Don't Go Away

XIV

Assim que terminaram de almoçar, John e Molly seguiram para seus trabalhos. A garota iria cuidar de um casal de irmãos por algumas horas enquanto o loiro dirigia-se a cafeteria.
Sally e Philip, por outro lado, praticamente correram para a Scotland Yard! A emoção de estarem desvendando diversas peças de um complexo quebra-cabeças estava os instigando cada vez mais. Queriam saber o mais rápido possível se Moriarty era o grande vilão e sentirem-se orgulhosos em desvendar tal mistério.

Por ser uma tarde de quarta-feira, o departamento não estava cheio. Também tiveram a sorte de não encontrarem Lestrade no caminho, evitando a necessidade de desculpas para estarem ali.
- Eu ainda não entendi porque precisamos falar com a sua mãe... O Greg nos ajudaria também! – Anderson sussurrava, enquanto subiam as escadas até a sala da Sargento.
- Pare com isso, Philip! – a namorada revirou os olhos, entendendo o drama do garoto. – Nós não podemos falar das nossas suspeitas pro Greg, ele ficaria desesperado e estragaria tudo! Com a minha mãe, eu sei lidar.
- Não acho que sua mãe seja fácil assim de se lidar... – suspirou Anderson, sabendo que não teria como discutir.
Todavia, sua respiração foi abruptamente interrompida.

- Pois eu posso afirmar que não sou uma pessoa fácil de se lidar. – a voz imponente da Sra. Donovan ecoou pelo corredor, fazendo os adolescentes se assustarem.
O garoto precisou engolir a seco algumas vezes, tentando se certificar de que aquilo era real e não um terrível pesadelo.
- De-desculpe Sra... – ele gaguejava.
Sally cutucou lhe de leve, indicando que era melhor que ele ficasse quieto.

- Mãe! Oi! – a adolescente se posicionou entre os dois e deu um abraço na mãe.
A sargento adotava sua corriqueira pose de desconfiança e braveza, olhando tanto para a filha quanto para o namorado desta.
- O que vocês estão fazendo aqui? Aprontaram alguma coisa? – ela cruzou os braços assim que a filha a soltou.
- Não! – Anderson quase gritou ao ouvir a hipótese.
Sally novamente cutucou o namorado, deixando claro em sua expressão o quanto odiava o medo que ele sentia da sogra.

- Não, mãe. – disse já pegando o celular. – Nós precisamos de uma ajuda sua.
Uma das sobrancelhas da mulher se ergueu. Aquilo era novo.
- Isso deveria me acalmar? Porque só me deixou mais certa de que estão metidos em algo... – a mulher levou uma das mãos até a testa, alisando-a.
Sally se apressou em negar com a cabeça e mostrou seu celular para a mãe, com o número a ser investigado no visor.
- Você poderia saber em nome de quem essa linha está registrada?

A feição ainda mais desconfiada da mãe lembrou o casal de que nem ao menos pararam para pensar em uma desculpa para o pedido!
- Eu sabia que vocês estavam aprontando alguma coisa! – a sargento respirou fundo, como se apenas conseguisse torcer para não ser nada grave.
- Não é nada disso, Sra. Donovan! – Anderson se aproximou da sogra, gesticulando com as mãos no ar.
Já estava nervoso por estar perto dela, então a situação piorou ao perceber que teriam de convence-la.
- Nós estamos tentando ajudar um amigo nosso...

Os olhos da namorada se arregalaram ligeiramente, receosos de que Philip contasse informações demais.
- Esse nosso amigo recebeu umas mensagens desse celular e quer saber quem é! – Sally interrompeu Anderson.
- Vocês acham que nós podemos dar informações desse tipo assim? – o cenho da mãe estava franzido, sem entender a ideia fora da realidade da filha. – Nós trabalhamos sério aqui, Sally. Seu amigo pode conversar com a pessoa...

A sargento indicava estar prestes a voltar para a própria sala e ignorar o pedido, entretanto, uma mão tocou seu braço a alarmando. Philip se aproveitou da proximidade para ter sua chance de convencê-la.
- Por favor, Sra. Donovan. – em uma vez entre raras, ele a olhava nos olhos.

A voz do garoto estava com um tom mais preocupado do que assustado, diferente do habitual. Por mais que não tivesse admitido, estava tão apreensivo em relação a Sherlock quanto os amigos.