Capítulo 28: Laranja é a cor mais alarmante

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Capítulo 28...Laranja é a cor mais alarmante

Dias depois...

P.O.V. - Lia

-Escolheram só cinco de nós? - repetiu Felícia, lendo o quadro de avisos da próxima apresentação, cujo tema era mash-up, ou seja, um tipo de vídeo misturando diferentes músicas. Pelo menos foi isso que eu entendi. Por ser a antepenúltima apresentação (como eliminaram mais de 100 na passada, e só restara um pouco mais de 200), havia apreensão no ar junto com o oxigênio que respirávamos, como em fins de anos escolares, porém não me afetava tanto. Contato que Bruno e Fernando estivessem lá, já ficava bem.

Eu, Cl, Felícia, Jojo e a líder, iríamos ficar num grupo com outros cinco meninos: Fernando (amém Deus), Marcelo, Gustavo, Marco e John. Uma linda coincidência do destino ou armação de Bruno? Preferia acreditar na primeira.

-Vamos logo encontrar eles, um daí é seu amigo, onde ele está? - curta e grossa como sempre, CL deu ao nosso grupinho a honra de sua atuação.

-Vou ligar pra...

-Lia! - Fernando gritou a poucos metros de distância, indo para o quadro também, me salvando do olhar de puro desprezo que dizia "não devia fazer as coisas mais rápido?"-Estava te procurando.

-Eu também.

-Ah, então já viu?

-Já.

-Ia te fazer surpresa, poxa. -olhou para o lado, observando as garotas. Por alguma razão, estremeceu e chegou mais perto - Tem uma menina olhando pra gente de maneira muito estranha.

Virei e, mesmo já estando acostumada, não consegui não me assustar da mesma maneira com o olhar de CL. Qual é o problema dela comigo, afinal? Qual é o problema dela com o mundo? Seja qual for, seria melhor, alguma hora, criar coragem e perguntá-la, mas agora não.

-Eu sei, ela é sempre assim. - falei o mais baixo possível.

-E vamos ter que performar com ela? - pareceu indignado. Assenti.

...

-Qual é sua cor preferida? - Felícia puxava assunto para flertar com um menino, Gustavo, como se fosse sua meta de dia, de modo que todo o resto de nós trabalhávamos na coreografia.

-Podemos fazer uma de K-pop, nunca vi uma por aqui, e elas são tão bem elaboradas. - disse Jojo, me deixando mais animada que um comprador compulsivo em Black Friday.

-Verdade, verdade!

-O que é "keipopi"? - perguntou um adulto do sexo masculino sem conhecimento de mundo.

-K-pop, é um estilo musical...

-É um estilo de vida, na verdade.

-Sim! É coreano, envolve pop e vários outros gêneros, tem coreografias que te fazem até perder a noção de existência, cantores super talentosos... -é perigoso quando te perguntam algo que tu é profissional sobre - Acho que iria gostar muito se escutasse.

-Não sei não, não gosto muito nem de brasileiro, imagine coreano.

-Ê, num subestima... - fingiu alertá-lo ameaçadoramente.

-Enfim, pode ser uma boa ideia, já que ninguém fez nada relacionado com isso, não é?

-Claro que sim! - dissemos em coro. Fernando estava com aquela cara de "só sei que nada sei". Peguei meu celular e comecei a mostrar para eles várias coreografias, como: Cherry Bomb, Boombayah (gostaram muito de Blackpink), Limitless, Call me Baby, Dope, etc. Conseguimos unanimidade. Faltava só escolher as músicas quando, de repente, Bruno apareceu na porta da sala de treino, usando o mesmo anel que eu. Escondi bem sorrateiramente minha inocente mãozinha, colocando-a entre as pernas.

-Oi, gente - parecia que fazia muito tempo que não escutava sua voz, e fazia mesmo, só podíamos nos ver poucas vezes no dia. Tentávamos, sempre que possível, nos encontrarmos no quarto do terceiro andar. Fazia cerca de uma semana que havíamos tido... vocês sabem, e conseguíamos ficar sem com um certo esforço, mas não sabia até quando essa barreira por senso comum iria durar. Só de olhá-lo já me sentia abalada, mais do que antes.

-Como estão as coisas por aqui? - nunca havia feito isso com nenhuma equipe. Seria porque eu estava lá, ele queria me ver, é isso?

-Melhores agora. - respondeu Felícia, esquecendo do "esquema" ao lado. Coitado, pareceu chocado.

-Ah, sim... - Bruno sorriu sem graça, evitava olhar para mim de propósito em público. Ah, esqueci de mencionar: sua foto no Instagram causara mais polêmica que não sei o que, tiveram até fãs que criticaram, dizendo que "não era justo com as pessoas que esperavam progresso em seu trabalho" e que "queriam mais respostas dele, por causa do seu namoro, sua vida com elas não iria existir" . Ai, se eu pegasse uma delas na vida real... - Lia Kim? - não contive um sorriso abobado, perdão aí, Globo- O jurado Ryan está chamando você.

Me esquecera de qual fora a última vez que nos falamos, mas aconteceu pouquíssimas vezes depois do beijo. Levantei sentindo o olhar "vai lá, vai, safada" de Fernando, parecia que todos ali sabiam nosso segredo e comentariam mais tarde, fofocando e compartilhando informações confidenciais da minha vida.

Assim que passei pela porta, uma mão quentinha segurou a minha. Bruno, o real safado dessa história.

-Quando vou ver você de novo?

-Está me vendo agora.

-Não, no quarto. - ai, meu coração...

-Cala a boca, Bruno

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-Cala a boca, Bruno... - sussurrei nervosamente e apertei seu pulso com força.

-Hã, hã? Quando, hein? - sorriu, ignorando lindamente o perigo da situação. Sequer estávamos distantes da porta, se alguém colocasse o ouvido ali saberia de tudo.

Peguei ele pela mão, era um horário seguro para isso, todos os grupos com vontade de ganhar e sanidade estavam em salas de treino, e saí andando rápido escada acima. Qual mal faria demorar quinze minutinhos? Dava para fazer muita coisa nesse tempo.

Ele sorriu maliciosamente e me beijou. Ah, que saudade. Segurou delicadamente minha cabeça, aprofundando sua língua, descobrindo-me de canto em canto, dançando com a minha. Peguei suas costas musculosas. Sim, ele tinha músculos, descobri naquela noite que já havia feito aulas de dança e, mesmo sendo ocupado, ganhava-os com facilidade. Uma genética é uma genética, não é mesmo?

Levantei sua camisa, implorando para que a tirasse rapidamente, mas antes que ele pudesse realizar esse sagrado ato, algo aconteceu. Algo extremamente ruim aconteceu.

Parada na porta, estava CL, nos encarando com uma expressão julgadora que não sabia possível existir em um ser humano tão jovem.

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𝔻𝕣𝕖𝕒𝕞 𝕆𝕟Onde histórias criam vida. Descubra agora