𝔻𝕣𝕖𝕒𝕞 𝕆𝕟

Capítulo 42: Eu queria poder gritar SOU CAFÉ COM LEITE toda vez que (...)

Capítulo 42... Eu queria poder gritar SOU CAFÉ COM LEITE toda vez que um problema aparece

P.O.V - Lia

Minhas mãos tamborilavam minha coxa incansavelmente, quase explicitando uma doença. Pensei que não ficaria nervosa, mas estava, e muito. Já pensava em todas as coisas que poderiam falar, não me surpreenderia se pichações como "P**A" aparecessem em alguma coisa que tivessem relação comigo, e quando digo alguma coisa, quero dizer qualquer coisa. Entretanto, seja o que fosse que fizessem, nem que as paredes da mansão fossem pintadas com sangue de porco que provavelmente teriam preguiça de jogar na minha cabeça, o pior já passara.

Era isso que Bruno ficava falando no caminho. E, de vez em quando, eu acreditava mesmo que ele tinha razão, porém muita coisa poderia dar errado. Se eu falhasse feio na última apresentação, por exemplo, ia ser cômico.

Segurava minha outra mão enquanto éramos levados até a mansão por aqueles carros caros. Chegaríamos na hora, infelizmente. Queria chegar cinco horas atrasada, para que todo o povo já tivesse ido dormir, e apareceria lá como se tivesse acabado de volta do banheiro.

-Você está suando. - falou. Encarei minha mão, parecia que acabara de metê-la num balde d'água - Está tudo bem, Lia - protestou quando tentei tirá-la.

P.O.V. - Bruno

Só de olhá-la me dava paz. Não tanta paz, porque... Enfim, entendeu quem quiser, mas uma tranquilidade social. Sabia que toda aquela situação era pior para ela desde o começo, mas o de maior ruim já passou. O que fosse que acontecesse, eu estaria lá junto.

-Desculpe, não consigo evitar... Você sabe como eu sou.

Sei mesmo.

-Vai dar tudo certo. Você só precisa ficar perto de mim que nada vai te acontecer.

-Eu acho que isso vai ser pior ainda, por alguma razão... - parou de respirar por um tempo, como se tivesse esquecido que era crucial. Virei completamente para ela e coloquei meus braços ao seu redor. O carro era espaçoso para ela deitar no meu colo.

-Não crie muito caso disso até acontecer, você está, nesse exato momento, destruindo seus nervos por estresse por nada.

-Eu sei, mas não consigo...

-Consegue sim. Pensa em outra coisa; numa música, no cachorro, em comida, na noite de ontem - sorriu levemente. Acariciei sua cabeça da mesma forma que ela fazia com a minha de vez em quando, bagunçando seu cabelo em formas circulares - Está vendo? Relaxa.

Soltou minha mão e a pegou com a outra, entrelaçando seus dedos perfeitamente. Não dissemos mais nada o caminho inteiro. Não precisávamos.

...

Em frente à casa, planejávamos fizer o que pediram-nos: agir como um casal de verdade. Fácil. Mas difícil ali. Era como se você tivesse ido sempre pra um lugar com a mesma roupa sem graça e, de repente, num dia qualquer, se transformasse numa Drag Queen.

-Estou começando a achar uma péssima ideia, imagina a gente chegando de mãos dadas... Ia ser... Vai ser, um negócio tão...

Ela tinha razão, mas confiava na empresa, concordava com sua dica.

-Vai ser real, Lia - ela me encarou diretamente pela primeira vez desde ontem - Já sabem que namoramos, vão falar de um jeito ou de outro, mas também já sabem que você é uma boa dançarina. Se tiverem dúvida com isso, desafie eles - seus olhos pareceram vagar, como se tivesse tendo uma visão que nem a Reaven - Estou brincando, não faça desafios, seu joelho não está em perfeitas condições.