Capítulo 11 - A Promessa

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 Rosa poderia jurar que o tempo havia parado no recinto, todos aguardavam que os novos convidados falassem alguma coisa para quebrar o silêncio repentino que havia se abatido no lugar. A tensão atrás dela foi o que pôs em alerta seus sentidos.

 De forma defensiva, Enidy e Enrry se postaram lado a lado de Rosa — a cabeça atona tentando processar com mais clareza a ordem dos acontecimentos —, como se tudo ali dependesse de uma guerra que não demorariam a travar.

 Ela olhou para o lado e percebeu que a reação do aniversariante em relação aos que acabavam de entrar era de ameaça, o medo nos olhares vizinhos penetravam através dela e fitavam-no receosos.

 — Olá Erol, meus sinceros desejos de feliz aniversário! Disse o homem alto e loiro, o queixo quadrado projetando-se a frente com os belíssimos dentes amostra, ele apressou-se em sua direção, completamente calmo e afetuoso.

 — Obrigado, fico muito honrado com vossa presença. Mentiu ao cumprimentá-lo com o sorriso mais falso que Rosa já o vira fazer, mascarando o rosto de puro ódio.

 — Felicidades meu querido. A moça tão bela quando o homem veio se juntar ao quinteto toda sorridente.

 Os olhos azuis felinos e abrasadores pousaram-se sobre Rosa por um momento duradouro, Rosa sentiu o rosto arder.

 — Rosa, eu gostaria de lhe apresentar Elliot, um velho amigo de família e sua irmã Ellain. Disse Erol mentindo com tamanha elegância, o maxilar trincando sutilmente.

 O homem chamado Elliot sorriu ao se aproximar dela, seus olhos verdes eram idênticos e penetrantes como os de Erol, possuía a mesma beleza divina e o charme dos anjos, mas sua aproximação lhe deixou desconcertada o bastante para que ela desconfiasse de alguma coisa.

 Ele se inclinou e beijou-a na mão delicadamente — o hálito quente roçando-lhe a pele —, o que a eletrizou por completo. Rosa soube naquele exato momento do que se tratava o velho "amigo de família", ele era um deles. Nem precisou pensar duas vezes o mesmo sobre outra mulher, Ellain.

 A mulher sorriu com desdém e seu olhar fumegou sobre ela novamente, o verde profundo de seus olhos era ao mesmo tempo temeroso e macabro.

 Ellain não era muito diferente do irmão, loira e de beleza assustadoramente sobrenatural. Rosa supos que ao ser criada nesse mundo, ela foi chorada pelas divindades das perfeições de forma exagerada.

 Rosa retribuiu o sorriso descarado de Ellain e voltou seu olhar chocado para a repentina expressão de puro ódio no rosto trêmulo de Erol — os olhos assumindo um tom avermelhado de fúria —, pensando que jamais presenciaria uma reação como aquela vinda dele um dia. Erol Evons não estava mais em si, qualquer deslize em falso e ele poderia literalmente matar alguém.

 A fúria nele era tamanha que Enidy chegou a chamar sua atenção para que se acalmasse. Acatando a repreensão da amiga, ele respirou fundo e remexeu inquieto os pés — lutando para se recompor —, os dentes permanecendo trincados ao ponto de seu queixo ficar vermelho. Não queria se descontrolar em meio a tanta gente, nem chamar atenção de ninguém ao seu redor, perder a cabeça agora só resultaria  na morte de alguém inocente.

 Arriscando-se por um momento, Rosa segurou lhe a mão direita e a apertou. O olhar dele se abaixou para observar quem o havia segurado, ousando assim atrapalhá-lo na concentração e ao seguir os dedos delicados, vislumbrou o medo no rosto de Rosa, mas o medo que ela sentia não era dele e sim de vê-lo se machucar, ela não queria que isso acontecesse.

 Acalmando-se instantaneamente sobre o sigilo daquele olhar, a raiva esvaiu-se dele como uma flor murchando. Ele soltou as travas na boca e relaxou os músculos do ombro e da mão que antes estavam cerrados sobre a dela, seu olhar agora era de repulsa e arrependimento pelo o que ela acabara de presenciar.

Anjo SedutorOnde histórias criam vida. Descubra agora