V

333 41 15
                                    

Algumas semanas se passaram e a proximidade da entrevista de John com o reitor de uma das melhores faculdades de Londres o deixou nervoso. O loiro gastou inúmeras tardes pesquisando as perguntas que poderiam ser feitas e pensando nas melhores respostas. Consequentemente, isso o afastou de Sherlock.

Eles ainda se viam durante a manhã, no colégio, e às vezes almoçavam juntos. Porém, só conseguiam se ver realmente aos finais de semana.
O moreno não reclamava, pois sabia o quanto aquilo significava para o outro. Tentava se distrair na internet, é até criou um blog no qual discutia sobre a ciência da dedução e solucionava casos de alguns leitores. Não era nada empolgante como estar agarrado ao namorado, entretanto era suficiente para que as semanas passassem mais rapidamente.

- Ainda nervoso para a entrevista? - Sherlock disse e recebeu um suspiro de John, que deitou a cabeça no ombro do mais alto, apertando suas mãos.
Estavam no intervalo das aulas, sentados à mesa juntamente com Molly, Sally e Philip. Apesar da companhia, ignoravam a história mirabolante contada por Anderson, entrando na bolha que o casal construía constantemente.
- Mais ou menos. - balançou a cabeça, fechando os olhos e se concentrando no perfume do namorado. - Eu acho que estou preparado, mas ao mesmo tempo, não sei o que pode ser perguntado. E é estranho que, parte do meu futuro, dependa dessa conversa.

O cacheado concordou, entendo a mistura de sentimentos que o menor estava vivenciando. A carreira como médico era muito importante para o loiro e isso estava claro desde o momento em que se conheceram.
- Sei que é totalmente inútil dizer isso, todavia... Acredito que se sairá muito bem. - abaixou o rosto para beijar as mechas loiras, causando um sorriso no outro.
Após outro suspiro e alguns pensamentos, John retomou a postura de antes e parecia mais animado.

- Que tal se fizermos algo essa tarde? Acho que estou precisando de uma folga de toda essa preparação. - ele riu baixo, percebendo o quanto estava imerso no assunto. - Sem contar que, estou sentindo sua falta.
Um sorriso apareceu no rosto do moreno, pois ele também sentia falta de seu baixinho. Entretanto, logo assimilou melhor as palavras e sabia que iria entrar em um tema complicado.
- Bem... Quer que seja essa tarde?

Watson franziu o cenho, sem entender qual o problema da data. Desde quando Sherlock não estava livre às terças-feiras à tarde?
- Algum problema?

- Não, problema algum... - o cacheado mexeu os ombros, claramente incomodado. - A questão é que Victor está na cidade e queria tomar um café.
A expressão de John se alterou em diversas, terminando em uma tentativa de parecer indiferente. Se a menção ao nome do garoto já o incomodava, imagina saber que ele estava na cidade? Pior ainda com ele e seu namorado se encontrando!

- Desculpe por não ter comentado antes, eu não queria incomodá-lo. Você estava focado na faculdade e não achei certo atrapalhá-lo. - as palavras saíram afobadas, Sherlock não imaginava aquela situação. - Ah, e Molly estará conosco!
Nenhuma palavra veio do loiro, deixando Holmes apreensivo. Ele não precisava se utilizar da ciência da dedução para perceber o incômodo causado, mas achava que, se o silêncio permanecesse, ele deveria encontrar maneiras de solucioná-lo.

- Se quiser vir, será bem-vindo. - ele mordeu o lábio inferior, tentando arrancar alguma reação. - Eu já falei sobre você para ele. Victor adoraria conhecê-lo.
O garoto piscou umas três vezes, respirando fundo para enfim, falar.
- Sem problemas... - ele balançou a cabeça, como se estivesse convencendo a si mesmo. - Sim, sem problemas.

- Tem certeza? - Sherlock alisava a mão do outro, ainda receoso.

- Sim. - ele sorriu brevemente e apertou suas mãos. - Sabe, eu sei o quanto ele foi importante para você e o quanto vocês eram amigos. Então, não faz sentido eu ver problema nisso... Ou querer ir junto.
- Oh, mas seria ótimo se fosse também!
- Não, Sherl. - sua feição estava diferente, lançava um olhar compreensivo. - Será a primeira vez que se encontrarão depois que ele foi embora, não vai?

Don't Go AwayOnde histórias criam vida. Descubra agora