IX

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    Os dias passavam demoradamente, de forma torturante. E isso era tanto para Sherlock quanto para John.
Desde o término, suas vidas mudaram.

O loiro teve uma rápida recuperação no hospital, precisando perder apenas alguns dias de aula. Infelizmente, esse pouco tempo de repouso foi suficiente para que ele passasse cada segundo remoendo as palavras de Sherlock, terminando o namoro.

Greg tinha grandes dificuldades em ver o primo daquela forma, pois também foi pego de surpresa. Ele não era a pessoa mais observadora do mundo, mas não havia sentido qualquer indício em Sherlock de insatisfação com a relação. Chegou até a conversar com Mycroft sobre o assunto e o funcionário do governo confessou estar igualmente surpreso.

A grande pergunta era o que estava acontecendo com o cacheado.
Mas depois do luto inicial, John tentava afastar esses questionamentos. Só queria aceitar o quanto antes a dura realidade. Suposições e perguntas deixariam a situação pior, tornariam a dor maior.

No colégio, assim que Watson retornou, o ex casal se via sem que houvesse contato.
Sherlock voltou a se isolar no fundo da classe, falando apenas com Molly e Irene, quando estas o abordavam.

John adotou um semblante cansado, triste, calado.
Permanecia perto de Anderson, Donovan e Hooper e estava ciente do quanto os amigos eram importantes para que ele continuasse com sua vida social.
O desânimo era constante e se dependesse dele próprio, iria do colégio para a sua casa todos os dias, ficar deitado sem nada para fazer.


Durante a parte da tarde, Sherlock dedicava-se ao violino e à alguns casos recebidos em seu blog. Pelo menos, quando estava livre...
Em algumas tardes, era "convidado" a visitar Moriarty. 

O professor se divertia ao ver o desgosto no rosto do cacheado e fazia questão de chama-lo para programas tediosos para o jovem. Por vezes, Holmes visitava-o apenas para ficar sentado no sofá da casa de James enquanto o homem corrigia provas e trabalhos de alunos.
Por mais estranho que fosse, ambos sabiam que aquilo era uma demonstração de poder.
James queria deixar claro que tinha Sherlock em suas mãos e longe de todos. 

A única exceção era Molly.
Assim que a garota soube do término do casal, foi conversar com Sherlock e exigir que não fosse afastada. Não queria que acontecesse o mesmo de quando Victor foi embora!
Holmes tinha o mesmo desejo, pois apreciava a companhia da amiga e viu nela um último suspiro. Hooper era a pessoa capaz de manter sua sanidade dentro daquela situação nefasta.

E milagrosamente, Moriarty concordou com a amizade.
Acreditava que era uma forma de não levantar muitas suspeitas, entretanto, sempre que sabia que os dois amigos estavam juntos, tentava se certificar de que John Watson não era o assunto. E de qualquer forma, John não seria o assunto.

A própria Molly, logo de início, avisou que não tocaria no nome do loiro. Sabia o quanto poderia causar desconforto e a única coisa que ela queria era a amizade de Sherlock.
Resolveu deixar a curiosidade de lado e ignorar o término repentino. Tinha esperanças de que um dia, o próprio Holmes a contaria tudo espontaneamente.


Já John, foi incentivado por Greg e pelos amigos a encontrar formas de se distrair.
Ficar deitado na cama, pensando em Sherlock e no relacionamento terminado não era saudável. E nem ele queria ficar mais tempo chorando pelo que foi perdido! Sendo assim, buscou preencher a mente e os dias. 

Primeiro, entrou para o time de futebol do colégio.
Utilizava-se do fato de sempre ter gostado de esportes e de que a prática seria um acréscimo positivo ao seu currículo estudantil. Afinal, cada vez mais as faculdades se interessavam por alunos engajados em atividades extracurriculares!

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