20. Segredos

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Theo sempre teve o sono pesado, ao contrário de Amelia que acordava ao menor sinal de barulho. Ela dizia que tinha o ouvido treinado para ouvir crianças fazendo bagunça na madrugada na época do orfanato. Enquanto ele nunca teve que se preocupar com barulho de outras pessoas. Era filho único e foi mimado o suficiente por seus pais e por sua família completamente normal e pacata.

Ele e Amelia tinham vindo de lugares diferentes, mas ele não tinha dúvida de que todas as suas decisões na adolescência, incluindo sair de Bournemouth e se mudar para Manchester para jogar futebol profissionalmente, haviam levado ele diretamente para o exato momento em que a conheceu.

Tinha certeza que a melhor sensação do mundo era acordar com a loira enroscada em seus braços pela manhã. Era sempre adorável ver ela acordando com o típico mau humor matinal, mas mesmo mau humorada ela não deixava de lhe sorrir e deixar um beijo suave em seus lábios e desejar um quase inaudível "bom dia".

E era exatamente por gostar tanto desse ritual matinal que fazia semanas que ele simplesmente dormia no apartamento da mulher. Era como se o seu apartamento fosse apenas um depósito para guardar suas coisas, porque seu coração estava mesmo em outro lugar.

Sua habitual rotina matinal foi quebrada quando ele passou as mãos pelo lençol e não sentiu o corpo quente da loira, apenas o lençol gelado contra seus dedos.

Abriu os olhos vagarosamente e notou que o sol já entrava pela fresta da janela do quarto e ouviu o barulho do chuveiro ligado. Tateou a mesa de canto ao lado da cama e pegou o celular para checar as horas.

Oito da manhã.

Amelia estava atrasada, ele constatou voltando a fechar os olhos. Parecia que naquele dia ele estava particularmente cansado ou com sono. Seus olhos estavam pesados e ele voltou a dormir.

Acordou novamente, um pouco assustado, com Amelia depositando um selinho em seus lábios de forma apressada.

— Ei, por que tanta pressa? — Theo segurou o braço da loira e puxou-a levemente para a cama.

— Porque eu perdi hora — justificou. — Não queria te acordar, desculpa, mas agora eu preciso mesmo ir. Não vou nem tomar café — ela deixou um beijo leve nos lábios dele e pretendia se afastar rapidamente, mas Theo foi mais rápido e segurou a nuca dela com firmeza.

— Isso não é jeito de se despedir — ele sussurrou contra os lábios dela e a puxou de volta para cama pela cintura, fazendo com que ela ficasse deitada de lado.

— Theo, não me atrasa mais do que já estou atrasada — Amelia sentou na cama e deixou mais um selinho nos lábios dele. — Tô falando sério.

— Eu não vou... — não conseguiu completar sua defesa, pois seu corpo o interrompeu com um espirro.

— Saúde — Amelia disse enquanto o olhava com mais atenção. Ele estava com as bochechas coradas e os olhos pareciam mais cansados do que o habitual. — Theo, deixa eu ver uma coisa...

Amy colocou as costas da mão sobre a testa do rapaz e sentiu a pele quente. Muito quente.

— Theo, você está com febre.

— Deve ser impressão sua, amor — ele resmungou com uma careta.

Desde quando era criança, Theo detestava ficar doente. Os remédios eram horríveis, as consultas no médico eram tediosas e sua mãe ficava insuportável.

"Não pode tomar sorvete, Theo".

"Não pode brincar na neve".

"Nem pensar em ir na casa do Steve com essa gripe horrível!"

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