XVIII

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Assim que voltou para o quarto, após a conversa com o irmão, Sherlock encontrou John já vestido com as roupas habituais e se preparando para deixar o hospital. O loiro acabara de receber alta dos médicos, sendo liberado a voltar para casa.

Por não aguentar permanecer nenhum minuto a mais naquele lugar, combinou com Greg de encontrá-lo no apartamento mesmo. Logo, quando Sherlock informou sobre o motorista de Mycroft que estava a sua disposição, pareceu ser um presente dos céus poder sair dali imediatamente.
Apesar de almejar a carreira de médico, estar em um hospital como paciente, ou acompanhante de um, não é nada agradável.

- Eles vão estar lá, não vão? – Sherlock indagou quando já estavam no carro.
Observou o namorado mexendo atentamente no celular desde o momento em que saíram do quarto do hospital. Não era difícil deduzir a razão.
- Nunca será possível fazer uma surpresa para você. – resmungou o loiro, deitando sua cabeça no ombro do namorado. – Molly, Harry, Philip e Sally estão ansiosos para vê-lo. Mas, claro... Se você não estiver disposto, eu posso falar com eles e marcamos outro dia.

Watson levantou os olhos e ajustou a cabeça o suficiente para fitar Holmes. Ele e os amigos ficaram tão animados pelo plano ter sido bem-sucedido que não se lembraram da possibilidade de Sherlock estar muito desgastado para uma reunião do grupo.
Após alguns segundos de silêncio, nos quais o moreno pareceu ponderar, a resposta veio.

- Eu quero vê-los. – um pequeno sorriso se formou e contagiou o outro. – Só não me peça para fingir surpresa, tudo bem?
O sorriso de John aumentou e ele concordou com a cabeça. Não pôde resistir e atacou o maxilar próximo ao seu com beijos, causando uma risada breve do mais alto.

Uma maravilhosa bolha havia sido formada naquele banco de carro. Os dois com as mãos entrelaçadas, inebriados com os perfumes um do outro, sorrisos involuntários atingindo os rostos... Era uma felicidade esperada há muito tempo.
A realidade retornou apenas quando o carro estacionou em frente ao apartamento de Watson.

Para o loiro, ter Sherlock novamente consigo, encontrar seus amigos, Greg... Era definitivamente ter tudo voltando ao que era antes. O sentimento de realização passava a tomar conta de si e, de certa forma, acontecia o mesmo com Holmes.
O moreno também ansiou em estar outra vez àquela normalidade. Dificilmente iria admitir, mas nunca esteve tão satisfeito em dividir a companhia de John com os outros amigos.

Desde que iniciara o namoro com o loiro, Molly, Harry, Sally e Philip passaram a estar por perto corriqueiramente. As duas últimas companhias foram difíceis de se acostumar, somando-se ao fato de que vez ou outra um forte sentimento de possessividade tomava conta de Sherlock, fazendo-o querer Watson apenas para si próprio. Então naquele momento, pela primeira vez, a situação parecia mudar.

A dedicação de todos eles junto a John para ajuda-lo fez com que passassem a ser vistos como seus amigos também. Aliás, esse era um dos maiores motivos em querer vê-los aquele dia!
Ele poderia pedir para John dispensá-los e passar o resto da noite somente com o loiro, porém não era seu real desejo.
Ele queria agradecer, comentar detalhes do ousado plano e, além de tudo, matar as saudades. Parte do moreno queria voltar a ouvir as besteiras de Anderson, ver Donovan o repreendendo, Harry e Molly grudadas e ainda sim negando qualquer sentimento... Durante o terrível tempo junto a Moriarty, a memória disso tudo parecia tão boa! Agora que teria a chance de reviver tais momentos, esforçar-se-ia ao máximo para apreciar cada minuto.

- Tem certeza? – John parou em frente a porta do apartamento, com a chave em mãos. – Se quiser, podemos ir para a sua casa.
Sherlock aproximou-se mais, abaixou seu rosto até a altura do de John e depositou um beijo demorado na testa do loiro.
- Tenho certeza, Jawn. – sussurrou.
Watson suspirou alto, sentindo todo o seu interior se remexer com o modo com o outro disse seu nome. Como sentiu falta disso!
Com um sorriso bobo no rosto, virou-se e abriu a porta a sua frente. Sherlock apressou-se em passar os braços pela cintura do mais baixo e dar-lhe um outro beijo, agora nos cabelos loiros, antes de encontrar os amigos dentro do apartamento.

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