And I know that love is mean, and love hurts

778 32 2
                                    

Louis conseguia entender a sua dor, conseguia entender a morte de seus pais, conseguia entender seus pensamentos mais profundos, conseguia entender o fato de ele estar praticamente submisso a digerir álcool, podia entender tudo. Só não podia entender o que ele estava fazendo ali. Não conseguia entender o porquê de querer ajudar Harry. Não, ele mantinha fixo em sua mente que não era compaixão. Não tinha como ser, já que Louis havia deixado de saber o significado desse sentimento quando sua vida virou de cabeça para baixo.

Suspirou, soltando seu peso sobre a cadeira em que o garoto de cabelos encaracolados estava sentado segundo antes. Ela ainda estava quente, também era aconchegante, abrigando o corpo de Louis dando-lhe um tempo para pensar em paz. Tudo estava tão confuso nesses dias para cá. Ele mal havia entendido o porquê de ter ficado depressivo, e já estava tendo de entender o porquê de se preocupar tanto com um garoto que ele mal conhecia. Talvez fosse sua humanidade, uma parte de si que continuava lutando, que ainda se importava. Sim, ele poderia se contentar com aquela explicação se ele não soubesse que havia algo mais envolvido. Louis só tinha que descobrir o que era.

Deixou com que sua mão caísse sobre a mesa, sentindo a atingir algo, virou os olhos vagarosamente para encarar o que era. Um caderno, com capa negra com escritos em branco. Havia apenas um elástico, também negro, que mantinha o tal caderno fechado. Louis olhou ao seu redor, presumia que aquilo pertencia a Harry e que agora ele teria de devolver. Claro que ele poderia sair dali e procurar o rapaz, ele não devia estar muito longe, mas a curiosidade se fez maior. Ele queria abrir e olhar o que tinha escrito lá. Talvez tivesse alguma explicação, relato do que acontece com ele, dicas de como Harry poderia ser ajudado. Mordiscou os lábios rosados, abrindo com hesitação o caderno. Tinha medo de que o rapaz da coroa de flores voltasse para tomar-lhe o caderno e, se ele visse Louis lendo-o, com certeza não iria querer trocar nenhuma palavra com ele.

Mas, por fim, ele abriu. Folheando as primeiras paginas. Estavam todas em brancos, não havia nada escrito, apenas linhas e mais linhas em vácuo. Vinte páginas de nada para que, finalmente, ele avistasse algo escrito em letras delicadas e precisas. Sorriu em sucesso.

Pegue o que quiser, mas feche meus ouvidos e meus olhos, era apenas isso que estava escrito, com caneta azul e a caligrafia de Harry. Louis desceu os olhos sobre a página, pairando sobre o desenho azulado de um olho. Era extremamente detalhadas, com todos os cílios, linhas e pupila, aparentando estar triste e coberto por lágrimas. Sentiu seus lábios se contraírem em um sorriso de canto. Era um belo desenho. Ele queria ver mais, mais dos escritos e mais dos desenhos, por mais simples que eles fossem. Então tomou coragem para mudar a pagina.

Eu disse que sou apenas um menino? Mais uma frase curta, seguida de um desenho de um garoto que parecia ser Harry. Um autorretrato, dele, sentando abraçado aos joelhos. Era completamente perfeitos, os fios emaranhados de cabelo cacheado, os dedos compridos das mãos, as pernas fracas, o rosto fino. Porém, não havia expressão, não havia olhos, não havia boca, não havia como saber que sentimento ele queria passar só analisando o desenho. Só que Louis era inteligente quando o assunto era entender a dor dos outros. Ele conseguia imaginar o que Harry queria dizer. Ele era apenas um menino. Um pobre coitado fardado a sofrer, sem poder demonstrar isso para ninguém, além de seus gritos sôfregos. Louis sentiu aquela vontade de ajudar ele apenas crescer em seu peito.

Pensou que deveria parar de ler, mas isso se fez impossível. Ele já havia virado a página. Dessa vez, não era uma frase, mas também não era um texto. Era apenas uma pequena estrofe de duas linhas e um desenho. Louis parou para analisar o desenho, era a coroa de flores de Harry, novamente desenhada de azuis, em linhas trêmulas. Algumas partes estavam foscas e manchadas. Céus, Harry estava chorando enquanto desenhava aquilo.

Viral LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora