07. Chelsea x Manchester United

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Amelia bebeu um gole de café para ficar mais atenta. Só podia estar com os sentidos alterados, porque havia acabado de ouvir um absurdo.

— Desculpe, não entendi — a loira encarou Michelle com o cenho franzido.

A mais velha suspirou alto e deixou que os olhos castanhos amendoados analisassem Amelia com preocupação. Ela estava pálida, suas mãos estavam trêmulas e estava com a respiração ruidosa. Amelia não estava nada bem.

— Querida, eu sei que é uma notícia difícil pra você, mas é a mais pura verdade. Estão te procurando. Você não acha isso bom? — Michelle segurou as mãos dela com afeto.

— Isso seria bom há vinte cinco anos atrás, agora eu não quero saber deles, seja lá quem eles forem — Amelia deu de ombros, fingindo uma falsa calma. Sentia seu coração bater rápido e parecia ter uma bola enfiada na garganta impedindo seu fluxo respiratório.

— Amelia, tudo bem ficar chateada, você tem razão. Eles foram horríveis com você, mas não acha que está na hora de perdoar? Ao menos se esforçar um pouquinho para isso? — Michelle falou com um tom calmo e apaziguador.

— Não. Não quero perdoar ninguém. Não vou perdoar. Nunca. Chega dessa história de merda — a jornalista aumentou o tom de voz. Respirou fundo e fechou os olhos por alguns segundos. — Eu... desculpa, não tem como perdoar, Michelle. Não tem. É imperdoável — a loira sentia os olhos lagrimejados e o coração em ritmo frenético. — Por favor, não passa nenhuma informação pra eles, por favor, Michelle, não deixa eles me encontrarem — ela pegou nas mãos da mais velha e implorou baixinho. — Não deixa eles saberem quem eu sou. Por favor. Por favor. Por favor.

Michelle respirou fundo, tentando impedir as lágrimas de rolarem livremente por seu rosto. Sempre diziam para ela que não deveria ter preferidos. Deveria tratar todas as crianças da mesma forma e se possível tentar não se apegar muito à elas, afinal, elas deveriam viver no orfanato por um tempo curto até serem adotadas oficialmente.

Mas Amelia viveu por dezoito anos com ela. Foi Michelle quem encontrou o bebê enrolado em uma manta no meio da neve que havia se formado no jardim do orfanato. Foi ela quem correu para o hospital ao ver o bebê ficando roxo de repente. Foi ela quem passou três meses dormindo no hospital e fazendo visitas regulares durante o dia até que o bebê recebesse alta. Foi ela quem deu o nome para o bebê.

Ela e Amelia tinham uma relação diferente, era verdadeiramente maternal. Ver Amelia daquele jeito, tão desesperada, implorando por ajuda, quebrava o coração de Michelle em mil pedaços.

— Eu vou fazer o possível para que eles não te encontrem, mas você sabe que não vai poder fugir deles a vida inteira, né?

Amelia assentiu com a cabeça.

— Eu só não estou preparada pra isso agora. Não mesmo. Por favor, deixa eles longe de mim — implorou mais uma vez.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Eu prometo — Michelle sabia que estava fazendo uma promessa que talvez não pudesse cumprir, mas seu coração estava falando mais alto que a razão.

Amelia era a sua criança inesquecível. Mesmo que tivesse sido adotada, Michelle jamais esqueceria dela. Tinham uma ligação importante e mesmo que o seu sangue não corresse pelas veias da mais nova, elas eram, de alguma forma, uma família. 

 

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