Capítulo 7: Eu te conheço, moço?

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Capítulo 7... Eu te conheço, moço?

Estendi minha mão somente por educação, ele podia até ser muito bonito, mas não sentia bons pressentimentos vindos dele. O santo não bateu.

Ele sorriu de uma maneira que faria qualquer mulher, principalmente Lee, passar mal, mas não funcionou comigo. Na minha cabeça já estava até casada.

-Perdoe-me, - fina, recatada e do lar - mas acho que nós não nos conhecemos.

-Não se lembra de mim? - fingiu um choque, estava começando a me deixar enjoada - Fui um dos jurados da audição.

-Ah, - ele se sentiu aliviado - não vi você. Na verdade, não pude ver muita coisa, estava sem óculos... - parei porque olhava para mim extremamente estranho, seus olhos estavam quase para virarem corações. Não sabia como agir, nunca deixaram tão na cara que, pelo menos, gostavam de mim mais do que o normal - Recebi pelo telefone a notícia, é por isso que veio aqui?

-Não... Em parte. Posso levá-la para o prédio da editora agora, se quiser.

-Veio para me dar carona?

-Não, eu... - ele ainda me olhava daquele jeito, mas estava tentando ler meus olhos - Não. Vim aqui te conhecer. Queria adiantar o trabalho que farão em você pessoalmente.

-Que seria?

-Posso entrar ou devemos ir logo? - sorriu. Meu sentido aranha estava atiçado, mas como ele era UM DOS JURADOS, mandar parar de ser esquisito não tava nos planos. Sério, qual é o problemas das pessoas desnecessariamente muito bonitas?

-Pode... Entrar, mas espere enquanto me arrumo, ok? - o que estava fazendo? Que situação mais cabreira, só queria que ele fosse embora e voltasse tudo ao normal. - É melhor ir cedo, certo?

-Sim, verdade. - a única vez que desviou o olhar foi para olhar ao redor da casa, minha irmã apareceu abruptamente da cozinha. Olhei para ele esperando ver ainda os olhos de coração, mas agora para ela, só que não aconteceu. Ele ainda estava olhando ao redor, nem percebeu sua presença.

-Quem é? - olhou para ela enfim ao ouvi-la perguntar.

-Ryan Rivera, prazer. Estou aqui pela editora, ajudando essa excelente participante. - eles automaticamente fizeram amizade e, enquanto conversando sobre mim, sumi daquela cena.

...

Ele tinha um carro teoricamente bonito, mas nem um pouco encantador aos meus olhos. Não gostava nada de carros, não só pela triste história envolvida, mas também porque sentia fortes dores de cabeça só de sentir o cheiro de gasolina e deles próprios. Uma mistura de cheiro de couro com algo sujo. Como esperado, abriu a porta carvalheiramente.

- Por favor - disse Ryan ainda sorrindo. Eu estava começando a sentir pena dele. Assim que entrou, começou a "fazer o trabalho adiantado": - com quantos anos você começou a dançar?

-Desde que consigo me lembrar. Na escola participei do clube de dança e, entrei na Academia de Música e Dança Marília Gomes.

-Nossa, e depois?

Houve um silêncio. Era um assunto delicado para conversar, principalmente com um estranho, mas iriam ter que saber disso uma hora ou outra.

-Aconteceu um acidente com meu menisco. Fiz tanto tempo de fisioterapia que acabei perdendo várias oportunidades e demorou muito para voltar a dançar sem sentir dor. - ele podia até ser muito inconveniente, mas não naquele momento, pois entendeu que precisava ser preenchido com um pouco de silêncio.

-Ainda bem entrou nessa competição.

-Por que? Para me dar uma chance de poder dançar de novo?

-Não, porque eu ti conheci. - o semáforo tinha que ficar vermelho justo agora.

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