Capítulo 40: Será que vendem paciência no Mercado Livre?

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Capítulo 40...Será que vendem paciência no Mercado Livre?

P.O.V. - Bruno

No dia da treta...

Tobias estava parado em minha frente com sua costumeira expressão rígida, parecia que ia brigar comigo mesmo depois de anos sem nos vermos. Não tinha tempo pra perder com ele, segui meu caminho sem dizer uma palavra.

-Vamos conversar, filho. - disse quando passei ao seu lado.

-Pra quê? Você é algum tipo de distração? - sorri sarcástico, não me surpreenderia se ele virasse um fantoche de Katherine, passou para o lado dela tão facilmente, afinal - Era só o que me faltava...

-Lia só foi para lá conversar, assim como eu estou aqui para fazer isso com você. - se virou para mim e, pelo seu olhar, infelizmente, pude ver que estava sendo sincero. Conhecia ele demais para ter dúvidas disso - Acha que, se Katherine fosse sequestrar alguém, deixaria tantas pistas e brechas? Eu acho que não.

-Por que deveria te ouvir? Da última vez que pensei que poderia confiar em você passei meses vivendo num inferno.

-Não estou pedindo que confie em mim, estou pedindo para me ouvir. Se qualquer coisa acontecer para Lia, eu mesmo falo com a polícia.

-Como se fosse fazer alguma diferença...

-Faz, Bruno. - seu tom de voz transparecia um pouco de raiva. Era por isso que não queria ter mais vínculo com ele, tudo tinha que ser do seu jeito, na hora e no momento certo, nunca se importando com o que ninguém mais sentia ou queria.

-Dane-se, eu não vou fazer parte dessa palhaçada. - dei as costas e entrei no carro. O que ele queria falar? "Desculpa"? Pois não precisa, tinha coisas mais importantes pra me preocupar do que... - O que está fazendo? - ele entrou no carro, sentando no banco do carona.

-Não importa quantas vezes você precise ser adulado, eu vou falar o que preciso.

Suspirei pesadamente. Por que tudo isso estava acontecendo justamente hoje, quando precisava fazer milhões de coisas? O lado esquerdo da cabeça, atrás do olho, latejava de estresse.

-O que você quer? - tirei minhas mãos do volante, não daria em nada dirigir loucamente e tentar focar no que Tobias diria, seja lá qual droga fosse. Da última vez que tentamos ter uma conversa séria, durou menos de cinco minutos e resultou vocês sabem em quê.

Além disso, o respeito que tive um dia por sua imagem paterna já tinha se dissipado há muito tempo.

-Sua mãe e eu conversamos...

-Ah, agora está explicado... Está aqui por causa dela, não é?

-Em parte, sim. Mas fazia tempo que..

-Fala como se fosse possível vir algo bom de você para mim. - houve um silêncio, ele não sabia responder, mas isso não me deixou totalmente feliz. Queria fazê-lo sofrer mas não do meu lado.

-Não te impedi de sair de casa naquele dia porque sabia que ficaria melhor fora dela. E estava certo.

-Certo? Eu tive que trabalhar que nem um desgraçado pra conseguir o básico por meses! Tudo que consegui foi por talento e sorte, então não venha dizer que você sempre soube que isso ia acontecer e que está certo com alguma coisa.

-Eu sabia que tinha talento, e sabia que ia conseguir se achar. Nós nunca nos demos bem, mesmo antes de você criar consciência. Odiava quando o segurava quando era bebê, sabia?

-Por que está falando disso? - percebi que tinha passado quatro minutos com o relógio do carro - Está querendo enrolar?

-Não, Bruno, nem tudo conspira contra você nesse mundo. Eu estou, pela primeira vez, tentando ser sincero.

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