O Encanto da Sereia (Completo)

Vinte e um - O que aconteceu depois

Alguns meses se passam depois da tragédia. Vera foi cremada e suas cinzas foram jogadas no mar. Carolina e eu estamos sentadas em meu café preferido, observando a bela Torre Eiffel. Nunca mais vi Stevan, desde a morte de Vera, e Estela está afogada em seu próprio desespero. Carolina se casou novamente com o rei Clark, Rebecca se casou com um cientista e chamou Jéssabele e seu novo marido para morar com eles. Jonas agora está morando com minhas tias e os maridos delas, mas uma vez por semana ele vai a Andrews comigo. Meu avô voltou para o mar, agora ele que governa aquelas águas. John está lá com ele, aguardando minha resposta.

_Então, você já se decidiu? – Carolina pergunta para mim, com a xicara de chá em mãos.

Suspiro, e largo meu chá na mesa, olhando para ela.

_Sim.

Depois que tudo acabou, Carolina me contou que eu não poderia ter duas partes. Ou eu era sereia, ou humana. Quando se escolhe ser humana, as memórias do mar são apagadas. Essa é uma das regras do mar.

_E o que você decidiu?

_Ficarei na Terra.

_Então precisamos chamar Foyer para decretar sua escolha.

_Mas antes, quero visitar uma amiga minha.

_E o que você quer fazer lá?

_Quero ter alguma maneira de me lembrar da minha história. Essa minha amiga é uma escritora, e nós combinamos que minha história viraria um livro.

Ela concorda com a cabeça e saímos do café.

No final do dia, minha história já estava guardada a sete chaves em um arquivo de computador. Eu estava aproveitando ao máximo meu ultimo dia no mar. Depois desta noite, adeus oceano.

Nadei pelos corais e passei quase o dia todo no castelo. Estava anoitecendo, então eu teria que me despedir de John e dizer adeus a minha calda.

Quando estou quase saindo, vejo John descendo as escadas e vindo ao meu encontro.

_Então. – Ele diz, lentamente, de frente para mim. – Você vai embora não é?

_Sim. Foi a minha escolha. E – Olho para o relógio na parede. – Preciso ir agora.

_Então é um adeus né?

_Sim. Mas você ainda tem pernas escondidas em algum lugar. Poderia ir me visitar, não acha?

_Mas é claro que vou. – Ele grita, animado.

Eu me levanto e dou um beijo em uma de suas bochechas.

_Então nos encontramos lá.

Ele concorda com a cabeça, e me da um abraço. Olho nos olhos dele e dou o ultimo sorriso. Me viro e sigo para a superfície.

_Espero que se lembre de mim. – Ele grita.

_Jamais vou me esquecer de você. – Grito de volta, ainda de costas.

Vou para casa e descanso minha cabeça nos travesseiros. Minhas lembranças vão se esvair essa noite, e amanhã serei só mais uma simples humana. Mas pelo menos terei aquele livro, afinal. E todos saberão que uma simples menina, que descobriu não ser tão simples assim, já salvou um reino de sua completa destruição. E eu também saberei.