Capítulo 14 - André e Samantha

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“Que o amor, de olhos vendados, encontre o caminho para a sua vontade” - William Shakespeare

André:

Não dá mais pra aguentar tudo isso. Dessa vez Júlia passou completamente de todos os limites. Se já estava complicado lidar com o que está acontecendo quando tudo só estava mantido entre nós, nem consigo imaginar o inferno que esse lugar vai se tornar depois desse escândalo que ela fez e com essa ideia de terminar com Rodrigo que está fazendo questão de falar pra qualquer um ouvir. Eu deveria estar feliz se era isso que queria o tempo todo, ver o circo pegar foco, mas felicidade tá longe de ser o que se passa em mim agora. Frustração e raiva estão muito mais próximos da realidade atual.

No momento em que tiro Júlia daquela praia e a levo para casa sinto uma irritante expressão vitoriosa em seu rosto até vermelho pela briga que teve com Samantha e ao chegarmos em seu quarto tento evitar qualquer tipo de conversa e apenas deixá-la lá, mas assim que senta na cama, segura meu braço com malícia.

- Pronto. Tá entregue. -  corto com frieza - Vou chamar suas amigas porque você tá precisando é de um banho gelado. 

- Gelado tá você. - fica ressentida - Por que está bravo comigo?

Se eu fosse começar a falar tudo que estou pensando no momento, em todos os motivos pelo qual meu encanto por ela está indo embora cada vez mais, ela não ia gostar nada de ouvir. Além do mais, não é hora pra isso. Nem sei se alguma hora vai ser... Já tá complicado saber se vai valer a pena entrar nesse tipo de assunto. 

- Me recuso a falar com você nesse estado.

Minha tentativa de sair daquele quarto antes que o palhaço do noivo chegue e cause ainda mais tumulto é cortada novamente por Júlia que dessa vez também se levanta. 

- Antes você não recusava... - sua voz é a única que consegue conter diversão e perversidade quando ecoa naquele quarto. 

- Já chega, Júlia. - mais uma vez a direciono até a cama - Tô cansado de falar o quanto você está sendo radícula. Agora é com você... pra mim chega.

- Eu vou terminar tudo com Rodrigo. 

Não, não vai. Vai acordar amanhã com uma tremenda ressaca querendo bancar novamente a inocente, além de se recusar a lembrar de qualquer coisa que possa ter acontecido. É sempre a mesma história. 

- Tente, pelo menos, fazer isso quando tiver sóbria. - dou o aviso.

- Você virou amiguinho daquela Samantha agora? - dessa vez, ao se levantar teimosamente mais uma vez, sua voz parece mudar e decide bancar a zangada. - Porque a garota me bateu e você não fez nada. Não vai me dizer que tá interessado nela... 

- Chega de conversa por hoje. Você está sem condições nenhuma...

- Você sabe o que vai acontecer, não sabe? Ela vai ser sua mais nova conquista e desafio, mas quando você conseguir o que quer não vai ter mais graça e vai voltar correndo pra mim. É o que você sempre faz.

Por um momento desejo que esteja certa. Por mais confusa que minha relação com Júlia possa ser, mais saudável do que qualquer tracinho de interesse que eu possa ter por Samantha, com certeza é. Pena que quanto mais eu lido e convivo com a morena sem noção, mais eu desejo ficar perto dela e mais distante me sinto da mulher aqui na minha frente. O que é uma verdadeira paranóia dessa cabeça sob pressão. Daria tudo pra saber o que essa mulher fez comigo. O que ela está fazendo, um dia após o outro... 

- Que tal começar a cuidar da sua vida? - Por uma última vez a coloco na cama, agora com muito mais sobriedade - Deixa Samantha fora disso... E não é um pedido, Júlia. 

Não estava nos planos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora