Capítulo 15: Nunca se apaixone por um escorpiano

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Capítulo 15...Nunca se apaixone por um escorpiano

P.O.V. - Lia

Como um Deus grego, infinito e absoluto, Bruno entrou na sala de treino. Seria meus olhos ou ele me olhava de maneira diferente? Ah sim, era porque eu devia estar parecendo uma pamonha na estrada.

-Oi - assim que aquela sociável palavra saiu, eu me lembrei, como uma notificação que veio atrasada, do assunto que tínhamos que conversar sobre: seria verdade aquele beijo?

Fernando notou meu olhar, eu eu o dele, conversávamos telepaticamente: "como eu vou começar esse assunto?", "Não sei", "não quero falar sobre isso aqui", "não sei de nada".

-O que estão fazendo? - perguntou. Nós estamos conversando pelos olhos sobre um assunto muito secreto, tá licença, rapidinho.

-Bruno... Assim, há boatos.. - minha cara de nojo o fez parar, não tem boato nenhum, filhinho. - que a próxima competição vai ser sobre Hip Hop. Bem legal isso.

-Uhm, não tenho permissão pra falar nada. - ele mal tinha olhado pra Fernando esse tempo todo, só ficava me encarando lá. Eu, tímida que sou, mantive minha cabeça abaixada - estão confiantes?

-Não tenho permissão pra falar nada - disse Fernando de volta de brincadeira, ele sorriu. Bruno mal sorri pras piadas dele, o que tá acontecendo? - Bruno... Posso conversar aqui com você, pessoalmente? - ele falou isso com tanta ênfase que até eu fiquei ansiosa.

Claramente confuso, Bruno levantou e, sorrindo de lado pra mim, saiu da sala. Nem fiquei mal, imagina.
Minutos depois, somente Fernando entrou.

-E aí? - minhas mãos suavam um pouquinho, mas tudo em mim suava, então já nem sentia.

-Olha... Eu fiz a cara de ingênuo pra ele e perguntei sobre o beijo. Tem uma notícia boa é uma ruim: a ruim é que eles se beijaram mesmo, fato - uma pontada de dor pelo corpo inteiro foi sentida -, mas a boa é que não foi por escolha dele. Ele foi praticamente abusado.

Arregalei os olhos, surpresa por ter gente louca nessa casa de atacar Bruno, que tinha poder para expulsar quem fosse.

-Meu Deus... - disse, por fim.

-Tá falando isso pelo quê? - ele perguntou.

-Por tudo... Como isso pode acontecer, mano? Achei que coisa sem sentido só acontecesse comigo.

-Que nada, tem gente que passou por coisa pior só em um PT de uma noite. - sentou do meu lado e fez leves pressões na costa, aliviando a dor física e psicológica do meu ser - Lia, não se preocupa com isso, ele disse que já deu um jeito na mulher lá.

-Eu não tô tão bolada assim, só tô tristinha por ele porque né, situação que chateia, mas... Sabe quando já aconteceu tanta coisa contigo que qualquer coisa que vier não chega no nível de desgraça? Pois é.

-Quer relaxar essa tarde?

-Só se eu não me amasse. - adiar treino? Tá maluco?

-Então tá, vamos logo almoçar e voltar. - me ajudou a levantar como um verdadeiro príncipe faria. Fernando era, definitivamente, uma das melhores pessoas que tinha conhecido na vida.

...

Tínhamos passado o resto do dia inteiro treinando, eram sete horas da noite e meu corpo estava mais bambo que o de um bêbado. Meus sentidos, todos eles, não estavam em seu melhor estado.

Tomei o melhor banho da minha vida, lavei até o cabelo, e coloquei pijamas. A música do "Halellujah" tocava no fundo do cérebro.

-Lia - ouvi alguém dizer atrás de mim, mas nem se fosse o papa iria me virar, só fiz parar mesmo, quem quer que seja que venha até mim. - Lia.

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