forças os dias nos quais precisava ficar na companhia do professor! Apesar do homem ter prometido não forçar relação alguma entre os dois, - baseando-se em sua insana ideia de que um dia os sentimentos de Holmes por ele seriam naturalmente recíprocos - os momentos juntos eram terríveis!
James vigiava-o constantemente e fazia questão do garoto ter conhecimento disso. Queria sempre afirmar seu poder sobre ele e sobre todos ao redor. Reunia informações sobre as pessoas próximas a Sherlock e as usava para ameaçar o jovem, quando este era ríspido ou relutante.

Naquele dia, James pediu para que Sherlock passasse em uma nova cafeteria perto do colégio e levasse bebida para os dois.
Assim o moreno o fez, com o maior desinteresse que o dia lhe oferecia. Entretanto, sentiu seu corpo todo entrar em convulsão quando percebeu quem estava disponível para atende-lo.
- Sherlock... – a voz de John demonstrava que o garoto sentira o mesmo.
- John. – o nome saiu, junto com a respiração pesada de Sherlock.
Como ele queria falar aquele nome de novo! Fitar aqueles olhos...

- Ei, não é o horário do seu intervalo? – uma garota alta gritou para John, enquanto terminava de preparar um café. Era sua colega de trabalho, certamente.
- Não se preocupe... Só vou terminar de atende-lo. – o loiro falou, logo pigarreando e tentando recuperar o profissionalismo. – Qual o seu pedido?
Holmes pareceu não entender a pergunta.
Quando viu o garoto em sua frente, esqueceu-se de tudo. Sua consciência precisou de alguns minutos para retornar.

- Você... Está bem? – os olhos do loiro estavam arregalados. Não era comum ver o moreno daquele jeito.
- Sim. Sim. – ele respirou fundo e tentou lembrar o pedido.
Assim que o fez, observou que o rosto de John estranhou o fato dele estar pedindo dois cafés.
Por que Moriarty havia lhe mandado para lá? Sabia que o loiro estava trabalhando na cafeteria?
- Mais alguma coisa? – perguntou Watson, despertando-lhe. Recebendo um aceno negativo do moreno, seguiu. – São sete libras.

John foi para a máquina de café, sob o olhar fixo de Holmes. Por mais que tenha conseguido manter o profissionalismo, seu coração quase saía do peito.
Não sabia se era o fato do ex namorado ter pedido dois cafés, indicando que estava acompanhado, ou o simples encontro.
Ele não trocava uma palavra sequer com Sherlock há mais de três semanas!
Será que o garoto sabia que ele estava trabalhando ali?
Não, ele não podia ter esses pensamentos. Não podia se iludir, acreditando que Holmes queria vê-lo.

- Droga. – John resmungou baixinho, depois se virou para Sherlock. – Desculpe, mas a máquina vai demorar um pouco pra fazer os cafés.
O aparelho era novo, mas constantemente se auto desligava, fazendo os funcionários enlouquecerem com a demora para religar. Por que acontecer isso justamente quando Sherlock estava ali?
Ele deveria interpretar isso como um sinal?

- Sem problemas, John. – Sherlock disse naturalmente, com um leve humor ao perceber o incômodo desproporcional do loiro.

Imediatamente veio a sua mente a razão do incômodo e o humor desapareceu. John não queria estar ali ao seu lado, não depois do modo como terminaram.
Holmes havia sido horrível no hospital e depois, agiu como se os dois nunca houvessem sido próximos, como se fossem dois estranhos.

- Está trabalhando aqui há quanto tempo? – foi a primeira frase que veio a mente do moreno.
Ele não sabia se era uma boa ideia, se conectar assim, mas... Ele de fato queria saber. Estava morto de vontade de saber sobre a vida do loiro! Seria possível descobrir através de deduções, porém Sherlock faria de tudo para ouvir um pouco mais da voz do garoto. Ele devia aproveitar o momento.
- Não muito. Duas semanas. – Watson revezava o olhar entre a máquina e o garoto.
- Parece ser um bom trabalho.
- É sim. – o loiro mordeu seu lábio, em dúvida se estava sendo rude com o outro. – É bem legal.
Um silencio constrangedor apareceu. Apenas o barulho da máquina ao fundo.

Don't Go AwayOnde histórias criam vida. Descubra agora