Capítulo 13 - Caçando

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 As colinas forradas de neve amanheceram claras e agitadas, as árvores chacoalhavam seus troncos pelados e quebradiços no balanço do vento, tão serenas que seria até prazeroso de se ouvir sentado numa varanda ao relaxar em uma cadeira de balanço.

 Os animais mais habilidosos como ratazanas e aves com olhos mais aguçados se aventurariam naquela manhã fria pelos campos de neve para caçar, movimentando-se a todo vapor de um lado para o outro em busca de alguns resquícios de comida.

 Já os coelhos, pardais, esquilos, codornas e pequenas rolas, permaneceriam escondidos em suas tocas rasteiras e fáceis de serem detectadas. Alguns arriscando colher as sementes que se acumularam ao redor de suas casas, sem suspeitarem da aproximação de seus possíveis predadores.

 Os mais avantajados eram deixados para lobos, coiotes e raposas, como castores e cervos e se esses mesmos dessem bastante sorte ou estivessem caçando em bando, possivelmente se alimentariam de grandes alces campestres com dez vezes o seu tamanho e força.

 Erol observava atentamente do alto de um pinheiro todo aquele fervor que se espalhava pelas espécimes enquanto Enrry permanecia sorridente ao seu lado farejando o mundo repleto de vida que os cercava. Ambos se seguravam apenas por um dos braços no caule da árvore, as roupas leves esvoaçando ao vento.

 "Me sinto um idiota aqui em cima..."

  — Eu ouvi isso garoto. Disse Enrry sorrindo ao seu lado ainda olhando para as aves no céu.

  — Que droga! Será que vocês sempre tem que estar ouvindo tudo o que eu penso? Perguntou ele irritado quebrando um galho próximo.

  — Meu irmão... E você quem tem que aprender a controlar sua mente agora. Nós não estamos ti ouvindo, você e quem esta nos contando. Não se esqueça, a partir de agora quem impõe limites na sua cabeça e você. Enrry não desviou o olhar, queria saber o que a águia de rapina tanto caçava mais adiante.

Tudo bem, Erol podia passar por aquilo tranquilamente, agora que era mais forte.

  — Francamente... Sua cabeça anda me atormentando muito ultimamente, acho bom aprender a fechá-la o mais rápido possível, até parece que você e um bicho agressivo sem controle algum. Às vezes chego a achar que estou ajudando um irresponsável, o que sei que você não o é. Enrry agora olhava para ele com o maior dos sorrisos e Erol não pode deixar de sorrir.

  — Não gosto de passar essa imagem. Se você veio me ensinar, então estarei aqui para aprender sem questioná-lo. Disse ele suspirando.

 — Muito bem, agora que você aceita os meus termos, então podemos começar.  Sua velocidade triplicou e você não vai querer ultrapassar sua presa e dar a volta ao mundo para se gabar de sua rapidez, não se tem vantagem alguma em ser mais rápido quando se e impulsivo. Demonstre um pouco de compaixão e respeito pela presa que será abatida, não e por que você se tornou superior a ela que deva sair por ai provando tudo isso.

 — Certo. Disse Erol pensando no pobre alce que pastava lá embaixo sem notar sua presença.

 — Sua visão, força, olfato, audição e paladar também estão melhorados, assim como sua mente e seus poderes. Continue trabalhando-os da mesma forma como vem fazendo durante todos esses anos desde a sua infância, só que com a atenção redobrada. Aconselho a não estraçalhar ou quebrar os ossos com um abraço, você não e um animal e é isso que queremos que a coisa dentro de nós continue acreditando.

  — Não irei permitir isso. Disse ele redobrando as forças que seu estomago feroz fazia ao arranhar as paredes do seu corpo.

  — E não seja um 'cabeça dura' também. Mente ruim, produz um corpo ruim. Enrry disse lhe dando um tapa na cabeça e Erol relaxou os ombros, não percebia o quanto ficava tenso ao pensar em sua fera interior.

Anjo SedutorOnde histórias criam vida. Descubra agora